As cotações do cereal em Chicago acompanharam o movimento da soja, embora em menor intensidade. Após subirem até US$ 3,90/bushel no dia 10/08, antecipando um relatório do USDA com cortes na produção e nos estoques finais para a safra estadunidense de 2015/16, o bushel recuou, fechando o dia 13/08 em US$ 3,63, após US$ 3,57 na véspera.
O relatório igualmente surpreendeu o mercado, pois elevou a produção de milho nos EUA para 347,6 milhões de toneladas (o mercado esperava 348,4 milhões) e os estoques finais para 43,5 milhões (o mercado esperava 36,3 milhões), ambos com um ganho ao redor de 4 e 3 milhões de toneladas respectivamente, em relação ao relatório de julho. Com isso, o patamar de preços médios aos produtores estadunidenses recuou para valores entre US$ 3,35 e US$ 3,95/bushel para o novo ano comercial. Em termos mundiais o relatório reduziu um pouco a safra global, trazendo a mesma para 985,6 milhões de toneladas (menos 1,5 milhão sobre julho), porém elevou os estoques finais para 195,1 milhões de toneladas (mais cinco milhões de toneladas sobre julho).
Na prática, o clima continuou positivo para as lavouras de milho, com as condições das mesmas nos EUA permanecendo em 70% entre boas a excelentes, com 96% em polinização e 50% granando. Ou seja, não havia motivos para as altas em Chicago pré-relatório, a não ser a especulação em si mesmo. Além disso, os embarques de milho por parte dos EUA, na semana anterior, foram ruins, com apenas 277.000 toneladas de produto da safra nova. A forte desvalorização do câmbio no Brasil estaria prejudicando as vendas por parte dos EUA, pois deixa o produto brasileiro mais competitivo no exterior.
Para completar o quadro, veio a desvalorização da moeda chinesa durante a semana, o que coloca em xeque vendas maiores para aquele país.
Na Argentina e no Paraguai, diante da queda das cotações em Chicago, a tonelada de milho FOB recuou novamente, fechando a semana respectivamente em US$ 153,00 e US$ 102,50.
Aqui no Brasil, os preços se estabilizaram na esteira de Chicago e da acomodação cambial, após mais uma agência internacional de risco (Moody´s) reduzir a nota brasileira, porém, manteve ainda o grau de investimento (no limite), seguindo a Standard & Poor´s. Isso acalmou um pouco o mercado cambial. Assim, o balcão gaúcho fechou na média de R$ 23,55/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 27,50 e R$ 28,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 15,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 28,00/saco nas regiões catarinenses de Concórdia, Videira e Campos Novos.
Com a forte desvalorização do Real, mesmo em plena colheita da safrinha, os preços internos não cedem muito, pois os produtores evitam vender esperando preços ainda melhores. Isso elevou os preços nos portos e na base Campinas (SP) no início da semana.
Todavia, o recuo de Chicago e a estabilização do câmbio em níveis um pouco mais baixos, derrubaram a estratégia e forçaram um relativo recuo nos preços no final desta semana. O sentimento agora é de que o câmbio teria perdido força após o anúncio da Moody´s, e que o mercado externo dificilmente vai se valorizar na medida em que a colheita nos EUA se aproxima.
O que salvou um pouco o processo no final da semana foi a constatação de que o Brasil exportou 474.500 toneladas de milho na primeira semana de agosto, mantendo a expectativa de vendas em até 3 milhões de toneladas no mês.
Com o recuo em Chicago, os preços nos portos recuaram fortemente. Santos, que trabalhava com R$ 33,00/saco, fechou a semana em R$ 30,50. Campinas (SP) deverá cair abaixo de R$ 27,00 na próxima semana. Esse efeito baixista deverá atingir o mercado interno em geral, pressionado que está pela colheita da safrinha recorde.
Enfim, a semana terminou com a importação no CIF indústrias brasileiras valendo R$ 45,40/saco para o produto dos EUA e R$ 41,78 para o produto da Argentina, ambos para agosto. Já para setembro o produto argentino ficou em R$ 43,87/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, registrou os seguintes valores: R$ 29,02/saco para agosto; R$ 28,94 para setembro; R$ 29,00/saco para outubro; R$ 29,20 para novembro; R$ 29,45 para dezembro; R$ 30,39 para janeiro; e R$ 30,65/saco para fevereiro.
Fonte: CEEMA