Home » Publicações » Agronegócio » Análise do mercado de TRIGO – 06/Out/2013

Análise do mercado de TRIGO – 06/Out/2013

Comentários referentes ao período entre 26/09/2013 a 03/10/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³

As cotações do trigo em Chicago fecharam a semana em US$ 6,89/bushel, registrando alta em relação aos US$ 6,78 de uma semana antes. A média de setembro ficou em US$ 6,47/bushel, contra US$ 6,41 em agosto.

Os embarques de trigo realizados pelos EUA, na semana encerrada em 19/09, atingiram a 1,03 milhão de toneladas, sendo o segundo melhor volume entre as 16 primeiras semanas do atual ano comercial.  A média semanal ficou em 754.838 toneladas a qual, se mantida, resultará em exportações de 39.2 milhões de toneladas. Isso superaria em muito as 29,9 milhões exportadas no ano anterior. Ou seja, em algum momento é provável que o ritmo de embarque deva diminuir nos EUA.

Por sua vez, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, no ano 2013/14, iniciado em junho, atingiram a 620.200 toneladas na semana encerrada em 19/09, sendo que o principal destino foi a China com 171.400 toneladas. Paralelamente, as inspeções de exportação, na semana do 26/09, atingiram a 897.337 toneladas. No acumulado do ano comercial, iniciado em junho, o volume atinge 13,5 milhões de toneladas, contra 9,7 milhões em igual momento do ano anterior.

Quanto aos estoques trimestrais, a posição 1º de setembro registrou um volume de 50,3 milhões de toneladas, com recuo de 12% sobre o mesmo momento do ano anterior.

Ao mesmo tempo, o Conselho Internacional de Grãos informou que a safra mundial de trigo, em 2013/14, deverá chegar a 692,6 milhões de toneladas, contra 690,6 milhões indicados no relatório anterior.

No Mercosul, os portos argentinos apresentaram os seguintes preços para embarque a partir de 15 de dezembro: Up River em US$ 328,00/tonelada; Baia Blanca em US$ 325,00; e Necochea em US$ 320,00/tonelada. Enquanto isso, a indicação de venda para o trigo brasileiro ficou em US$ 300,00 no FOB Rio Grande, correspondendo a R$ 600,00/tonelada (R$ 36,00/saco) pelo câmbio atual. Esse valor está bastante abaixo das primeiras indicações de preço relativos a safra nova gaúcha. (cf. Safras & Mercado)

Mesmo assim, por enquanto, apesar da colheita avançar no Paraná, o abastecimento nacional em trigo de qualidade continua muito ruim, fato que mantém os preços locais elevados. Os produtores mais capitalizados não se interessam por vender abaixo de R$ 1.000,00/tonelada (R$ 60,00/saco). Enquanto isso a indústria oferece valores entre R$ 900,00 e R$ 950,00/tonelada (R$ 54,00 e R$ 57,00/saco).

No Rio Grande do Sul, as quebras totais, ainda em perspectiva, ficam em 20% se incluída a perda de qualidade nas lavouras. Ou seja, as últimas intempéries não teriam causado grandes estragos nas lavouras locais. Assim, tendo por base o comportamento dos preços no Paraná, as primeiras referências de preço a partir de 15 de novembro no mercado gaúcho ficam entre R$ 720,00 e R$ 750,00/tonelada (R$ 43,20 e R$ 45,00/saco). Mas isso poderá variar ainda muito. Primeiro, porque temos mais de um mês ainda de variações climáticas sobre as lavouras gaúchas, fato que poderá causar mudanças na qualidade do produto; segundo porque ainda não se tem clareza quanto a real quebra na Argentina, embora se fale nesse assunto nos últimos dias (cerca de 22% das lavouras locais estariam em péssima qualidade); terceiro, a quebra no Paraná e no Paraguai está consolidada, porém, será preciso esperar o término da colheita para se verificar o real volume colhido em trigo de qualidade superior; enfim, há a evolução do câmbio e os impactos nos preços do produto importado, que será de um volume mais importante neste ano. (cf. Safras & Mercado)

No Paraná, até o início de outubro, a colheita chegava a 38% da área, com apenas 34% das lavouras em boas condições. Além disso, as fortes chuvas, com granizo, na última semana, devem ter provocado novas quebras nas lavouras paranaenses. Por enquanto o Paraná está estimando uma colheita de apenas 1,65 milhão de toneladas, ficando esta ao redor de 40% abaixo do projetado inicialmente. Se considerarmos a perda de qualidade de parte do produto que vem sendo colhido e ainda será cortado, a quebra ultrapassa a 50%. Lembrando que no ano de 2012 praticamente toda a safra do Paraná foi de excelente qualidade.

¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.