Home » Publicações » Agronegócio » Análise do mercado de Milho – 08/Jul/2013

Análise do mercado de Milho – 08/Jul/2013

Comentários referentes ao período entre 28/06/2013 a 04/07/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²

As cotações em Chicago fecharam a quarta-feira (véspera do feriado nacional do Dia da Independência nos EUA) em pequena elevação, com o bushel ficando a US$ 6,78, contra a média de US$ 6,62 em junho e o valor de US$ 6,67 no fechamento da semana anterior. Todavia, assim como no caso da soja, a tendência futura é de forte baixa, com o mês de dezembro/13 rompendo o piso dos US$ 5,00/bushel. Isso ficou ainda mais cristalizado pelos números dos relatórios de plantio e de estoques trimestrais, anunciados no último dia 28/06.

No caso do plantio, o relatório indicou uma área de 39,4 milhões de hectares, ficando a mesma quase idêntica à intenção de plantio. Portanto, a transferência de área para a soja não parece ter sido tão expressiva. Na prática, foi a área de algodão que recuou de 17%. Além disso, os estoques trimestrais na posição 1º de junho vieram altos, com um volume de 70,1 milhões de toneladas. Soma-se a isso o fato do analista privado Informa Economics apontar para uma safra final nos EUA de 362 milhões de toneladas, ficando a mesma acima do apontado pelo USDA em junho (novo relatório em 11/07) e confirmando ser um recorde histórico. Diante disso, em clima normal, o final de ano em Chicago poderá ser até mesmo abaixo dos US$ 4,00/bushel. Segundo Safras & Mercado, em todos os anos em que os estoques finais ficaram acima de 40 milhões de toneladas Chicago operou nesses níveis.

Quanto às condições das lavouras de milho nos EUA, até o dia 28/06 as mesmas indicavam 67% entre boas a excelentes, subindo dois pontos percentuais em relação a semana anterior. Além disso, lembramos que em 2012, nesta época, apenas 48% das lavouras estavam nessas condições. (cf. Safras & Mercado) Nesse contexto, a produtividade média estadunidense, na atual safra, poderá superar os 10.000 quilos/hectare.

Mas no curto prazo, a menor disponibilidade do cereal e a elevação dos preços do petróleo, que ultrapassaram os US$ 100,00/barril durante a semana, deram um pouco de sustentação às primeiras posições cotadas em Chicago. Somou para isso a exportação de 336.000 toneladas na semana anterior, volume que ficou dentro do esperado pelo mercado.

Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB recuou para US$ 245,00 e US$ 135,00 respectivamente.

Já no mercado brasileiro, o preço de balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 23,81/saco, ou seja, praticamente sem evolução. Nos lotes, o produto ficou entre R$ 27,00 e R$ 27,50/saco nas diferentes praças gaúchas. Nas demais localidades brasileiras, os lotes oscilaram entre R$ 9,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,50/saco em Videira e Concórdia (SC). A tendência continua sendo de preços menores nos próximos meses, a julgar pelo fato de que a safrinha agora já está estimada em 46 milhões de toneladas e não há contratos de exportação fixados após setembro.

Somam-se a isso os prêmios negativos nos portos brasileiros, em alguns casos em até 50 centavos de dólar por bushel de milho.

Para piorar o quadro, há greve de caminhoneiros no país e uma greve geral nos portos prevista para os dias 10 e 11/07. Isso deverá atrasar ainda mais o embarque dos navios, o qual já está em 70 dias. Enfim, o clima está positivo para o desenvolvimento da colheita da safrinha brasileira, fato que deverá colocar, daqui em diante, cada vez mais milho no mercado.

A semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 49,86/saco para o produto dos EUA e R$ 40,99/saco para o produto argentino, ambos para julho. Já para agosto, o produto argentino ficou em R$ 39,60/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, fechou a semana com julho atingindo a R$ 27,68/saco; agosto R$ 25,23; setembro R$ 25,09; outubro R$ 24,02; novembro R$ 23,86; dezembro R$ 23,50; janeiro/14 R$ 25,15 e fevereiro R$ 23,92/saco. Apenas a título de comparação, no início de fevereiro passado o mês de julho/13 estava cotado, na exportação, em R$ 29,91/saco.

¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.