As cotações da soja voltaram a recuar em Chicago até o dia 16/12, quando o primeiro mês cotado ficou em US$ 8,62/bushel. Já na quinta-feira (17), ajustes técnicos, apoiados por exportações pontuais destinadas à China, e também pela alta dos juros nos EUA, trouxeram o bushel para US$ 8,77, igualando praticamente o fechamento registrado há uma semana.
Na prática as notícias de mercado e econômicas foram ruins para o mercado. As exportações líquidas dos EUA, para o ano 2015/16, iniciado em 1º de setembro, mesmo atingindo a 1,45 milhão de toneladas (13% acima da média das quatro semanas anteriores) não foram suficientes para reverter o quadro baixista, salvo pontualmente na quinta-feira (17).
A produção da América do Sul está sendo revista para cima, apesar de alguns problemas climáticos pontuais. A Conab, no Brasil, projeta agora uma safra brasileira em 102,5 milhões de toneladas de soja. Por sua vez, o novo presidente argentino, cumprindo a promessa de campanha, retirou os impostos de exportação incidentes sobre a maior parte dos produtos primários. A soja viu tal imposto ser reduzido de 35% para 30%. Isso levou o mercado a conjecturar que a Argentina será mais agressiva no mercado exportador da oleaginosa, freando as vendas estadunidenses. Afora isso, o novo plantio argentino, que se desenvolve nesse momento, poderá ver sua área aumentar diante destas novas medidas. A produção do vizinho país poderá muito bem alcançar 60 milhões de toneladas se o clima permitir. Daqui em diante o foco do mercado será o comportamento do clima na América do Sul e o conseqüente desenvolvimento da nova safra de soja local.
Para complicar o quadro, o esmagamento de soja por parte dos EUA foi menor em novembro, ficando em 4,25 milhões de toneladas, contra 4,43 milhões esperados pelo mercado.
Todavia, o aumento na taxa de juros básica dos EUA, que passa para 0,25% a 0,50% ao ano, após a reunião do FED ocorrida no dia 16/12, tende a deixar os produtos estadunidenses mais competitivos na exportação. É a primeira alta de juros naquele país desde 2006. Esse movimento deve atrair mais dólares para aquele país, desvalorizando a moeda em relação ao resto do mundo, favorecendo as exportações dos EUA.
Enquanto isso, as inspeções de exportação estadunidenses de soja chegaram a 1,34 milhão de toneladas na semana encerrada em 10/12, acumulando no atual ano comercial um total de 23,2 milhões de toneladas, contra 25,6 milhões em igual período do ano anterior.
No Brasil, a situação de preços baixos no exterior acabou sendo compensada pela nova desvalorização do Real, que chegou a atingir R$ 3,92 por dólar após o país perder o grau de investimento junto a uma segunda grande agência de risco (a Fitch), além da pressão oriunda do aumento dos juros nos EUA. Soma-se a isso a continuidade da crise política nacional, que impede qualquer avanço nos ajustes econômicos necessários, e o quadro está formado para uma nova disparada do dólar. Não se descarta a possibilidade de a moeda nacional voltar a romper o teto dos R$ 4,00, embora muito destes fatos já estejam precificados pelo mercado financeiro. Isso ajuda na formação do preço da soja e equilibraria os futuros preços da oleaginosa com os custos de produção da atual safra, que cresceram cerca de 25% no mínimo.
A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 73,70/saco, enquanto os lotes voltaram para a casa dos R$ 80,00 a R$ 81,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 64,00/saco em Sapezal e Sorriso (MT) e R$ 77,00/saco no norte e centro do Paraná.
O plantio da soja no país está praticamente encerrado, com o Rio Grande do Sul alcançando 93% da área, contra 95% na média histórica para esta época do ano.
Em termos de preços futuros houve leve aumento, com o interior gaúcho registrando R$ 75,00/saco FOB, para maio. Já em Rio Grande o valor CIF ficou em R$ 80,50/saco também para maio. Nas demais praças nacionais os preços registraram os seguintes valores: Paranaguá (PR), R$ 76,50 para março/abril; Rondonópolis (MT), R$ 68,00; Dourados (MS), R$ 63,00; Rio Verde (GO), R$ 65,00; Brasília (DF), R$ 65,00; e Uberlândia (MG), R$ 65,00/saco, todos para o período de fevereiro a abril. Já para maio Barreiras (BA) ficou com R$ 69,00/saco, Balsas (MA) com R$ 66,00, Uruçuí (PI), com R$ 67,00, Pedro Afonso (TO), com R$ 65,00/saco. (cf. Safras & Mercado)
Na BM&F o contrato janeiro fechou a semana em US$ 19,01/saco, enquanto março ficou em US$ 19,03 e maio em US$ 19,16/saco.
Fonte: CEEMA
Gráfico de preços da Soja – CBOT – Vencimento Março/2016
Gráfico de preços da Soja – BM&FBovespa – Vencimento Maio/2016