Comentários referentes ao período entre 29/03/2013 a 11/04/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações do trigo em Chicago ensaiaram uma recuperação durante a semana, ao baterem em US$ 7,12/bushel no dia 08/04, após US$ 6,94 no dia 04/04, porém, voltaram a recuar posteriormente, fechando esta quinta-feira (11) em US$ 6,97/bushel. O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 10/04, manteve a produção de 61,76 milhões de toneladas nos EUA, para a safra passada, com estoques finais em 2012/13 ao redor de 19,9 milhões de toneladas. Em termos mundiais a produção ficou em 655,4 milhões de toneladas e estoques finais crescendo para 182,3 milhões de toneladas.
Quanto à nova safra, as condições das lavouras de trigo de inverno, no dia 07/04, acusaram 10% muito ruins, 20% ruins, 36% regulares, 29% boas e 5% excelentes. Já as vendas líquidas de trigo estadunidense, no ano comercial 2012/13, atingiram a 141.200 toneladas na semana encerrada em 28/03, sendo o Egito o principal comprador com 107.600 toneladas (o Egito, maior importador mundial de trigo, projeta adquirir um total de 8,7 milhões de toneladas em 2013/14). Para o ano comercial 2013/14, que se iniciará em 1º de junho, tais vendas somaram 174.800 toneladas, sendo as Filipinas o principal comprador, com 100.000 toneladas.
Por sua vez, as inspeções de exportação atingiram a 739.167 toneladas na semana encerrada em 04/04, acumulando 22,3 milhões de toneladas no atual ano comercial, contra 23 milhões um ano antes.
No Mercosul, a produção se confirma menor em 25%, porém, os preços não reagem. Assim, na região argentina de Bahia Blanca, a tonelada foi cotada a US$ 330,00 na compra. No Uruguai, a mesma ficou em US$ 315,00 e no Paraguai em US$ 300,00. Já o trigo brasileiro para exportação ficou em US$ 335,00/tonelada FOB.
A tendência continua sendo de preços menores no Brasil, apesar das últimas altas e da estabilização desta semana (o balcão gaúcho ficou em R$ 30,92/saco, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 690,00/tonelada no Rio Grande do Sul, contra valores entre R$ 770,00 e R$ 780,00/tonelada no Paraná). Essa tendência se deve não só aos leilões oficiais de venda mas principalmente pela entrada cada vez maior de trigo de fora do Mercosul, isento dos 10% de Tarifa Externa do Mercosul entre 01/04 e 31/07 do corrente ano. Nesse último caso, o governo teria autorizado a compra de até 2 milhões de toneladas.
Nesse sentido, os leilões da semana anterior venderam 52% dos 51.700 toneladas ofertadas. Por sua vez, a paridade de importação, agora com um câmbio a R$ 1,97, coloca o trigo argentino nos moinhos paulistas a R$ 765,00/tonelada. Para competir com tal preço, o trigo do norte do Paraná poderia ser vendido por até R$ 654,00/tonelada, fato que mostra o potencial de recuo existente junto ao produto nacional. (cf. Safras & Mercado)
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.