As cotações do trigo em Chicago, após o forte aumento do final de junho, recuaram durante esta semana, fechando a quinta-feira (09) em US$ 5,72/bushel, após US$ 5,85 uma semana antes.
No geral, estamos diante de um ajuste técnico, com tomada de lucros, pois no médio prazo a safra dos EUA deve manter alguma pressão altista devido a prejuízos na mesma. Todavia, a produção mundial deve compensar esse quadro estadunidense. O relatório de oferta e demanda deste dia 10/07 deverá indicar com mais precisão para onde irá se deslocar o mercado do cereal neste segundo semestre.
Enquanto isso, as vendas líquidas dos EUA, em trigo, para o ano comercial 2015/16, iniciado em 01/06/2015, somaram 363.900 toneladas na semana encerrada em 25/06. O Japão foi o principal comprador com 87.400 toneladas, segundo o USDA. Por outro lado, as inspeções de exportações registraram um volume de 368.818 toneladas na semana encerrada em 02/07. No acumulado do ano, iniciado no último 01/06, o volume chega a 1,61 milhão de toneladas, contra 2,33 milhões em igual momento do ano anterior.
Paralelamente, na Argentina, segundo o Ministério da Agricultura local, o plantio da nova safra de trigo chegou a 60% no início desta atual semana. No ano passado, nesta mesma época, o plantio chegava a 64% da área.
Já nos portos da Argentina, a tonelada de trigo FOB permaneceu entre US$ 205,00 e US$ 245,00. No Uruguai a mesma ficou entre US$ 190,00 e US$ 205,00, enquanto no Paraguai os valores giraram entre US$ 190,00 e US$ 200,00.
Quanto ao mercado brasileiro, o saco de trigo ao produtor gaúcho, no balcão, fechou a semana na média de R$ 28,15, ou seja, sem grandes variações me relação a semana anterior. Por sua vez, os lotes recuaram para R$ 500,00/tonelada ou R$ 30,00/saco. No Paraná, os lotes giraram entre R$ 650,00 e R$ 680,00/tonelada (R$ 39,00 e R$ 40,80/saco).
Apesar das altas externas e a nova desvalorização do Real, as quais encarecem o preço do trigo importado, o quadro favorável não se refletiu em preços aos produtores. E isso que o clima no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, está ruim para a triticultura até o momento, com muita umidade. Na verdade, os moinhos estão bem estocados, enfrentando dificuldades para comercializar a farinha que produzem diante do quadro recessivo da economia brasileira. No Paraná ainda há um bom volume disponível, remanescente da safra anterior, além da entrada de trigo paraguaio, embora em volumes pequenos. Enquanto o trigo paraguaio ainda chega 1% abaixo do preço brasileiro, o produto da Argentina chega 12% acima e o dos EUA 25% mai caro no momento.
Ao mesmo tempo, o plantio no Paraná bateu em 97% da área, confirmando um recuo de 5% na área semeada. Já no Rio Grande do Sul, as chuvas desta última semana novamente interromperam a semeadura do cereal, colocando a mesma ao redor de 75% no momento, ou seja, atrasada em relação ao normal. A redução de área no Estado gaúcho deverá ficar ao redor de 30% nestas condições.
Esse conjunto de fatores poderá, no início do próximo ano, elevar os preços do trigo, particularmente se a importação continuar se mantendo com preços elevados e o volume produzido na atual safra sofrer perdas com as intempéries (além da redução da área semeada). Não se pode esquecer que o Brasil deverá importar entre 6 a 7 milhões de toneladas de trigo neste ano 2015/16, não importando o preço praticado no mercado mundial.
Fonte: CEEMA