As cotações da soja voltaram a recuar nesta semana, chegando mesmo a bater em US$ 9,54/bushel no dia 17/03, valor que não era visto desde meados de outubro de 2014. Posteriormente, o mercado melhorou um pouco, fechando a quinta-feira (19) em US$ 9,61/bushel, contra US$ 9,86 uma semana antes.
A expectativa de queda na demanda pela soja estadunidense, reforçada pelo fraco desempenho das exportações semanais dos EUA, esteve no centro deste comportamento. Soma-se a isso a forte entrada da safra brasileira, que deve se confirmar recorde, mesmo com números um pouco menores do que os inicialmente esperados.
No caso das exportações líquidas dos EUA, na semana encerrada em 05/03, ficaram em 198.700 toneladas, enquanto o mercado esperava algo entre 300.000 e 575,000 toneladas. Por sua vez, as inspeções de exportação, na semana encerrada em 12/03, atingiram a 583.944 toneladas. No acumulado do ano, iniciado em 01/09, o volume atinge a 43,1 milhões de toneladas, contra 38,9 milhões no mesmo período do ano anterior.
Paralelamente, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja, em fevereiro, atingiu 4,0 milhões de toneladas. Esse número ficou abaixo das 4,4 milhões de toneladas registradas em janeiro.
Outro fator negativo para os preços em Chicago continua sendo a firmeza do dólar no mercado mundial. A moeda atingiu os níveis mais altos em 12 anos diante do euro, fato que tira a competitividade das commodities. Enfim, a forte desvalorização do Real, que atinge o seu mais baixo valor em relação ao dólar desde 2003, leva os produtores rurais brasileiros a acelerarem as vendas para aproveitarem os altos e inesperados preços da soja em moeda nacional.
Vale ainda destacar que na quarta-feira o Banco Central dos EUA deu indícios de que o juro voltará a subir naquele país ainda neste ano (o mercado espera para junho). Ora, isso torna os ativos financeiros mais atrativos, levando os especuladores e Fundos a venderem posições em commodities para aplicar no mercado financeiro.
A semana terminou com os prêmios no Brasil valendo entre 45 e 82 centavos de dólar por bushel, enquanto nos EUA (Golfo) os mesmos ficaram entre 63 e 65 centavos e na Argentina (Rosário) entre 25 e 72 centavos de dólar por bushel.
No Brasil, a média gaúcha no balcão, puxada por um câmbio que se aproximou de R$ 3,30 durante a semana, voltou a subir, atingindo a R$ 63,77/saco nesta semana. Os lotes ficaram, na média, entre R$ 67,00 e R$ 68,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes registraram R$ 57,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 66,50/saco em Pato Branco (PR).
Diante de tais preços houve uma aceleração nas vendas de soja, com os produtores brasileiros atingindo 43% de comercialização da atual safra até o dia 13/03, segundo Safras & Mercado. No mesmo período do ano passado, o volume negociado era de 57% e a média histórica é de 59%. Ou seja, as vendas ainda estão atrasadas.
Pelo sim ou pelo não, apesar de problemas localizados (agora há falta de chuvas no Rio Grande do Sul e a ferrugem asiática tem atacado bastante as lavouras), as atuais safras, brasileira e argentina estão muito boas, caminhando para um recorde.
Em termos de exportação, no primeiro bimestre do ano o país exportou 492.900 toneladas de soja para a China. As compras chinesas recuaram 79% em relação aos dois primeiros meses do ano anterior, segundo a Secex. O total exportado pelo Brasil no período foi de 954.000 toneladas, com queda de 66% sobre o mesmo período do ano anterior. Assim, a China comprou 51,7% do total vendido em soja pelo Brasil no somatório de janeiro e fevereiro do corrente ano.
Fonte: CEEMA