As cotações do trigo em Chicago terminam 2015 em baixa, com o fechamento do dia 29/12 ficando em US$ 4,75/bushel, após US$ 4,66 na véspera e US$ 4,84 no dia 17/12. Lembramos que nos primeiros dias de janeiro do corrente ano o bushel de trigo na Bolsa chegou a valer US$ 5,91. Isso significa que o mesmo perdeu 19,6% na comparação ponta a ponta durante 2015.
O ano termina com as vendas líquidas estadunidenses em baixa, atingindo apenas 320.200 toneladas na semana encerrada em 10/12, ficando 22% abaixo do registrado na média das quatro semanas anteriores. Já as inspeções de exportação de trigo somaram 475.375 toneladas na semana encerrada em 17/12 e 305.472 toneladas na semana encerrada em 24/12. Tomando por base esta última semana, o acumulado no ano comercial 2015/16 chega a 11,76 milhões de toneladas, contra 13,51 milhões em igual período do ano anterior.
Nos últimos meses a firmeza do dólar vem tirando competitividade dos produtos estadunidenses na exportação, inclusive o trigo. Por sua vez, a Rússia, seguindo os passos da Argentina, também gera especulações de que retirará sua taxa de exportação sobre o trigo, o que tornaria o produto local mais competitivo no cenário internacional.
No Mercosul, a tonelada para exportação fecha 2015 valendo entre US$ 170,00 a US$ 200,00.
No Brasil, o preço médio no balcão gaúcho fechou a corrente semana em R$ 33,28/saco. Um ano atrás o produto valia, nestas mesmas condições, R$ 25,04/saco. Ou seja, houve uma valorização de 32,9% no período. Já os lotes gaúchos fecham o ano valendo R$ 700,00/tonelada ou R$ 42,00/saco (no final de 2014 valiam R$ 480,00 ou R$ 28,80/saco). Isso significa dizer que houve uma valorização de 45,8% no preço dos lotes de trigo gaúcho nesse período. Já no Paraná, os lotes fecham 2015 entre R$ 730,00 e R$ 780,00/tonelada (R$ 43,80 e R$ 46,80/saco), contra R$ 550,00 a R$ 580,00/tonelada (R$ 33,00 e R$ 34,80/saco) no final de 2014. Um ganho entre 32,7% e 34,5%.
Neste final de ano o Deral paranaense confirmou que a colheita do Paraná atingiu a 3,33 milhões de toneladas, com rendimento médio de 2.506 quilos/hectare, sendo que 62% da safra recém colhida já havia sido comercializada. Do total colhido, 24% ficou abaixo do PH 78 e 10% foi triguilho. Assim, apenas 2,2 milhões de toneladas foram de PH 78 e acima. Considerando que o Rio Grande do Sul obteve apenas 700.000 toneladas de trigo superior, a produção nacional de produto de qualidade não teria chegado a 3 milhões de toneladas nesta última safra. Isso irá exigir maior importação durante 2016. (cf. Safras & Mercado)
Por sua vez, como muito deste trigo de baixa qualidade pode não ser exportado, apesar dos esforços e do câmbio favorável, o produto tende a ser destinado à ração, segurando os preços do milho no início do próximo ano.
Por enquanto, o mercado do trigo nacional se mantém calmo, com a indústria ainda retraída em função de estoques importantes já que a moagem está menor pela dificuldade em vender a farinha, diante da crise econômica nacional. Isso permite especular para se obter preços menores por parte dos compradores, em um cenário que indica alta para o produto nos próximos meses, já que a produção foi diminuta e a importação, em função do câmbio, se mantém muito cara, mesmo com maior disponibilidade da Argentina. A regulação do mercado se dará pela quantidade ofertada de trigo de qualidade superior, devendo o país importar mais de um milhão de toneladas de fora do Mercosul em função da forte quebra de produção na última colheita. (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA