As cotações da soja, pela primeira vez depois de muito tempo, trabalharam boa parte da semana acima dos US$ 9,00/bushel. O fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 9,05/bushel para o primeiro mês cotado, tendo alcançado até US$ 9,14 no dia 13.
Para maio o fechamento deste dia 15/10 ficou em US$ 9,16/bushel. Entretanto, tal aumento nada tem a ver com o relatório de oferta e demanda do USDA, o qual, apesar da revisão dos números um pouco para baixo, continuou indicando safra e estoques finais nos EUA bem acima das expectativas do mercado. Por enquanto, o motivo das altas da semana teria sido a boa demanda pela soja dos EUA apesar de um dólar forte.
Igualmente colaborou para isso o fato de que o governo estadunidense estaria trabalhando para não aumentar os juros básicos ainda neste ano. Ora, se tal decisão se confirmar, parte dos especuladores financeiros se manterá nas bolsas de mercadorias, deixando para se deslocarem ao mercado financeiro apenas em 2016, quando de fato o juro nos EUA se elevar.
Assim, o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 09/10 apontou uma safra final nos EUA em 105,8 milhões de toneladas sobre uma área a ser colhida de 33,4 milhões de hectares. Os estoques finais ficariam em 11,6 milhões de toneladas no final do corrente ano 2015/16. Dessa forma, os preços médios aos produtores estadunidenses não se modificaram, permanecendo entre US$ 8,40 e US$ 9,90/bushel para o período. Ou seja, o comportamento atual do mercado está dentro deste patamar, não oferecendo surpresas.
Quanto à produção e estoques mundiais o relatório apontou uma safra global de 320,5 milhões de toneladas (novo recorde), sendo que o Brasil gerará 100 milhões de toneladas, enquanto a Argentina ficaria com 57 milhões. Consideramos conservadora a projeção de safra para o vizinho país diante da tendência de aumento de área semeada que existe por lá. Os estoques finais de soja no mundo ficariam em 85,1 milhões de toneladas no corrente ano comercial. A demanda chinesa, sem surpresas, permanece projetada em 79 milhões de toneladas.
Dito isso, a semana assistiu a uma melhoria importante nas vendas externas de soja por parte dos EUA. As inspeções de exportação de soja dos EUA, na semana encerrada em 08/10, atingiram a 1,83 milhão de toneladas, contra 1,16 milhão na semana anterior. No acumulado do ano comercial 2015/16 o volume atinge 4,43 milhões de toneladas, contra 3,95 milhões em igual momento do ano anterior.
Todavia, o quadro de colheita e qualidade das lavouras continua muito bom. Até o dia 11/10 a colheita estadunidense de soja alcançava 62% da área esperada, contra a média histórica de 54% para esta época. Já 64% das lavouras a serem colhidas estavam entre boas a excelentes e apenas 11% permaneciam entre ruins a muito ruins, sem mudanças em relação a semana anterior.
Pelo lado da demanda mundial, a China teria importado 7,26 milhões de toneladas de soja em setembro, com alta de 44% sobre o mesmo mês do ano anterior. De janeiro a setembro as compras chinesas atingem a 59,65 milhões de toneladas de soja, ou seja um aumento de 13% sobre igual período do ano passado. Isso tem segurado as cotações da soja no momento em Chicago.
No Brasil, diante de um dólar que registrou valores médios ao redor de R$ 3,85, com valorização em relação a semana anterior, os preços da soja se mantiveram firmes.
O balcão gaúcho terminou a semana com a média em R$ 74,18/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 82,50 e R$ 83,00/saco. Nas demais praças os lotes oscilaram entre R$ 71,00/saco no Nortão do Mato Grosso (Sorriso e Sapezal) e R$ 79,50/saco no norte e centro do Paraná.
Em termos de preços futuros os mesmos continuaram excelentes, com o interior gaúcho, para maio, registrando R$ 78,00/saco FOB, enquanto os portos de Rio Grande (maio) e Paranaguá (março/abril) apontaram, respectivamente, R$ 83,00 e R$ 82,00/saco no CIF. Nas demais praças nacionais os valores são os seguintes: Rondonópolis (MT) R$ 70,00/saco para fevereiro/março; Dourados (MS) R$ 69,50/saco para março; Rio Verde (GO) R$ 72,00/saco para fevereiro/março; região de Brasília (DF) R$ 69,80/saco para abril; Uberlândia (MG) R$ 70,00/saco para abril; Barreiras(BA) R$ 74,50/saco para maio; Balsas (MA) R$ 71,50/saco para maio. Todos estes preços CIF segundo Safras & Mercado. Além disso, registrou-se em Uruçuí (PI) R$ 72,50/saco e em Pedro Afonso (TO) R$ 70,50/saco, ambos para maio.
Enfim, na BM&F os contratos futuros terminaram a semana com os seguintes valores:
US$ 20,07/saco para o contrato novembro; US$ 20,16 o janeiro; US$ 20,22 o março; e US$ 20,29/saco o contrato para maio.
Fonte: CEEMA