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Análise Semanal da Soja – 30/10/2015

SojaAs cotações da soja em Chicago cederam durante esta semana, confirmando que o movimento altista da semana anterior, mesmo que tímido, não encontrou sustentação diante dos fatores fundamentais baixistas. Assim, o bushel para o primeiro mês cotado (novembro) ficou em US$ 8,78, contra US$ 8,98 uma semana antes, enquanto para maio fechou em US$ 8,89 nesta quinta-feira (29).

As exportações dos EUA continuaram positivas e sustentando as cotações. Tanto é que as vendas líquidas estadunidenses em soja, na semana anterior, ficaram em 2,03 milhões de toneladas para 2015/16. Já as inspeções de exportação somaram 2,67 milhões de toneladas, contra 2,37 milhões na semana anterior. Todavia, o ótimo avanço na colheita dos EUA (87% colhido até o dia 25/10, contra 80% na média histórica para esta data), e o retorno das chuvas nas regiões produtoras brasileiras do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, pesaram mais sobre o mercado.

Nem mesmo a redução dos juros na China, visando estimular a economia local, ajudou a elevar o preço da soja. Mesmo porque tal medida tem pouco impacto sobre as importações diretas chinesas de soja.

Além disso, o mercado, diante da ótima produtividade registrada nos EUA, já começa a reverter sua expectativa e aposta em uma safra maior de soja do que o até o momento anunciado. Isso já seria demonstrado no relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 10 de novembro. Isso poderá colocar a atual safra estadunidense como a maior da história do país.

Enfim, a China, após pesadas compras, diminuiu seu ritmo e, nos últimos dias, não houve notificações de vendas dos exportadores privados dos EUA para o país oriental. (cf. Safras & Mercado)

No Brasil, o plantio se desenvolve, um tanto lentamente, porém, o retorno das chuvas no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste deverá acelerar o processo a partir deste final de outubro. Com a disparada cambial (R$ 3,92 novamente em alguns momentos desta semana), os produtores brasileiros aceleraram, corretamente, as vendas antecipadas da nova safra. Até meados de outubro cerca de 42% da safra já estava negociada no país, contra 28% na média histórica, sendo 50% no Mato Grosso (contra 18% em igual momento do ano anterior); 35% no Paraná e 30% no Rio Grande do Sul.

Os preços se mantiveram firmes, porém, com o recuo em Chicago e a estabilização cambial entre R$ 3,85 e R$ 3,97 por dólar, os valores em reais igualmente começam a se estabilizar. O balcão gaúcho fechou na média de R$ 75,97/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 82,50 e R$ 83,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 69,50/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 79,00/saco no norte e centro do Paraná.

Na medida em que a colheita dos EUA vai se confirmando excelente e o clima na América do Sul se torna positivo para o plantio, a tendência global é de preços um pouco mais baixos em Chicago. Assim, o mercado interno brasileiro continua totalmente dependente do câmbio, o qual parece ter se estabilizado nos atuais patamares até surgirem novos elementos políticos e econômicos no país. Não se descarta valores um pouco mais baixos (R$ 3,50) em caso de encaminhamentos positivos para a crise política vivida pelo governo central, assim como se houver, finalmente, avanços no ajuste fiscal. Como contraponto disso, temos o anúncio de mais um déficit primário para este ano, maior do que o do ano passado, fato que deve comprometer o grau de investimento de forma definitiva nos próximos meses, exercendo pressão de desvalorização sobre o Real. Além disso, mesmo que parcialmente precificada pelo mercado, há ainda a tendência de elevação nos juros básicos dos EUA para os próximos meses.

Em tal contexto, os preços futuros continuam atrativos, sendo que o interior gaúcho, para maio, ofereceu no FOB R$ 78,00/saco nesta semana. Nos portos de Rio Grande e Paranaguá os valores CIF ficaram em R$ 83,50/saco (maio) e R$ 80,00/saco (março/abril). Em Rondonópolis (MT) tivemos R$ 69,00/saco para março/abril enquanto em Dourados (MS) o valor chegou a R$ 67,00. Em Rio Verde (GO) o saco ficou cotado a R$ 69,00 para fevereiro/março, enquanto Brasília registrou R$ 68,00 para abril (valores CIF). Em Uberlândia (MG), também no CIF, o saco de soja esteve em R$ 71,00 para abril, enquanto na região do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia os valores, para maio próximo, ficaram respectivamente em R$ 71,50; R$ 70,50; R$ 72,50; e R$ 72,00/saco.

Fonte: CEEMA