As cotações da soja em Chicago viveram dois momentos distintos nesta semana. Entre os dias 07 e 10 de agosto as mesmas subiram fortemente, com o bushel fechando o dia 10/08 em US$ 10,44 para o primeiro mês cotado (agosto). Isso se deveu à forte especulação em torno da possível redução de safra nos EUA e dos estoques finais para 2015/16, a ser anunciado no relatório do USDA do dia 12. A partir do dia 11/08 o mercado começou a corrigir o movimento, despencando posteriormente (no dia 12 quase houve limite de baixa), pois o relatório não confirmou redução de safra e sim aumentou os volumes de safra e estoques finais, derrubando os prognósticos pessimistas quanto aos problemas climáticos nos EUA. Afinal, tem chovido bem nas regiões de produção estadunidenses. Assim, o fechamento desta quinta-feira (13) ficou em US$ 9,36/bushel para setembro, mês que está assumindo a primeira posição em Chicago, e US$ 9,27/bushel para novembro (na véspera novembro chegou a US$ 9,10). Ou seja, o mercado voltou às mínimas dos últimos meses.
O relatório do USDA apontou que a atual safra dos EUA irá render 106,6 milhões de toneladas (o mercado esperava um volume de 101,2 milhões de toneladas), com estoques finais subindo para 12,8 milhões de toneladas (o mercado apostava em estoques de apenas 8,3 milhões) na projeção para 2015/16. A produtividade média igualmente foi aumentada, passando para 3.153 quilos/hectare. Com isso, o patamar de preços médios aos produtores estadunidenses, para esse novo ano comercial, foi reduzido para valores entre US$ 8,40 e US$ 9,90/bushel.
Em termos mundiais, o relatório indicou uma safra global de 320 milhões de toneladas e estoques finais mundiais em redução para 86,88 milhões de toneladas, após 91,8 milhões em julho. Mesmo assim, são estoques mais elevados do que os 80,6 milhões registrados no ano anterior. A produção brasileira está projetada em 97 milhões de toneladas e argentina em 57 milhões. As importações chinesas foram elevadas para 79 milhões de toneladas.
Essa produção estadunidense já era previsível na medida em que o relatório de condições das lavouras até o dia 09/08 manteve as mesmas em 63% entre boas a excelentes, 26% regulares e 11% entre ruins a muito ruins.
Outro fator que ajudou na derrubada das cotações foi a desvalorização da moeda chinesa (Yuan), em 2%, realizada pelo Banco Central da China. Isso significa que as importações chinesas ficarão mais caras em moeda nacional. Esse fato confirmou a firmeza do dólar no cenário internacional, fato que tira competitividade do produto dos EUA na exportação, forçando uma baixa em seus preços na origem (Bolsa de Chicago para o caso da soja e derivados).
Além disso, no sul dos EUA a colheita de soja iniciou (região pouco significativa), com produtividade média acima do esperado.
Paralelamente, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, para o ano 2014/15, iniciado em 1º de setembro/14, atingiram a 447.300 toneladas na semana encerrada em 30/07. Para o ano 2015/16 o volume alcançou 1,02 milhão de toneladas.
Pelo lado da demanda, a China informou que importou 9,5 milhões de toneladas de soja em grão em julho, com aumento de 27% sobre o mesmo mês de 2014. Em junho as importações chegaram a 8,09 milhões de toneladas. Nos sete primeiros meses de 2015 as compras externas de soja em grão, por parte da China, somam 44,7 milhões de toneladas. Isso representa um ganho de 7,1% sobre igual período do ano passado. (cf. Safras & Mercado)
No mercado brasileiro, o forte recuo em Chicago e um Real um pouco mais valorizado (R$ 3,47, após ter alcançado até R$ 3,57 em alguns momentos da semana anterior), seguraram os preços da soja e tendem a provocar um recuo médio na próxima semana. O balcão gaúcho fechou esta semana em R$ 68,72/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 73,00 e R$ 73,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 57,50/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 70,00/saco no norte e centro do Paraná.
Em termos de preços futuros, os mesmos recuaram um pouco, porém, ainda se mantêm interessantes a julgar pela tendência baixista que se desenha para o futuro, em caso de safra normal.
O interior gaúcho, para maio, indicou R$ 71,00/saco FOB na compra, enquanto o porto de Rio Grande registrou R$ 77,00/saco para o mesmo período. Já Paranaguá indicou valor de R$ 75,00/saco para março/abril. No Mato Grosso a região de Rondonópolis ficou em R$ 64,00/saco para maio, enquanto Dourados (MS) registrou R$ 62,00/saco para março. Em Goiás, a região de Rio Verde apontou R$ 65,00/saco para fevereiro/março, e a região de Brasília ficou em R$ 63,50/saco para abril. Em Uberlândia (MG), para abril, a compra ficou em R$ 63,00/saco. Enfim, na Bahia (Barreiras), Maranhão (Balsas), Piauí (Uruçuí) e Tocantins (Pedro Afonso) os valores respectivos ficaram em R$ 67,00 para junho; R$ 62,00/saco para abril/maio; R$ 63,00 igualmente para abril/maio e R$ 61,00/saco para a mesma época. (Safras & Mercado)
Enfim, na BM&F o contrato setembro fechou a semana em US$ 20,25/saco e novembro em R$ 20,06/saco.
Fonte: CEEMA