Comentários referentes ao período entre 28/06/2013 a 04/07/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Os relatórios de plantio e de estoques trimestrais, divulgados no último dia 28/06, pouco mudaram o quadro no mercado da soja. A posição julho continuou subindo, pela falta de disponibilidade de produto nos EUA, oriundos da safra velha, enquanto o aumento na área semeada e as boas condições climáticas naquele país reduziram as posições futuras. Assim, o fechamento desta quarta-feira (03/07), já que não houve negócios no dia 04/07 por ser feriado nacional nos EUA (Independance Day), ficou em US$ 15,83/bushel (a mais alta cotação nos últimos meses), enquanto o mês de novembro/13 fechou em US$ 12,50/bushel. A diferença entre uma posição e outra aumentou para US$ 3,33/bushel o que mostra o enorme potencial de queda existente em Chicago no momento. A média de junho, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 15,24/bushel, enquanto novembro fechou na média de US$ 12,97/bushel, uma diferença entre as posições de US$ 2,27/bushel. Ou seja, a distância entre a posição presente e a posição futura aumentou consideravelmente após o anúncio dos relatórios.
Na prática, o relatório de plantio indicou um aumento na área semeada com soja nos EUA, com a mesma atingindo agora 31,44 milhões de hectares, ganhando 1% sobre o ano passado. O mercado esperava um pouco mais, porém, nada que pudesse mudar a tendência baixista para o futuro. A nova área é superior em aproximadamente 243.000 hectares àquilo que foi indicado na intenção de plantio, no final de março passado. A presente área seria um recorde histórico para aquele país.
Já os estoques trimestrais de soja em grão nos EUA, na posição 1º de junho de 2013, somaram 11,84 milhões de toneladas, com um recuo de 35% sobre o que havia na mesma data de 2012. O mercado esperava um volume um pouco maior, ao redor de 11,97 milhões de toneladas. Essa situação está pressionando, há alguns meses, as primeiras posições em Chicago, especialmente o mês de julho como vimos acima.
Já para o momento da nova colheita (outubro/novembro próximos) o quadro muda radicalmente. Em 30/06 os produtores estadunidenses haviam semeado 96% da área total esperada, contra 98% na média histórica para essa data. As condições das lavouras são muito boas, com 67% entre excelentes e boas, 26% regulares e apenas 7% em condições entre ruins a muito ruins. Na semana anterior 65% estavam em condições boas a excelentes.
Nesse contexto, o analista privado Informa Economics projeta agora uma safra final nos EUA, em clima normal, 91,88 milhões de toneladas, porém, não se pode descartar a possibilidade de a mesma atingir a 93 milhões de toneladas. O próximo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 11/07, deverá definir esse volume. Em qualquer um dos casos haverá recomposição dos estoques finais de soja naquele país, fato que o mercado já vem precificando há algum tempo, haja vista a diferença para menos nas cotações futuras, como frisamos acima.
Por outro lado, as inspeções de exportação dos EUA, na semana encerrada em 27/06, chegaram a 12.295 toneladas apenas, acumulando, no ano comercial iniciado em 1º de setembro, um total de 35 milhões de toneladas, contra 33,1 milhões em igual momento do ano anterior.
Quanto aos prêmios nos portos brasileiros, para o mês de julho, a boa notícia é de que os mesmos vieram para o terreno positivo, ficando entre 10 e 30 centavos de dólar por bushel. Já em Rosário (Argentina) os mesmos oscilaram entre 0 e 28 centavos e nos EUA (Golfo do México) entre 64 e 75 centavos de dólar.
No mercado interno brasileiro, diante de preços altos em Chicago, no curto prazo, e da manutenção de um câmbio ao redor de R$ 2,25 por dólar, os preços se mantiveram firmes. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 63,35/saco, enquanto os lotes fecharam na casa de R$ 70,00/saco em média. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 56,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 67,00/saco em Pato Branco (PR).
Os preços futuros, enquanto isso, também se mantiveram excelentes. No Paraná, para março/14, o valor de compra no porto de Paranaguá ficou em US$ 26,70/saco (R$ 60,00/saco ao câmbio de hoje). No Rio Grande do Sul, o FOB interior, para maio/14 ficou em R$ 61,00/saco (a distância em relação ao disponível atual se manteve perto de R$ 10,00/saco dependendo da região). No Mato Grosso, a região de Rondonópolis cotou o saco a R$ 50,00 para fevereiro/março, enquanto no Mato Grosso do Sul o valor ficou em R$ 49,00 na região de Dourados. Em Goiás, para fevereiro, o produto ficou em US$ 22,80/saco (R$ 51,30 ao câmbio atual), enquanto a compra, para abril/14 se estabeleceu em R$ 52,00/saco. Em Minas Gerais , para março, o valor esteve a R$ 52,50/saco. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, os valores para maio/14, chegaram respectivamente a R$ 52,00; R$ 52,00; R$ 54,00; e R$ 53,00/saco. (cf. Safras & Mercado) Nas condições atuais de tendência em Chicago, salvo se o Real se desvalorizar ainda mais, os atuais preços futuros devem ser vistos pelos produtores como ótima oportunidade de negócio, pensando em média de comercialização da futura safra.
Em termos de mercado futuro na BMF/Bovespa o contrato agosto/13 fechou a semana em US$ 31,93/saco, enquanto novembro fechou US$ 27,92/saco.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.