Comentários referentes ao período entre 31/05/2013 a 06/06/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações do trigo em Chicago igualmente pouco se movimentaram durante a semana. O fechamento desta quinta-feira (06) ficou em US$ 6,97/bushel, contra US$ 6,98 uma semana antes e US$ 6,97 na média de maio. Como se nota, tanto o milho quanto o trigo não acompanham a evolução especulativa que ocorre na soja.
Dito isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, referentes ao ano 2012/13, somaram 239.400 toneladas na semana encerrada em 23/05. A Nigéria foi o principal comprador com 78.400 toneladas. Já as vendas do ano 2013/14, iniciado neste 1º de junho, atingiram a 728.300 toneladas na mesma semana. O Brasil foi o maior comprador, com 233.300 toneladas, aproveitando-se a retirada da TEC do Mercosul.
Quanto às inspeções de exportação estadunidense do cereal, na semana encerrada em 30/05, o total alcançou 457.173 toneladas, acumulando no total do ano comercial 2012/13, encerrado em 31/05/2013, um total de 27,3 milhões de toneladas, contra 28,3 milhões no ano anterior.
Vale destacar que neste início de junho se iniciou mais uma polêmica sobre a transgenia, agora em torno do trigo geneticamente modificado que teria sido encontrado em uma fazenda do Oregon (EUA). Isso estaria causando barreiras de importação na Coreia do Sul, Japão e outros países asiáticos que ainda resistem a esse tipo de produto transgênico. Outros países, como o Egito, maior importador mundial, informaram não estarem preocupados com a situação. Vale destacar que a Coreia do Sul não encontrou nenhum trigo transgênico, até o momento, nas amostras analisadas. Paralelamente, a Monsanto informa que está testando um novo trigo transgênico Roundup Ready, resistente ao herbicida Roundup (glifosato).
Já no Mercosul o mercado continua parado. A disponibilidade do produto é muito baixo e os preços são apenas nominais. O que interessa mesmo, a partir de agora, são os preços futuros, que retratam valores quando da nova colheita regional. Neste caso, a tonelada na Argentina, para dezembro/janeiro se manteve em US$ 270,00, contra valores atuais em US$ 320,00 na compra. No Uruguai, o trigo que resta está com problemas de qualidade, fato que o deprecia para níveis atuais de US$ 300,00/tonelada. No Paraguai, os valores futuros são os mesmos praticados para o produto argentino. (cf. Safras & Mercado)
No Brasil, diante de uma demanda que se abastece no exterior do Mercosul e junto aos leilões da Conab, o produto de qualidade superior viu seu preço aumentar na semana. O balcão gaúcho fechou na média de R$ 30,54/saco, enquanto os lotes chegaram a R$ 682,00/tonelada (R$ 40,92/saco). No Paraná, os lotes subiram para R$ 779,00 a R$ 788,00/tonelada (R$ 46,74 a R$ 47,28/saco).
O plantio prossegue no sul do país, com o Paraná atingindo 57% da área esperada, sendo que 70% desta área apresentando bom estado de desenvolvimento. No Rio Grande do Sul a área semeada chegava a 12%, enquanto o ideal, para esta época do ano, seria bater em 20% da área. No total, o Brasil deverá colher 5,3 milhões de toneladas, sendo 2,45 milhões no Estado gaúcho e 2,65 milhões no Paraná, em clima normal. O Paraná espera plantar 897.000 hectares e o Rio Grande do Sul 1,01 milhão.
Enfim, a Conab projeta novos leilões para o dia 13/06, com a oferta de 55.700 toneladas. O mercado estima que a Companhia possua apenas 223.000 toneladas de trigo em estoque, os quais serão negociados em leilões menores até a entrada da nova safra, em setembro, pelo Paraná.
A título de informação, na paridade de exportação, a um câmbio de R$ 2,13, o trigo argentino está sendo posto nos moinhos paulistas a R$ 796,00/tonelada. Com isso, o produto do norte do Paraná teria que sair das regiões produtoras a R$ 687,00/tonelada para ser competitivo. (cf. Safras & Mercado)
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.