Comentários referentes ao período entre 21/06/2013 a 27/06/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações do trigo em Chicago cederam na semana, fechando o dia 27/06 em US$ 6,63/bushel, após US$ 7,00 uma semana antes.
O mercado não espera grandes novidades quanto a área semeada com o cereal nos EUA, porém, há expectativas em relação aos estoques trimestrais na posição 1º de junho.
Enquanto isso, as vendas líquidas dos EUA, em trigo, na semana encerrada em 13/06, ficaram em 432.700 toneladas para o ano comercial 2013/14, iniciado em 1º de junho. O principal comprador foi as Filipinas com 120.600 toneladas. Já as inspeções de exportação atingiram, na semana encerrada em 20/06, um total de 401.628 toneladas. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de junho, o total alcança 1,54 milhão de toneladas, contra 1,72 milhão em igual período do ano anterior.
Por sua vez, o plantio do trigo de primavera nos EUA chegou a 96% da área em 23/06, estando um pouco atrasado em relação a média histórica, que é de 99% para esta época. As condições das lavouras semeadas indicavam 70% entre boas a excelentes, 25% regulares e 5% entre ruins a muito ruins. Quanto ao trigo de inverno, a colheita chegava a 20% contra 37% na média histórica. As lavouras de inverno apresentavam 32% entre boas a excelentes condições, 25% regulares e 43% entre ruins a muito ruins.
Ainda em termos internacionais, a Rússia teria encerrado seu plantio de primavera, atingindo 12,7 milhões de hectares em trigo, com um recuo de 315.100 hectares em relação ao ano passado. Os russos esperam compensar tal recuo com um aumento na produtividade média, desde que o clima auxilie.
No Mercosul, o panorama é o mesmo das semanas anteriores. Não há trigo disponível e os preços continuam nominais. A área argentina seria de 4 milhões de toneladas e a produção esperada é de 11 milhões de toneladas (o USDA projeta 13 milhões de toneladas). Assim, na compra o preço nominal atual, em Bahia Blanca, permanece em US$ 340,00/tonelada enquanto a safra futura está cotada entre US$ 270,00 e US$ 280,00/tonelada (dezembro/janeiro). No Uruguai a presente safra fica em US$ 330,00/tonelada enquanto no Paraguai a futura safra está em US$ 270,00/tonelada. A indicação, no porto, para a safra nova brasileira é de US$ 265,00/tonelada na compra (ao câmbio de hoje R$ 577,70/tonelada).
O plantio da nova safra de trigo continua no Brasil, atingindo a 81% no Paraná, que se mostra em atraso, e 55% no Rio Grande do Sul. As lavouras do Paraná se apresentavam em 88% ainda em boas condições. Nesta última semana de junho, além do plantio, novos leilões da Conab e o câmbio chamam a atenção do mercado. O excesso de umidade no sul do Brasil já está atrapalhando, não só a semeadura final, mas igualmente o melhor desenvolvimento da planta em algumas regiões.
Em termos de preço, diante da forte desvalorização do Real nestes últimos 40 dias (11,5%), o que encarece o produto importado, e a falta de oferta significativa interna e no Mercosul, o mercado assiste a uma disparada com o Paraná pagando entre R$ 880,00 e 900,00/tonelada e o Rio Grande do Sul R$ 780,00/tonelada, ambos para compra. Isso igualmente tem elevado os preços do produto disponibilizado pela Conab em seus leilões de venda, com o mercado indicando que o produto de melhor qualidade possa sair por até R$ 900,00/tonelada no leilão desta quinta-feira (27/06), que oferece 70.300 toneladas do cereal, diante de preços de abertura entre R$ 670,00/tonelada no Rio Grande do Sul e R$ 700,00/tonelada no Paraná.
O atual aperto na oferta de trigo e a elevação do preço do produto importado, devido ao câmbio, elevarão o preço da farinha de trigo no Brasil a partir de julho, com o mercado chegando a indicar uma alta de até 20%. Teremos aí mais um elemento de pressão inflacionária, como já era esperado desde que o Real iniciou seu processo de desvalorização, motivado pela desconfiança do mercado externo em relação a condução da economia brasileira pelo governo e, mais recentemente, pelo recrudescimento das manifestações populares.
Enfim, na paridade de exportação, o produto argentino, a um câmbio de R$ 2,21, é posto nos moinhos paulistas a R$ 899,00/tonelada. Nestas condições, o produto das regiões produtoras do Paraná, para chegar a nível competitivo, teria que sair a R$ 788,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.