Dois elementos jogam pesado na formação do preço da soja em Chicago no momento. O comportamento do clima e do dólar nos EUA. Às vésperas do anúncio da área definitiva semeada com as culturas de verão naquele país (relatório previsto para o dia 30/06), o bushel de soja variou bastante durante esta semana, porém, mantendo firmeza. O clima chuvoso nas regiões produtoras estadunidenses, que está atrasando o plantio, associado ao dólar um pouco mais fraco, deu sustentação aos preços. Assim, para o primeiro mês cotado, o bushel voltou a bater nos US$ 10,00 no fechamento desta quinta-feira (25), após ter atingido a US$ 9,77 uma semana antes. Este valor não era visto desde o início de março do corrente ano. Para novembro, Chicago fechou mais fraco, com o bushel valendo US$ 9,77.
O excesso de chuvas efetivamente atrasa o plantio, porém, está longe de ser preocupante. Afinal, até o dia 21/06 o mesmo atingia a 90% da área esperada, contra 95% na média histórica para o período. Todavia, o período ideal de semeadura da oleaginosa se encerra no dia 30/06, fato que leva operadores e especuladores junto à Bolsa a estimarem que a área final semeada possa vir a ser menor do que o inicialmente projetado.
Nesse sentido, o analista privado Informa Economics adiantou, durante a semana, que sua estimativa de área final de soja é de 35,1 milhões de hectares. A mesma representa um recuo ao redor de 170.000 hectares em relação ao projetado em março, porém, continua sendo um recorde histórico nos EUA. A mesma representa um aumento de 3,7% sobre o ano anterior.
A qualidade das lavouras estadunidenses recuou na semana, devido às chuvas. No dia 21/06 a mesma estava em 65% entre boas a excelentes (67% na semana anterior), 27% regulares e 8% entre ruins a muito ruins (6% na semana anterior).
Por sua vez, as exportações líquidas estadunidenses, no ano comercial 2014/15, ficaram em 132.900 toneladas na semana encerrada em 11/06. Houve um recuo de 26% sobre a média das quatro semanas anteriores. O México foi o principal comprador com 105.000 toneladas. Para o ano 2015/16 as vendas líquidas somaram 532.000 toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 18/06, atingiram a 178.094 toneladas segundo o USDA. No acumulado do ano comercial 2014/15, iniciado em 1º de setembro de 2014, o volume alcança 47,6 milhões de toneladas, contra 42,5 milhões em igual período do ano anterior.
Enquanto isso, a colheita de soja na Argentina chegou oficialmente ao término e o número final colhido está estimado em 60,8 milhões de toneladas, um recorde histórico para o país.
Paralelamente, os prêmios nos portos brasileiros, para julho, recuaram na semana. Os mesmos ficaram entre 43 e 75 centavos de dólar por bushel. No Golfo do México (EUA) os mesmos estiveram entre 75 e 82 centavos, enquanto em Rosário (Argentina), onde uma nova ameaça de greve foi debelada, os prêmios oscilaram entre 33 e 60 centavos de dólar por bushel.
No Brasil, o câmbio tem sido o elemento central na formação dos preços em reais da soja local. Isso devido a constante oscilação do mesmo nas últimas semanas. Por enquanto, o mercado cambial trabalhado entre R$ 3,00 e R$ 3,15, havendo projeções do setor econômico brasileiro de que o mesmo possa terminar o ano ao redor de R$ 3,20. Pela paridade de poder de compra, o mesmo deveria ficar entre R$ 2,95 e R$ 3,05 no momento.
Essa realidade cambial, que colocou o dólar novamente acima de R$ 3,10 em alguns momentos da semana, associada à melhoria das cotações em Chicago, elevou os preços da soja na média brasileira. No Rio Grande do Sul o balcão terminou a semana cotando o saco em R$ 60,13. Os lotes no Estado fecharam o período entre R$ 66,00 e R$ 66,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 53,50/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 64,50/saco no norte do Paraná. Na BM&F o contrato julho/15 fechou a semana em US$ 22,70/saco. (cf. Safras & Mercado)
Grande parte da safra 2014/15 já foi comercializada pelos produtores nacionais, diante da necessidade de caixa e a pouca perspectiva de novos aumentos no preço médio da oleaginosa. Já para a futura safra 2015/16 as vendas estão ainda lentas, apesar dos preços futuros indicados se mostrarem muito bons diante da tendência que o mercado, por enquanto, apresenta.
Nesse sentido, o interior gaúcho fechou a semana com o valor FOB valendo R$ 69,00/saco para maio/16. Apenas a título de comparação, considerando um câmbio ao redor de R$ 3,30 para a época e o valor que Chicago trabalha hoje para maio próximo, o preço de balcão gaúcho, para abril/maio próximos ficar em torno de R$ 61,70/saco. Ou seja, abaixo do indicado atualmente na prática e um pouco acima do que o disponível vem pagando hoje pelo produto da última safra. Já no Paraná, o porto de Paranaguá indica na compra, preço de R$ 72,50/saco para março/abril. No Mato Grosso, para janeiro, Rondonópolis registra R$ 60,00, enquanto em Dourados (MS) a indicação de preço ficou em R$ 59,00/saco para fevereiro/16. Em Goiás, a região de Rio Verde apontou R$ 61,50/saco para fevereiro igualmente, enquanto Brasília e arredores registra aponta R$ 62,00/saco para abril. Enfim, na Bahia (Barreiras), Maranhão (Balsas), Piauí (Uruçuí) e Tocantins (Pedro Afonso) os preços, para maio/16, giraram ao redor de R$ 63,00; R$ 63,00; R$ 64,00 e R$ 61,50/saco respectivamente. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA