Comentários referentes ao período entre 11/10/2013 a 17/10/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²
Guilherme Gadonski de Lima ³
As cotações da soja em Chicago se mantiveram estáveis durante a semana, porém, com uma tendência de alta na medida em que o fechamento da quinta-feira (17) chegou a US$ 12,93/bushel para o primeiro mês cotado, apontando a possibilidade de romper novamente o teto dos US$ 13,00. Para maio, o fechamento do dia 17/10 ficou em US$ 12,57/bushel, contra US$ 12,55 uma semana antes.
A relativa sustentação nas cotações mais próximas se deveu a boa demanda pela soja dos EUA, com os produtores locais buscando segurar a soja visando um aumento futuro de preços, pelo menos no curto prazo. Ao mesmo tempo, o impasse entre o Congresso e o Executivo dos EUA, só resolvido temporariamente na noite de 16 para 17 de outubro deixou a semana sem estatísticas oficiais, elevando o nível de especulação em Chicago. E a especulação, desde julho, vem buscando elementos altistas para tentar puxar para cima os preços em função de estar muito comprada em Chicago. Soma-se a isso o receio de geadas até o final de outubro na parte norte da região produtora estadunidense, embora isso, na prática, não causar problemas a milho e soja já em fase de colheita. Vale ainda destacar de que rumores de compras chinesas ajudaram a elevar um pouco Chicago, além do tradicional ajuste técnico depois de baixas sucessivas. No final da semana, o acerto temporário entre Congresso e Executivo estadunidense aliviou o mercado e colaborou para novas altas.
Tal situação abafou, em parte, as notícias baixistas como: 1) a colheita continuou avançando no Meio Oeste dos EUA, com informações de que a produtividade média vem sendo maior do que a projetada, o que confirma nossos alertas a respeito do verdadeiro clima nos EUA; 2) especula-se que 50% da área de soja já teria sido colhida nos EUA; 3) as cotações da soja recuaram, desde julho, aproximadamente 20% em Chicago, puxadas igualmente pelo forte recuo do milho (menor cotação nos últimos 37 meses), fato que confirma nossos alertas de meses.
Pelo lado privado, a Associação das Indústrias Processadoras de Óleos Vegetais dos EUA (NOPA) divulgou que o esmagamento de setembro atingiu a 2,96 milhões de toneladas, contra 3,0 milhões em agosto.
Quanto a China, suas importações de soja em setembro teriam alcançado 4,7 milhões de toneladas, acumulando no ano um total de 45,75 milhões de toneladas ou 3,3% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, na Argentina a área plantada com soja deverá chegar a 20,2 milhões de hectares, se tornando um recorde histórico. Isso, por baixo, permitiria, em clima normal, uma colheita total entre 55 e 59 milhões de toneladas com a oleaginosa. Lembramos que o USDA, em seu relatório de oferta e demanda de setembro (o de outubro não saiu) apontou apenas 53,5 milhões de toneladas.
A semana terminou com o prêmio para fevereiro, nos portos brasileiros, variando entre 35 e 68 centavos de dólar por bushel. Para maio, Paranaguá aponta apenas 4 a 9 centavos. Em Rosário (Argentina) os mesmos oscilaram entre 30 e 58 centavos, também para fevereiro. Nos EUA ainda não havia divulgação oficial do prêmio.
Nesse contexto, o mercado brasileiro se manteve firme, pressionado naturalmente pela entressafra, mesmo com um câmbio recuando para R$ 2,15 no final da semana. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 65,52/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 74,00 e R$ 74,50/saco. Nas demais praças, os lotes ficaram entre R$ 61,00 em Sapezal (MT) e R$ 73,50/saco em Cascavel (PR).
Em condições normais de final de colheita nos EUA e de safra futura na América do Sul, tais preços não se sustentam para os próximos meses, especialmente na colheita brasileira (salvo algum acontecimento econômico internacional relevante). Pelos dados de hoje, o preço de balcão gaúcho, para abril/maio, continua indicando como tendência de valores entre R$ 48,50 e R$ 51,50/saco. Ou seja, entre R$ 17,02 e R$ 14,02/saco a menos do que a média estadual do momento.
Nesse sentido, vale indicar que o plantio da soja no Brasil, até o dia 11/10, alcançava 7% da área projetada, contra 9% na média histórica. O Paraná havia semeado 20% de sua área; o Mato Grosso 8%; Mato Grosso do Sul 10%; Goiás 2% e São Paulo 1%. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, voltamos a destacar que os preços futuros no Brasil permanecem muito bons, embora mais fracos, e igualmente indicando recuo nos valores futuros. Para maio/14 o interior gaúcho estava pagando R$ 60,50/saco FOB, representando R$ 14,00 a menos do que o preço no disponível. No Paraná, o porto de Paranaguá cota o disponível a R$ 74,00/saco enquanto para março/14 o valor do saco, ao câmbio atual, cai para R$ 58,91. No Mato Grosso, o saco de soja no disponível em Rondonópolis está em R$ 65,00 enquanto para março próximo fica em R$ 46,22 (quase 20 reais a menos). No Mato Grosso do Sul, a relação na região de Dourados é de R$ 68,00 hoje para R$ 51,00 em março. Em Goiás, região de Rio Verde, R$ 68,00/saco hoje e R$ 47,30 em fevereiro. Na região de Brasília, R$ 67,50 para R$ 52,00/saco. Em Minas Gerais, Uberlândia cota a R$ 68,00 hoje, contra R$ 52,00 em abril. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins (entre parênteses o valor para maio/14) a relação ficou, neste final de semana, em R$ 65,00 (R$ 49,45); R$ 59,00 (R$ 50,60); R$ 61,00 (R$ 53,50); e R$ 58,00 (R$ 49,80) respectivamente. (cf. Safras & Mercado)
Por sua vez, na BMF o contrato novembro fechou a semana em US$ 33,80, o março a R$ 29,41, e o maio a US$ 27,39/saco.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.