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Frente do Etanol rejeita preço atrelado ao valor da gasolina

Ícone da capacidade inovadora do Brasil em combustíveis renováveis, o etanol está correndo o risco de ver a produção entrar em colapso, principalmente por ter seu preço atrelado ao da gasolina, que está congelado para conter a inflação.

Para tentar salvar o setor, que computa a desativação de 38 usinas mais 20 em recuperação judicial, e eliminou 100 mil empregos nas duas últimas safras, será lançada em novembro a Frente Parlamentar em Defesa do Etanol.

Uma das principais bandeiras de luta é a desvinculação do etanol do preço da gasolina, que é subsidiado para controlar a inflação a custa de pesados prejuízos da Petrobras, estimados em R$ 39,6 bilhões nos dois últimos anos.

É o que afirma deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), coordenador da Frente, cuja criação foi anunciada, no final de agosto, durante ato público em defesa do setor sucroenergético realizado em Sertãozinho, polo canavieiro localizado no interior de São Paulo.

“Diferentemente da Petrobras, a cadeia produtiva do etanol não tem a mesma capacidade de suportar prejuízos, pois não tem subsídios, nem hedges de negócios ou de políticas públicas”, reclama. “Daí a insustentabilidade do setor e a total inviabilidade de sua continuidade.”

Como no Nordeste

Na carta de lançamento da coleta de assinaturas para a criação da Frente, consta que a crise que atravessa a produção do álcool combustível, misturado à gasolina, poderá ser revertida com duas medidas pontuais:

1. Estender ao etanol tratamento isonômico na formação de preços que se dá à gasolina, ou desatrelar seus preços, oferecendo isonomia de mercado aos fornecedores dos dois combustíveis;

2. Estender ao etanol e a cana-de-açúcar em todo o Pais os termos e as subvenções descritas na medida provisória 615, relativas ao Nordeste brasileiro, por causa da seca.

De acordo com Jardim, o setor não busca benesses ou subsídios governamentais, mas políticas públicas estáveis para garantir a produção e o atendimento da demanda por etanol e açúcar.

“Não reivindicamos royalties, subsídios ou sustentação oficial de prejuízos”, diz um trecho carta assinada por 16 entidades, a maioria de Sertãozinho. “Temos o valor da nossa produção utilizado como instrumento de controle da inflação e atrelado ao preço da gasolina, que penaliza esse setor sucroenergético e toda a sua cadeia produtiva.”

“O que precisamos é do respeito das autoridades pelo trabalho de produzir, o cuidado dos agentes econômicos com o valor que agregamos na matriz energética e nas contas nacionais; e do cuidado especial com a saúde e a perspectiva de toda nossa cadeia produtiva, já com enorme comprometimento fiscal e financeiro.”

Fonte: Diário do Comércio e Indústria