Comentários referentes ao período entre 31/05/2013 a 06/06/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja voltaram a disparar durante a semana, destoando dos níveis e comportamento ocorridos no milho e no trigo que, por sua vez, oscilaram bem menos e, em alguns momentos, de forma negativa. O fechamento do bushel na quinta-feira (06) ficou em US$ 15,27, após ter atingido a US$ 15,32 na véspera, US$ 14,95 uma semana antes e US$ 14,57 na média de maio. Nota-se que, depois de subirem bem, os meses futuros voltaram a recuar no final da semana, aumentando a distância entre o mês atual e a cotação de novembro, por exemplo. Todavia, neste acesso especulativo da Bolsa, igualmente novembro melhorou de valor, fechando a quinta-feira (06) em US$ 13,05/bushel, fato que coloca a diferença entre julho (primeiro mês) e novembro no valor de US$ 2,22/bushel.
Cada vez mais o motivo de tal comportamento se resume a uma demanda importante de soja nos EUA, diante de estoques muito baixos e de vendas sul-americanas retardadas por problemas portuários. Nesse momento, o mercado espera com atenção redobrada o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/06, esperando maior clareza quanto a real situação dos estoques finais nos EUA e do que será efetivamente semeado e colhido neste país.
Aqui no Brasil, em função disto, os preços da soja voltaram a subir, puxados igualmente por um câmbio que, após bater em R$ 2,14 no dia 31/05, se mantém ao redor de R$ 2,12 por dólar, mesmo com as intervenções do Banco Central.
Assim, o balcão gaúcho fechou a semana e R$ 59,50/saco, com ganhos de cinco a seis reais por saco em relação aos preços de abril, enquanto os lotes, na compra, permaneceram entre R$ 66,50 e R$ 67,50/saco no final da semana, ganhando oito reais por saco em relação aos menores preços registrados durante a colheita. Em termos de mercado futuro, Goiás cotou o saco de soja, para fevereiro/14, em US$ 23,00. Isso representa, a um câmbio normalizado de R$ 2,00, o equivalente a R$ 46,00/saco, contra R$ 60,00 vigorando agora no disponível em Rio Verde. Caso o patamar cambial brasileiro suba para R$ 2,10 no início do próximo ano, seguindo o momento atual, o preço da soja em fevereiro chegaria a R$ 48,30/saco a partir da atual base de preço em dólar (a mesma deve diminuir se a futura safra brasileira for normal).
No contexto geral, como sempre tem sido nesta época do ano, o clima nos EUA e a futura colheita deste país é que definirá o quadro de preços para o final do ano. Por enquanto, continua a tendência de valores mais baixos a partir da confirmação de uma safra cheia naquele país, se o clima deixar, porém, talvez o percentual de recuo não seja tão expressivo como USDA estimou em seu relatório do dia 10/05.
Dito isso, até o dia 02/06 a área semeada com soja nos EUA atingia a 57% do total, contra 74% na média histórica. Por enquanto, o atraso não preocupa, pois a janela de plantio ideal vai, pelo menos, até o dia 15/06. E o clima melhorou consideravelmente nos EUA, fato que permite imaginar um plantio completo e, talvez, até com área um pouco superior. Isso sustenta o recuo das cotações futuras em Chicago, como vem ocorrendo desde o início deste ano.
Quanto as inspeções de soja para exportação, as mesmas somaram 120.832 toneladas na semana encerrada em 30/05, acumulando no ano comercial, iniciado em setembro, um total de 34,48 milhões de toneladas, contra 31,73 milhões registrados no ano anterior na mesma época. Já as exportações líquidas, para o ano 2013/14, que se inicia em setembro, somaram 756.600 toneladas na semana encerrada em 23/05. O principal comprador foi a China com 587.000 toneladas.
Na Argentina, além da produção final da atual safra caminhar para uma confirmação de 50 milhões de toneladas, as exportações de farelo de soja chegaram a 1,3 milhão de toneladas em março. No acumulado de 2013 (primeiro trimestre) o total chega a 3,5 milhões de toneladas, contra 5,2 milhões em igual período do ano anterior, conforme o Ministério da Agricultura do vizinho país. Por sua vez, o esmagamento de soja em abril, na Argentina, somou 3,6 milhões de toneladas, contra 1,7 milhão em abril do ano anterior. A projeção para o ano comercial 2013/14, iniciado em abril/13, é de um total esmagado de 39 milhões de toneladas, contra 30,7 milhões no ano anterior.
Enfim, os prêmios continuam negativos nos portos brasileiros, tendo Rio Grande inclusive voltado a patamares baixos. Para o mês de junho, os mesmos giraram entre 15 centavos de dólar positivo por bushel (Rio Grande), até 60 centavos negativos (Paranaguá e Santos). Na Argentina, os mesmos oscilaram entre menos 20 e menos 40 centavos de dólar por bushel. Já no Golfo do México (EUA) o prêmio continuou positivo entre 70 e 82 centavos.
Vale ainda destacar que, no Brasil, a comercialização da safra 2012/13 atingia a 71% em 31/05, estando exatamente dentro da média histórica. No Rio Grande do Sul a mesma era de 50% (48% na média); Paraná 56% (61%); Mato Grosso 81% (84%); Mato Grosso do Sul 71% (72%); Goiás 80% (78%); São Paulo 58% (61%); Minas Gerais 78% (77%); Bahia 93% (76%), Santa Catarina 41% (56%) e demais Estados produtores 86% (75%). (cf. Safras & Mercado)
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.