As cotações do milho em Chicago seguiram a tendência da soja e recuaram fortemente nesta semana, fechando a quinta-feira (30) em US$ 3,73/bushel, contra US$ 4,03 na semana anterior e US$ 4,30/bushel duas semanas antes.
A pressão baixista veio do clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos EUA, além de exportações estadunidenses abaixo do esperado pelo mercado. Para o ano 2014/15, as vendas líquidas dos EUA, na semana encerrada em 16/07, ficaram em 223.400 toneladas, enquanto para 2015/16 somaram 311.400 toneladas.
Por outro lado, a forte desvalorização da moeda brasileira, acompanhada em parte pelo peso argentino, tornou mais competitivo o milho da América do Sul. Tanto é verdade que a tonelada de milho argentino recuou fortemente durante esta semana (ver adiante).
Por fim, a tendência de continuidade do clima favorável nos EUA deixa pouca margem de recuperação das cotações. Nesse sentido, o mercado espera o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/08, a fim de verificar as novas projeções de colheita e estoques finais no mundo e nos EUA.
Quanto às condições das lavouras, até o dia 26/07 as mesmas estavam em 70% entre boas a excelentes, 21% regulares e apenas 9% ruins e muito ruins.
Dito isso, o mercado continuará volátil, pois a colheita dos EUA somente se dará a partir de setembro. Além disso, o comportamento do dólar é outro elemento decisivo, diante da possibilidade de elevação dos juros básicos nos EUA.
Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB recuou de preço, fechando a semana na média de US$ 158,00 (forte recuo em relação a semana anterior) e US$ 107,50 respectivamente.
No Brasil, os preços melhoraram um pouco, puxados pela forte desvalorização do Real, a partir do anúncio da redução da meta de superávit primário por parte do governo. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 23,20/saco, enquanto os lotes encerraram a semana entre R$ 26,50 e R$ 27,50/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 14,50/saco no Nortão do Mato Grosso, e R$ 28,00/saco nas regiões produtoras de Videira e Campos Novos (SC).
No geral, o mercado nacional esteve travado diante de uma colheita importante da safrinha, cujo auge será em agosto, além dos fatos de economia interna que provocaram fortes oscilações cambiais no país durante a semana. O clima mais seco nestes últimos dias auxiliou ao avanço da colheita, aumentando a oferta de milho nacional assim como pressionando os estoques. Quanto ao câmbio, a forte baixa dos preços em Chicago acabou anulando os efeitos da desvalorização do Real no início da semana, fato que levou o referencial Campinas a permanecer em R$ 27,00/saco CIF, embora no interior gaúcho e de algumas outras localidades carentes de milho os preços tenham subido um pouco.
O lado positivo esteve no fato de que até a quarta semana de julho as exportações brasileiras de milho haviam melhorado, atingindo a 936.000 toneladas no mês.
Vale destacar que, em havendo um retorno do Real para os patamares do início do mês (R$ 3,10 a R$ 3,20), ocorrerá uma pressão baixista nos preços junto aos portos de embarque, fato que coincidirá com a presença de entrada recorde da safrinha em agosto. Por enquanto, estas fortes oscilações pelo lado financeiro e cambial, com incertezas quanto ao sucesso político das medidas de ajuste fiscal por parte do governo brasileiro, o mercado se posiciona em compasso de espera.
Nesse momento todos os Estados produtores de milho safrinha se concentram na sua colheita, sendo que as vendas do produto ainda estão lentas. Daí a importância de uma melhor performance nas exportações do cereal. Por enquanto, pelo lado da oferta, a pressão continuará baixista.
Enfim, na importação, o CIF indústrias brasileiras registrou R$ 45,23/saco para o produto procedente dos EUA e R$ 41,19/saco para o produto argentino, ambos ainda para julho. Já para agosto o produto argentino ficou em R$ 43,20/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ 28,46/saco para julho; R$ 28,37 para agosto; R$ 28,47 para setembro; R$ 28,77 para outubro; R$ 29,44 para novembro e dezembro; e R$ 30,62/saco para janeiro.
Fonte: CEEMA