As cotações do trigo em Chicago voltaram a recuar, fechando a quinta-feira (25) em US$ 4,01/bushel, após US$ 4,27 uma semana antes.
O mercado sofreu pressão baixista da alta do dólar, que tira competitividade do produto estadunidense, assim como da queda do petróleo. Além disso, a demanda pelo trigo dos EUA recuou enquanto a projeção da safra mundial é recorde.
As vendas líquidas de trigo estadunidense, na semana encerrada em 11/08, referentes à temporada comercial 2016/17, iniciada em 1º de junho, somaram 489.500 toneladas. O Brasil liderou as compras com 92.100 toneladas.
Afora isso, o mercado sofreu influência da boa colheita do trigo de primavera nos EUA. Até o dia 21/08 a mesma chegava a 65%, contra 46% na média histórica para esta época do ano.
Em termos ainda de produção, o Canadá anuncia que deverá colher 30,5 milhões de toneladas do cereal, ou seja, a segunda maior colheita dos últimos 25 anos.
No Mercosul, a tonelada FOB para exportação permaneceu entre US$ 205,00 e US$ 220,00.
Já no Brasil, o saco de 60 quilos no balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 40,24. Nos lotes, o valor de referência ficou em R$ 850,00/tonelada ou R$ 51,00/saco. No Paraná os lotes registraram a média de R$ 800,00 a R$ 830,00/tonelada ou R$ 48,00 a R$ 49,80/saco. Ou seja, o Paraná, sob influência da nova safra, já indica preços menores do que no Rio Grande do Sul, cuja safra somente entrará no mercado a partir de fins de outubro.
Segundo Safras & Mercado, muitos compradores estão preferindo aguardar a entrada da safra nova, visto o forte viés de baixa no mercado, para voltar a negociar, esperando preços mais atrativos. As indústrias menores, por sua vez, estão comprando a qualquer preço no mercado interno, enquanto às maiores, incluindo fábricas de ração, importam o trigo graças a seus baixos preços.
Nesse último caso, é bom lembrar que o Brasil vem, há um mês, entre os líderes de importação de trigo dos EUA. A pressão destas importações e do início da colheita no país tende a derrubar os preços do cereal nacional nas próximas semanas.
Nesse momento, apenas uma recuperação nos preços do milho poderia puxar para cima os preços do trigo, fato que ainda não ocorreu.
Por sua vez, as geadas destes últimos dias podem ter causado alguns estragos no Paraná, cujas lavouras estão em fase final. Porém, por enquanto ainda não há prejuízos contabilizados.
Por outro lado, a prática tem mostrado que os produtores já estão aceitando vender o trigo abaixo dos preços de referência, indicados acima. No Rio Grande do Sul, por exemplo, já se encontra negócios, para a safra nova, a preços de R$ 660,00/tonelada ou R$ 39,60/saco, equivalente a valores próximos do mínimo (para o produto de qualidade superior).
Em síntese, o quadro permanece baixista para os preços internos do trigo nas próximas semanas caso não ocorram problemas climáticos agudos.