As cotações do trigo em Chicago voltaram a romper o teto dos US$ 5,00/bushel no dia 23, porém, não se sustentaram. Assim, o fechamento da quinta-feira (24) foi de US$ 4,97/bushel, após US$ 5,07 na véspera.
A pressão um pouco mais altista se dá pela demanda do produto estadunidense, já que pelo lado da oferta o clima é favorável às lavouras. O plantio do trigo de inverno já foi iniciado nos EUA, havendo 19% da área semeada até o dia 20/09. A média histórica é de 20% para esta época do ano.
Por sua vez, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, para o ano comercial 2015/16, iniciado em 1º de junho, ficaram em 377.500 toneladas na semana encerrada em 10/09. Esse volume é 7% acima da média das quatro semanas anteriores. O principal comprador foi as Filipinas com 89.000 toneladas. Já as inspeções de exportação de trigo, na semana encerrada em 17/09, atingiram a 604.918 toneladas, contra 509.155 toneladas na mesma época do ano anterior.
No Mercosul, o trigo para exportação permaneceu entre US$ 170,00 e US$ 230,00/tonelada FOB.
Aqui no Brasil, os preços se estabilizaram, com o balcão gaúcho fechando na média de R$ 31,13/saco, enquanto os lotes subiram para R$ 650,00/tonelada ou R$ 39,00/saco. No Paraná, os lotes oscilaram entre R$ 650,00 e R$ 720,00/tonelada, ou seja, entre R$ 39,00 e R$ 43,20/saco.
A colheita no Paraná avança, porém, boa parte do produto ofertado é de baixa qualidade, confirmando o estrago causado pelas intempéries durante o desenvolvimento da planta. Isso força uma baixa nos preços locais, particularmente no oeste e centro do Estado. Além disso, os moinhos se mantém abastecidos e com grandes dificuldades para escoar a farinha resultante da moagem devido a crise econômica no país, que reduz a demanda.
Dito isso, pela paridade de importação, o trigo de qualidade superior no Paraná poderia já estar em R$ 800,00/tonelada, ou R$ 48,00/saco, considerando que o produto importado, em função da enorme desvalorização do Real, chega ao Brasil 26% mais caro no caso do produto argentino e de 28% a 30% mais caro no caso do produto dos EUA.
Por outro lado, as intempéries mais recentes no sul do país estão levando o mercado, finalmente, a reconsiderar o volume final a ser colhido, especialmente do produto de qualidade superior. Nesse sentido, o total poderá mesmo ficar entre 5 e 6 milhões de toneladas, exigindo maiores importações por parte do Brasil em 2015/16. Em se mantendo o atual câmbio, isso tende a elevar os preços internos do trigo, fato que já começa a se fazer sentir.
Todavia, a rentabilidade do produtor nacional está comprometida com a baixa produtividade de parte de suas lavouras, devido ao clima ruim, fato que ainda se abate sobre o Rio Grande do Sul em particular. Resta agora definir o que sairá de produto com qualidade superior e o que será produto de baixa qualidade e mesmo triguilho.
Fonte: CEEMA
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