As cotações do milho em Chicago, igualmente pressionadas por forte especulação, continuaram subindo durante a semana, fechando o dia 16/07 em US$ 4,30/bushel, após US$ 4,21 uma semana antes. Assim como no caso da soja, não há elementos altistas que sustentem tamanho comportamento, particularmente porque a melhora do clima faz a polinização do cereal estadunidense caminhar muito bem. Entretanto, os números um pouco menores do relatório de oferta e demanda do USDA deram a sustentação necessária às cotações neste curto prazo.
Assim, a futura safra estadunidense, a ser colhida a partir de setembro, está agora projetada em 343,7 milhões de toneladas, com uma redução de 3,4 milhões em relação a junho. Já os estoques finais ficaram em 40,6 milhões de toneladas, perdendo 4,3 milhões de toneladas. Com isso, o preço médio ao produtor dos EUA, para 2015/16, ficou entre US$ 3,45 e US$ 4,05/bushel, indicando que os atuais níveis em Chicago estão elevados e, igualmente, tendem a recuar em caso de colheita normal naquele país.
Em termos mundiais, o relatório apontou uma safra global de 987,1 milhões de toneladas (2,2 milhões a menos do que em junho), enquanto os estoques finais mundiais ficariam em 189,9 milhões de toneladas, com cerca de 5 milhões a menos do que o indicado em junho. Mesmo assim, são estoques expressivos, pois para 2014/15 os mesmos estão indicados em 193,9 milhões e dois anos atrás em 174,7 milhões de toneladas. A produção brasileira de milho foi aumentada para 77 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina permaneceu em 25 milhões. O Brasil deverá exportar 23 milhões de toneladas em 2015/16 segundo o USDA.
Dito isso, o clima normalizou nos EUA e as lavouras se desenvolvem muito bem. No geral, tanto para a soja quanto para o milho o clima nos EUA está bom e o excesso de chuvas anterior não deve ter provocado grandes estragos. No caso da soja, houve tempo para replantio, inclusive.
Além disso, os preços de Chicago estariam desconsiderando a grande oferta sul-americana de milho, aumentada agora por uma safrinha brasileira que deverá atingir entre 56 e 57 milhões de toneladas e que está em plena colheita.
No curto prazo, as exportações semanais de milho, em 535.000 toneladas na semana anterior e um milhão de toneladas na última semana, deram um fôlego adicional aos preços. Mas, em não havendo ajustes para baixo no próximo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/08, a tendência é de as cotações do cereal recuarem em Chicago. Especialmente porque a polinização se dá em condições muito boas e as condições das lavouras chegam a 69% entre boas a excelentes até o dia 12/07.
Por sua vez, a Argentina liberou mais 7 milhões de toneladas de milho para exportação, após as 11,5 milhões liberadas ainda no ano passado. Essa pressão de oferta, somada a entrada brasileira no mercado exportador com maior ímpeto no segundo semestre, pode ajudar a frear as altas dos preços mundiais do cereal.
Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB de milho teve seu preço um pouco melhorado, passando a mesma para US$ 187,00 e US$ 120,00 respectivamente.
No mercado brasileiro, os preços médios gaúchos permaneceram estáveis, com o balcão fechando a semana em R$ 22,13/saco. Já os lotes ficaram entre R$ 27,00 e R$ 28,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 15,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 28,00/saco nas regiões catarinenses de Videira e Campos Novos.
Na BM&F a evolução dos preços dependerá da composição entre o câmbio no Brasil e o comportamento das cotações em Chicago. As fortes chuvas em boa parte das regiões produtoras da safrinha, especialmente no Paraná, onde houve estragos importantes, atrasaram a colheita, porém, a oferta foi mantida pelo milho do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul particularmente.
Há possibilidades de o preço ceder mais um pouco nas semanas vindouros diante da pressão de colheita da safrinha e da fraca liquidez para exportação no momento. Nesse último caso, nos primeiros 15 dias de julho nossas vendas externas de milho somaram apenas 67.700 toneladas quando o mercado espera 2 milhões de toneladas no total mensal.
Assim, mesmo com a pressão altista do momento, há fatores de mercado que não podem ser ignorados apontando para um recuo nos preços. Além da colheita recorde total, que deve levar a produção final nacional para algo entre 81 e 83 milhões de toneladas (existem analistas apontando mesmo 85 milhões de toneladas), da forte safrinha que está sendo colhida, e dos baixos embarques na exportação até o momento, deve somar a falta de logística para se absorver o volume de produção que vem entrando no mercado e que deverá ainda durar 70 dias. No Mato Grosso, por exemplo, há filas de caminhões nos armazéns para desembarque, enquanto o produto volta a ser estocado sob lonas, a céu aberto por falta de armazéns. (cf. Safras & Mercado)
No curto prazo, o ritmo da colheita em função do clima e a fixação de vendas por parte dos produtores é que deverão definir o comportamento dos preços do milho nacional.
A semana terminou com a importação, no CIF indústria brasileira, valendo R$ 47,27/saco para o produto dos EUA e R$ 44,49/saco para o produto da Argentina. Para agosto, o produto argentino ficou em R$ 46,38/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá atingiu os seguintes valores: R$ 30,63/saco para julho; R$ 30,61 para agosto; R$ 30,60 para setembro; R$ 31,74 para outubro; R$ 32,08 para novembro; R$ 31,95 para dezembro; R$ 33,03 para janeiro e R$ 33,34/saco para fevereiro. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA