As cotações da soja em Chicago viveram momentos de alta, que não eram vistos há um mês. Os motivos principais foram: o clima chuvoso nos EUA, atrasando a colheita; a falta de chuvas no Centro-Oeste brasileiro, impedindo o plantio da nova safra de verão; e os números do relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 10/10, considerados ainda abaixo do que espera o mercado.
Esse movimento altista não chegou a perder força até o encerramento deste comentário, dia 16/10, quando o primeiro mês cotado fechou a US$ 9,66/bushel. Todavia, com a melhoria do clima nos EUA, e a projeção de clima seco para a próxima semana, as cotações tendem a recuar novamente na segunda quinzena de outubro. O fechamento para maio/15 ficou em US$ 9,90/bushel.
Assim, tirando os momentos altistas de curtíssimo prazo, em função basicamente de questões climáticas, os fundamentos do mercado continuam baixistas. Porém, a resistência de Chicago em US$ 9,00/bushel permanece, impedindo quedas maiores.
Nesse contexto, o relatório do USDA do dia 10/10 indicou o seguinte:
1)A safra dos EUA estimada em 106,9 milhões de toneladas e estoques finais para 2014/15 em 12,2 milhões de toneladas;
2)Confirmação de que a safra passada dos EUA (2013/14) foi de 91,4 milhões de toneladas e os estoques finais ficaram em apenas 2,5 milhões de toneladas;
3)O patamar médio de preços aos produtores estadunidenses, para o ano 2014/15, foi mantido entre US$ 9,00 e US$ 11,00/bushel;
4)A safra mundial de soja foi mantida em 311,2 milhões de toneladas e os estoques finais mundiais em 90,7 milhões (no ano anterior a safra foi de 285 milhões de toneladas e os estoques finais de 66,5 milhões);
5)A produção do Brasil e da Argentina foi projetada em 94 milhões e 55 milhões de toneladas respectivamente;
6)As importações da China, para a soja em grão, foram mantidas em 74 milhões de toneladas para 2014/15, contra 69 milhões no ano anterior.
A área colhida em soja nos EUA chegava a 40% do total no dia 12/10, contra 53% na média histórica. Por sua vez, as condições das lavouras restantes se mantêm em 73% entre boas a excelentes e apenas 6% entre ruins a muito ruins, confirmando que o clima não está, por enquanto, prejudicando as mesmas.
Por outro lado, a demanda continua firme pela soja dos EUA, com as inspeções de exportação alcançando 1,43 milhão de toneladas na semana encerrada em 09/10. No acumulado do ano 2014/15, iniciado em 01 de setembro, o volume alcança 3,92 milhões de toneladas, contra 3,11 milhões em igual momento do ano anterior.
Para temperar esse lado positivo, o esmagamento estadunidense está baixo. Segundo a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA), o mesmo atingiu a 2,72 milhões de toneladas em setembro, contra 3,01 milhões em agosto.
Pelo lado da demanda, a produção de soja na China está mantida em 12 milhões de toneladas para 2014/15, ou seja, um recuo de 1,6% sobre o ano anterior. A produção total de oleaginosas neste novo ano deverá atingir a 56,8 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado)
Quanto aos prêmios nos portos, para outubro os mesmos começaram a baixar. No Brasil, a variação ficou entre US$ 1,30 e US$ 3,30/bushel. No Golfo do México (EUA), entre US$ 1,15 e US$ 1,30/bushel. Na Argentina (Rosário) os valores ficaram entre US$ 1,50 e US$ 2,30/bushel.
No mercado interno brasileiro, o dólar voltou a ultrapassar os R$ 2,40, chegando mesmo a US$ 2,45 em alguns momentos da semana. Com isso, os preços da soja melhoraram um pouco, porém, o viés continua sendo de baixa para os meses futuros caso a produção sul-americana venha normal. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 53,00/saco, enquanto os lotes fecharam a semana entre R$ 59,50 e R$ 60,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes giraram entre R$ 52,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 60,50/saco no norte do Paraná.
Quanto aos preços futuros, os mesmos ficaram na seguinte ordem, segundo Safras & Mercado: R$ 55,00/saco no FOB interior gaúcho para maio; R$ 58,00/saco no FOB porto de Paranaguá (PR), para março/abril; US$ 19,00 (R$ 46,55/saco) em Rondonópolis (MT) para fevereiro; R$ 45,00/saco em Dourados (MS) para março; R$ US$ 19,00 (R$ 46,55/saco) em Rio Verde (GO); R$ 47,00/saco na região de Brasília para abril; US$ 19,00 (R$ 46,55/saco) em Uberlândia (MG), para abril; US$ 19,40 (R$ 47,53/saco) em Barreiras (BA), para maio; igualmente para maio próximo R$ 45,50/saco em Balsas (MA); R$ 47,70/saco em Uruçuí (PI); e R$ 43,70/saco em Pedro Afonso (TO).
Enfim, o contrato para novembro/14 na BM&F/Bovespa fechou a semana em US$ 23,83/saco e para maio/15 em US$ 21,70/saco.
Fonte: CEEMA