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Análise Semanal do Mercado de Soja – 17/Jul/2015

Com a melhoria do clima nos EUA, a vedete da semana junto à Bolsa de Chicago foi o relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 10/07. Para surpresa da maioria dos especuladores na Bolsa, o referido relatório veio baixista para as cotações. Todavia, o mercado luta contra a realidade da safra e procura manter os preços artificialmente elevados. Com isso, o bushel de soja não recuou muito na semana, fechando esta quinta-feira (16) em US$ 10,19, após US$ 10,37 uma semana antes e US$ 10,25 no dia 15/07 (lembrando que a partir desta última data o mês de agosto passou a ser o primeiro mês cotado.

O relatório do USDA indicou uma safra maior para os EUA, com um volume projetado agora de 105,7 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais para 2015/16 foram reduzidos para 11,6 milhões de toneladas. Para o ano anterior, os estoques finais foram revistos para 6,9 milhões de toneladas o que deu um pouco de suporte de curto prazo ao mercado. Nesse contexto, o preço médio projetado ao produtor estadunidense, no ano de 2015/16, subiu um pouco, ficando entre US$ 8,50 e US$ 10,00/bushel, indicando que as atuais cotações têm espaço para um recuo até importante em caso de colheita normal nos EUA (a partir de final de setembro). A média fica em US$ 9,25/bushel, contra US$ 10,05 em 2014/15 e US$ 13,00/bushel em 2013/14.

Em termos mundiais, o relatório elevou a produção total para 318,9 milhões de toneladas, com um aumento de quase 1,5 milhão em relação a junho, enquanto reduziu para 91,8 milhões de toneladas os estoques finais mundiais para 2015/16. Uma redução de 1,4 milhão de toneladas em relação a junho, lembrando que em relação ao ano anterior os mesmos aumentam 10,1 milhões de toneladas. A produção brasileira e argentina foram mantidas respectivamente em 97 milhões e 57 milhões de toneladas, enquanto as importações chinesas ficaram em 77,5 milhões de toneladas, portanto, sem alterações.

Como o mercado está contestando parcialmente os números de safra do USDA, Chicago ainda se manteve aquecido, porém, com forte potencial de baixa futura caso o relatório do USDA, em 12 de agosto, não confirme a redução esperada na safra e nos estoques.

Por enquanto, a qualidade das lavouras está dentro da normalidade, com 62% entre boas a excelentes, 27% regulares e 11% entre ruins a muito ruins (dados de 12/07).

No curto prazo, também pesou para impedir novas altas em Chicago a firmeza do dólar diante da crise grega e chinesa. Todavia, com os acordos neste final de semana na Europa e a ação do governo chinês em sua economia, as tensões diminuíram e o câmbio deve retornar à normalidade no front externo.

Por sua vez, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja atingiu 3,87 milhões de toneladas em junho, sendo recorde para o mês, embora menores do que os vistos em maio.

Pelo lado da demanda, a China teria comprado 24,7 milhões de toneladas de soja do Brasil no primeiro trimestre de 2015. Isso representou uma alta de 4% sobre o mesmo período do ano anterior. Já os embarques brasileiros de soja no primeiro semestre deste ano ficaram em 32,2 milhões de toneladas, ou seja, 1% acima dos registrados no ano passado no mesmo período.

Quanto aos prêmios nos portos brasileiros, os mesmos terminaram a semana entre 59 e 91 centavos de dólar por bushel, para agosto. No Golfo do México (EUA), os mesmos ficaram entre 70 e 71 centavos. Já na Argentina, o porto de Rosário registoru 45 a 70 centavos de dólar por bushel.

No mercado brasileiro, os preços se mantiveram firmes, graças também a um câmbio que, mesmo recuando em relação a semana anterior, manteve o Real bem desvalorizado, terminando a semana ao redor de R$ 3,13 por dólar. Assim, o preço médio no balcão gaúcho ficou em R$ 63,94/saco, enquanto os lotes se estabilizaram entre R$ 70,50 e R$ 71,00/saco. Já nas demais praças nacionais, os lotes giraram entre R$ 55,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 69,00/saco na região de Pato Branco (PR).

Quanto aos preços futuros, o mercado seguiu convidativo para vendas antecipadas em busca de uma média elevada para a próxima safra. O FOB interior gaúcho, para maio, ficou em R$ 70,50/saco, enquanto no Paraná, o porto de Paranaguá, para março/abril se manteve em R$ 73,50/saco. No Mato Grosso, para fevereiro/março o preço girou ao redor de R$ 62,00/saco em Rondonópolis. Já no Mato Grosso do Sul, a região de Dourados igualmente fixou o mesmo preço para o período, enquanto em Goiás, a região de Rio Verde estabeleceu R$ 63,00/saco. O entorno de Brasília ficou igualmente em R$ 63,00/saco para abril. Enfim, na Bahia (Barreiras), Maranhão (Balsas), Piauí (Uruçuí) e Tocantins (Pedro Afonso) os valores, para maio, registraram respectivamente R$ 65,00; R$ 62,50; R$ 63,50 e R$ 61,00/saco. (cf. Safras & Mercado).

Fonte: CEEMA