As cotações da soja em Chicago, nesta última semana de agosto, voltaram a recuar fortemente. O primeiro mês cotado fechou o dia 27/08 em US$ 8,86/bushel, após US$ 8,77 na véspera. Para maio/16, mês que baliza a comercialização da safra brasileira, o bushel ficou em US$ 8,88.
Na prática, diante de um clima favorável nos EUA e de uma colheita que se aproxima, somado ao fato de que a crise na China piorou nestes últimos dias, não há motivos fundamentais para altas em Chicago, salvo movimentos especulativos que levam a ajustes técnicos. Nesse momento, inclusive, o mercado estadunidense está preocupado com a fraca demanda pela sua oleaginosa.
Para completar o quadro negativo aos preços, o crop tour da ProFarmer indicou que junto aos principais Estados produtores estadunidenses a contagem de vagens por planta ficou acima da média. Isso sinaliza uma produtividade média maior do que o até o momento indicado. (cf. Safras & Mercado)
O lado positivo vem, contraditoriamente, da China, que indicou importações de 9,5 milhões de toneladas em julho. Todavia, é bom lembrar que a crise nas bolsas daquele país, a desvalorização de sua moeda e uma constatação de que sua economia enfrenta um grave problema surgiu com ênfase apenas em agosto. Portanto, os próximos cinco meses darão o tom do que poderá ser o mercado chinês no curto e médio prazo. Além disso, em termos gerais, em julho as exportações chinesas recuaram 8,3%, enquanto as importações caíram 8,1% na comparação com o mesmo mês de 2014.
Essa turbulência junto à economia do maior importador mundial de soja obviamente atinge o mercado da oleaginosa.
Enquanto isso, segundo o USDA, até o dia 24/08 as lavouras estadunidenses de soja se mantinham com 63% entre boas a excelentes, 26% regulares e 11% ruins a muito ruins.
Aqui no Brasil, o câmbio continua mantendo os preços elevados para a soja. Durante a semana, devido aos acontecimentos externos e, particularmente, internos a moeda nacional ultrapassou, em alguns momentos a marca de R$ 3,60 por dólar (nas casas de câmbio a mesma ultrapassou os R$ 4,00 por dólar).
Desta forma, o câmbio vem compensando a forte queda em Chicago. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 66,63/saco, enquanto os lotes registraram valores entre R$ 75,50 e R$ 76,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 64,50/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 73,50/saco na região de Pato Branco (PR). A questão chave, para o futuro próximo, será quando o câmbio voltar a patamares normais, o que seria hoje algo entre R$ 3,00 e R$ 3,20, já que não há perspectivas, pelo menos por enquanto, de haver reversão na tendência baixista de Chicago.
Nesse sentido, os preços futuros, indicados nas diferentes praças brasileiras, continuam muito interessantes, devendo os produtores se ocuparem de realizar vendas parciais visando uma excelente média de comercialização da nova safra. Sobretudo porque os custos de produção, neste ano, serão muito elevados em função deste câmbio.
Assim, para maio/16, o preço FOB interior gaúcho fechou a semana a R$ 73,00/saco na compra. Em Paranaguá (porto), para abril, a indicação de preços ficou em R$ 76,00. No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul os valores, para fevereiro/março se mantiveram em R$ 62,00 e R$ 64,00/saco respectivamente. Em Goiás e Região de Brasília o saco de soja, para fevereiro/março chegou a R$ 63,00 no primeiro caso e R$ 65,00 (para abril) no segundo caso. Uberlândia (MG) atingiu a R$ 65,00 para abril, enquanto na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins os valores, para maio, ficaram respectivamente em R$ 67,00; R$ 65,00; R$ 66,00 e R$ 64,00/saco. Enfim, na BM&F, depois de algum tempo, o saco de hoje voltou a ser cotado abaixo de US$ 20,00, registrando US$ 19,35 para setembro e US$ 19,07 para novembro.
Fonte: CEEMA