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Análise do mercado de TRIGO – 28/10/2013

As cotações do trigo em Chicago fecharam a quinta-feira (24) em US$ 6,96/bushel, sendo que a semana registrou picos acima de US$ 7,00, o que não era visto desde o início de junho passado.

O mercado espera com ansiedade o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para 08/11.

O plantio do trigo de inverno nos EUA atingiu a 79% da área esperada no dia 20/10.

Na Argentina, 68% das lavouras estão em condições boas a muito boas, 23% regulares e 9% ruins. A estimativa argentina é de uma colheita entre 10 a 11 milhões de toneladas em função das geadas que atingiram algumas regiões produtoras daquele país.

Nesse contexto, os três países do Mercosul que fornecem trigo ao Brasil (Argentina, Paraguai e Uruguai) deverão produzir um total de 12,5 a 13,5 milhões de toneladas, já que igualmente o Paraguai registra quebra importante de safra. O saldo exportável destes países cai agora para apenas 4,5 milhões de toneladas (Safras & Mercado projeta 3,85 milhões) contra 5,15 milhões do ano anterior. Ou seja, de uma projeção inicial de 9 milhões de toneladas de saldo exportável pelo Mercosul, o mesmo recuou cerca de 50% devido às intempéries. A necessidade brasileira de importação girará entre 7 e 8 milhões de toneladas neste ano 2013/14.

Dito isso, os preços do trigo no Brasil se mantiveram firmes, porém, em patamares um pouco mais baixos na projeção futura. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 40,71/saco.

No Paraná, a tonelada do trigo superior permaneceu ao redor de R$ 900,00, já registrando um recuo de 8,2% sobre o mês anterior, porém, ainda 41% acima do registrado em igual período do ano passado. No Rio Grande do Sul, onde a colheita iniciou lentamente, a preocupação volta a ser os temporais, excesso de chuva e granizo em muitas regiões neste final de outubro. Tal clima pode causar perdas mais agudas em muitas lavouras. Por enquanto, os lotes continuam sendo negociados localmente a R$ 800,00/tonelada, porém, o mercado estima que, no momento do forte da colheita, em novembro, a tonelada recue para valores entre R$ 700,00 e R$ 750,00 (R$ 42,00 a R$ 45,00/saco) para o produto superior. Novas baixas irão depender do volume que finalmente o Rio Grande do Sul irá colher e de sua qualidade. Se o mercado ficar nos preços acima indicados a queda seria de 15% em relação ao mês passado, porém, ainda com ganhos de 25% sobre igual período do ano anterior.

Por outro lado, uma coisa é certa: o governo não irá interferir no mercado com venda de produto, pois não possui estoques neste ano. Pelo contrário, ele deverá comprar produto para repor em parte tais estoques. Resta saber a que preço ele encontrará trigo para tal finalidade.

É importante salientar que estudos recentes dão conta que a produtividade média do Rio Grande do Sul recuou de 2.700 quilos/hectares projetados em agosto, para hoje 2.632 quilos. Ou seja, a produção gaúcha já será efetivamente menor do que o inicialmente esperado.

Por fim, o que balizará mesmo o preço do trigo nacional será a paridade de importação a partir da colheita concluída no Brasil, embora muitos moinhos já não tenham mais acesso a cotas com isenção da TEC.

Hoje, no Mercosul, os preços de exportação, para embarque a partir de 15 de dezembro, atingem a US$ 345,00/tonelada no Up River, US$ 345,00/tonelada em Baia Blanca e US$ 340,00/tonelada em Necochea. Pelos valores atuais de câmbio e despesas logísticas, o produto argentino de Up River chegaria aos moinhos paulistanos por volta de US$ 425,00/tonelada e a paridade nas regiões do Paraná seria de R$ 811,00/tonelada e no Rio Grande do Sul de R$ 706,00/tonelada. A indicação de exportação de trigo brasileiro continua em US$ 310.00/tonelada FOB Rio Grande, o que corresponderia a cerca de R$ 605,00/tonelada (R$ 36,30/saco) nas regiões produtoras gaúchas. (cf. Safras & Mercado)

Em termos de produção final brasileira, com a performance ainda interessante da safra gaúcha, o número foi revisado para 4,8 milhões de toneladas. Em nosso entender, um tanto otimista se julgarmos o componente qualidade.

Fonte: CEEMA