A cotação do trigo em Chicago se recuperou um pouco durante esta semana, fechando o dia 10/12 em US$ 4,84/bushel, considerando o primeiro mês cotado, após US$ 4,64 uma semana antes.
O relatório do USDA, divulgado em 09/12, pouco trouxe de novidades igualmente para o trigo. A produção dos EUA foi mantida em 55,8 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais daquele país, para 2015/16, se mantiveram em 24,8 milhões de toneladas. Com isso, o patamar de preços ao produtor local continuou entre US$ 4,80 e US$ 5,20/bushel para o corrente ano comercial. Em termos mundiais a produção geral ficou estimada em 734,9 milhões de toneladas, com ganho de dois milhões de toneladas, enquanto os estoques finais subiram para 229,9 milhões de toneladas. A produção brasileira e argentina estão agora fixadas em 6 milhões e 10,5 milhões de toneladas. O Brasil deverá importar, em 2015/16, segundo o USDA, um total de 6,3 milhões de toneladas. Todavia, diante da forte quebra da safra brasileira, recém colhida, o volume de importação nacional poderá ser maior. A Argentina, por sua vez, tenderá a exportar 6 milhões de toneladas.
Afora isso, o mercado trabalhou em torno da informação de que as vendas líquidas dos EUA em trigo, para o ano 2015/16, ficaram em 392.200 toneladas na semana encerrada em 26/11. O ganho foi de 17% sobre a média das quatro semanas anteriores, fato que deu um pouco de alento aos preços em Chicago. Para o ano 2016/17 foi anunciado um volume de 40.700 toneladas.
O contraponto a isso foi a firmeza do dólar em boa parte da semana, a qual tira competitividade dos produtos exportados pelos EUA.
No Mercosul, a tonelada para exportação se manteve entre US$ 180,00 e US$ 210,00. Por sua vez, a colheita na Argentina bateu em 31% da área semeada neste início de semana.
Já no mercado brasileiro o preço médio, no balcão gaúcho, fechou a semana em R$ 33,24/saco, enquanto os lotes continuaram em R$ 700,00/tonelada ou R$ 42,00/saco para o produto de qualidade superior. No Paraná, os lotes se mantiveram entre R$ 730,00 e R$ 780,00/tonelada, ou seja, entre R$ 43,80 e R$ 46,80/saco. (cf. Safras & Mercado)
Os números finais da safra brasileira ficaram em apenas 5,18 milhões de toneladas, contra 7,2 milhões na expectativa do início do plantio. Tais números se aproximam muito do que havíamos avançado há mais tempo. O Rio Grande do Sul teria colhido somente 1,3 milhão de toneladas, sendo que apenas 500.000 toneladas seriam de qualidade superior. O restante está longe de atender a demanda interna em termos de qualidade. No Paraná, a colheita teria ficado em 3,2 milhões de toneladas, contra 4 milhões inicialmente previstos. Do total colhido, 700.000 toneladas seriam de trigo inferior, destinado para ração animal ou exportação a baixos preços. Se excluirmos o volume produzido com qualidade inferior, a real produção brasileira de trigo de qualidade ficou em tão somente 3,68 milhões de toneladas. Ou seja, as importações nacionais de trigo deverão ser muito superiores ao projetado até o momento, podendo superar as 7 milhões de toneladas.
Decididamente o conjunto de intempéries durante o plantio, o desenvolvimento da planta e a colheita (falta de chuvas, geadas tardias, excesso de chuvas e granizo) liquidaram com a safra nacional em geral e gaúcha em particular mais uma vez.
Diante deste contexto, os negócios diminuem neste final de ano por falta de produto de qualidade, além da proximidade das festas. Os moinhos continuam comprando somente o necessário. Afora isso, a tendência de aumento nos derivados de trigo ao consumidor brasileiro se torna mais evidente diante dos altos custos de importação, devido ao câmbio, que o país continuará enfrentando. Hoje, mesmo com o recuo das cotações em Chicago, o trigo dos EUA está chegando ao Brasil acima de R$ 1.000,00/tonelada, ou seja, acima de R$ 60,00/saco. Isso permite esperar preços melhores para o produto nacional de qualidade superior nos próximos meses, especialmente no Paraná, onde a oferta é maior.
Fonte: CEEMA