Comentários referentes ao período entre 12/04/2013 a 18/04/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja voltaram a se recuperar durante esta semana, fechando a quinta-feira (18) em US$ 14,30/bushel, após US$ 14,02 uma semana antes. Passado o anúncio dos diferentes relatórios do USDA, o mercado começa a se acomodar e volta à lógica já conhecida. A pouca disponibilidade de soja nos EUA, diante de uma demanda que ainda se mantém, segura os preços da soja no curto prazo. A entrada de uma safra recorde na América do Sul e a tendência de uma safra futura cheia nos EUA derruba Chicago para o segundo semestre. Tanto é verdade que o fechamento desta quinta-feira (18) para novembro ficou em US$ 12,23/bushel.
Se a logística brasileira fosse melhor, o abastecimento mundial de soja estaria mais organizado e as cotações poderiam estar mais baixas nesse momento. Todavia, a tendência geral continua sendo de cotações menores nos próximos meses, salvo uma frustração na futura safra dos EUA.
Dito isso, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, para o ano 2012/13 iniciado em setembro passado, ficaram em 319.200 toneladas na semana encerrada em 04/04. As mesmas ficaram abaixo das 392.700 toneladas registradas na semana anterior. O maior comprador foi a China, com 256.000 toneladas. Já para o novo ano 2013/14 o total exportado ficou em 64.500 toneladas, contra 355.100 toneladas na semana anterior.
Por sua vez, os embarques de soja pelos EUA, na semana encerrada em 11/04, chegaram a 131.000 toneladas, acumulando desde setembro um total de 33,5 milhões de toneladas, contra 28,9 milhões na mesma época do ano anterior.
Ao mesmo tempo, o esmagamento de soja nos EUA, em março, chegou a 3,73 milhões de toneladas, acumulando desde setembro um total de 27,8 milhões, contra 26,1 milhões de toneladas no ano anterior. Isso confirma que a demanda por farelo e óleo no mercado estadunidense está mais firme.
Vale destacar que o lado financeiro, apesar de se fazer um pouco mais presente em Chicago, continua atento à crise no Chipre (mais um capítulo da grande crise mundial que atinge o mundo desde 2007/08), fato que o faz menos agressivo no momento.
Enquanto isso, na Argentina, até o dia 12/04 a colheita chegava a 25% do total de área semeada, estando um pouco atrasada em relação aos 30% colhidos na mesma época do ano anterior. Mas isso não chega a ser um problema. A questão chave está no real volume final que o vizinho país irá colher, já que há muito desencontro entre as informações existentes a respeito. Mas um número entre 48 e 52 milhões de toneladas é plausível.
Por fim, ainda no cenário internacional, o anúncio de um PIB menor na China (7,7% anuais no primeiro trimestre deste ano, contra 7,9% no último trimestre de 2012) trouxe preocupação ao mercado, pois os chineses podem diminuir, com isso, suas importações de soja. Aliás, o governo chinês estaria trabalhando com um PIB de 7,5% para o final de 2013.
Paralelamente, os prêmios nos portos internacionais se mantiveram positivos, com o Golfo do México (EUA) praticando, para maio, valores entre 70 e 95 centavos de dólar por bushel. Em Rosário (Argentina), para o mesmo mês, o prêmio ficou entre 20 e 40 centavos de dólar. Já no Brasil, somente Rio Grande mantém prêmios positivos, também para maio, entre 10 e 20 centavos de dólar. Nos demais portos nacionais os prêmios continuam negativos para maio, se estabelecendo nesta semana entre menos 23 e menos 28 centavos de dólar por bushel.
Nesse contexto, os preços da soja no Brasil começam a dar algum sinal de estabilização, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 53,40/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 57,00 e R$ 60,50/saco na região produtora. Nas demais praças nacionais, os lotes ficaram entre R$ 45,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 55,50/saco no norte do Paraná e região de Pato Branco (PR). Ajudou a manter estes preços o fato do câmbio ter oscilado entre R$ 1,97 e R$ 2,00 durante a semana. Quanto a colheita brasileira, até o dia 12/04 o país atingia a 82% da área esperada, sendo 42% no Rio Grande do Sul, 94% no Paraná, 97% em Goiás, 59% em Minas Gerais, 62% na Bahia.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.