As cotações do trigo em Chicago recuaram fortemente nesta semana, fechando a quinta-feira (03/09) em US$ 4,56/bushel. A média de agosto ficou em US$ 4,99, contra US$ 5,47/bushel em julho.
A pressão da grande produção mundial (o Conselho Internacional de Grãos projetou, nesta semana, uma safra global de 720 milhões de toneladas) tem sido decisiva para derrubar as cotações. Nesse sentido, o mercado espera o relatório de oferta e demanda do USDA visando confirmar, ou não, o quadro de oferta e de estoques finais não só mundiais como também dos EUA.
As vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano 2015/16, iniciado em 1º de junho, somaram 529.100 toneladas na semana encerrada em 20/08. Esse volume ficou 7% abaixo da média das quatro semanas anteriores. O principal destino foi a Nigéria, com 95.500 toneladas. Enquanto isso, as inspeções de exportação estadunidenses, na semana encerrada em 27/08, registraram 601.639 toneladas. No acumulado do ano comercial 2015/16 o volume chega a 5,04 milhões de toneladas, contra 6,54 milhões registrados em igual período do ano anterior.
Na prática, a elevada oferta mundial neste ano não encontra demanda suficiente, fato que eleva os estoques e reduz o preço internacional do cereal.
Na América do Sul, a tonelada para exportação permaneceu entre US$ 190,00 e US$ 245,00, conforme o país de origem (Paraguai e Uruguai mais baratos e Argentina mais caro).
Quanto ao mercado brasileiro, os preços continuam melhorando lentamente. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 30,46/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 600,00/tonelada ou R$ 36,00/saco. No Paraná, os lotes continuaram entre R$ 650,00 e R$ 680,00/tonelada, ou seja, entre R$ 39,00 e R$ 40,80/saco.
A colheita da nova safra, no Paraná, chega a 10% da área, sendo que 2/3 das mesmas apresentam boas condições. No Rio Grande do Sul a colheita se inicia no final de outubro.
Devido a continuidade na desvalorização do Real, o produto importado oriundo da Argentina chega ao Brasil 25% mais caro do que o preço nacional, enquanto o produto dos EUA aqui chega 29% mais elevado. Ou seja, em algum momento os preços nacionais terão que subir, pois estão muito distantes da realidade internacional e não refletem, suficientemente, a desvalorização do Real. (cf. Safras & Mercado)
Os pequenos e médios moinhos continuam presentes no mercado comprador nacional, pois seus estoques já se esgotam, enquanto os grandes moinhos ainda possuem estoques suficientes para esperarem o auge da nova colheita nacional, na expectativa de preços mais baixos. Todavia, dependendo do volume e da qualidade que virá, em o câmbio permanecendo nos atuais níveis, será difícil assistir a recuos importantes e duradouros nos preços do cereal. A tendência seria de ocorrer o contrário, especialmente na virada do ano.
Fonte: CEEMA