A cotação do milho em Chicago subiu um pouco no fechamento desta quinta-feira (10), ao se estabelecer em US$ 3,77/bushel, após US$ 3,68 no dia 07/12.
O relatório do USDA igualmente não trouxe surpresas. A produção dos EUA foi mantida em 346,2 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais foram aumentados para 45,3 milhões de toneladas. Com isso, o preço médio ao produtor local não se alterou, registrando valores entre US$ 3,35 e US$ 3,95/bushel para o ano 2015/16. Em termos mundiais, a produção geral foi reduzida em um milhão de toneladas, estando agora estimada em 973,9 milhões de toneladas, porém, os estoques finais mundiais foram mantidos em 211,9 milhões de toneladas. A produção brasileira e argentina estão projetadas em 81,5 milhões e 25,6 milhões de toneladas respectivamente. O Brasil deverá exportar 25 milhões de toneladas.
No geral, o mercado continua preocupado com a pouca demanda pelo milho dos EUA em termos internacionais. As vendas líquidas estadunidenses, na semana encerrada em 26/11, ficaram em 499.400 toneladas para o ano comercial 2015/16, iniciado em 1º de setembro. O volume foi 50% abaixo da média das quatro semanas anteriores.
A agressividade exportadora do Brasil e da Argentina não tem deixado o produto estadunidense avançar muito no mercado mundial. Talvez esse quadro mude um pouco na próxima temporada já que o Brasil está ficando sem estoques no interior e há problemas climáticos em algumas regiões produtoras do milho de verão. Resta ver como reagirá o produtor argentino diante da possibilidade de mudanças nas regras de exportação e no câmbio no vizinho país a partir da posse no novo presidente da República neste dia 10/12.
Além disso, o recuo nos preços do petróleo para níveis abaixo de US$ 40,00/barril nesta semana desestimula o consumo de milho para a fabricação de etanol nos EUA, sobrando mais produto para exportação e/ou consumo interno, fato que pressiona as cotações para baixo.
Dito isso, a tonelada FOB de milho na exportação ficou em US$ 175,00 e US$ 105,00 respectivamente na Argentina e no Paraguai.
Já no Brasil o preço do cereal se manteve estável, com viés de alta. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 30,07/saco na média, rompendo o teto dos R$ 30,00 pela primeira vez depois de alguns anos. Já os lotes fecharam a semana em R$ 35,00/saco em grande parte das regiões produtoras do Rio Grande do Sul. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 19,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 34,50/saco nas regiões catarinenses de Videira, Concórdia e Campos Novos.
Os produtores brasileiros, e particularmente os paulistas, continuam segurando o produto da safrinha visando preços ainda mais elevados diante da escassez de produto no interior do país devido ao grande aumento nas exportações nacionais neste segundo semestre.
Em projeção, apenas tomando por base as nomeações de navios, o país já tem 32 milhões de toneladas em exportações no atual ano comercial fevereiro/15-janeiro/16. Há possibilidade de o país chegar a volumes ao redor de 34 milhões de toneladas neste ano.
Assim, o mercado interno continua vendo a oferta do cereal sendo enxugada, fato que eleva os preços. Estes, por sua vez, continuam muito dependentes do comportamento cambial, onde o valor da moeda brasileira tem oscilado, neste final de dezembro, entre R$ 3,70 e R$ 3,90 por dólar.
Nesse contexto, o porto de Santos trabalhou com indicações de R$ 37,00 a R$ 37,50/saco na exportação, enquanto o porto de Paranaguá ficou em R$ 36,00/saco. O referencial Campinas (SP) registrou R$ 37,00 a R$ 37,50/saco no CIF.
O quadro de dificuldades na oferta do cereal para o primeiro semestre brasileiro e, particularmente, para o trimestre entre janeiro e março, vai se consolidando. Especialmente se o clima não colaborar adequadamente para a produção que se espera na safra de verão. Muita atenção, portanto, com o quadro de aperto na oferta nacional para os próximos meses, pois isso poderá refletir em preços ainda mais elevados, especialmente em Estados que importam o cereal, caso do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Enfim, na importação o CIF indústria brasileira registrou os seguintes valores no final desta semana: R$ 50,31/saco para o produto dos EUA e R$ 49,63/saco para o produto argentino, ambos para dezembro. Já o produto argentino para janeiro ficou em R$ 51,88/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ 35,70/saco para dezembro; R$ 35,99 para janeiro; R$ 35,77 para fevereiro; R$ 35,89 para março; R$ 36,22 para abril; e R$ 36,37/saco para maio.
Fonte: CEEMA