As cotações da soja, para o primeiro mês, voltaram a subir de forma mais significativa, fechando a quinta-feira (23) em US$ 14,99/bushel, após US$ 14,27 na semana anterior. O motivo continua o mesmo: o atraso no plantio dos EUA devido ao excesso de chuvas, agora alimentadas por violentos tornados que passaram pelas regiões produtoras daquele país. Todavia, para os meses futuros, embora também tenha havido aumento nas cotações, os mesmos continuam bem menores. E a distância entre o mês atual e novembro se manteve significativa, fechando este dia 23/05 em US$ 2,56/bushel, já que novembro/13 fechou em apenas US$ 12,43.
Mas o principal fator altista continua sendo a pouca disponibilidade de soja nos estoques dos EUA, neste momento de entressafra, diante de uma pressão compradora que ainda persiste já que os embarques brasileiros e argentinos, embora melhorando um pouco, continuam apresentando dificuldades de logística.
Esse quadro deverá permanecer, especialmente em torno do clima, como sempre tem sido todos os anos, até a nova safra estadunidense se consolidar. Ou seja, até setembro as especulações climáticas se manterão. Além disso, apenas no dia 28/06 teremos a informação da área exata semeada com soja e milho nos EUA, a partir do relatório de plantio do USDA.
Dito isso, analistas privados estimam que a área semeada com soja nos EUA será de 31,7 milhões de hectares, superando os 31,2 milhões projetados pelo USDA e divulgados em 10/05. Aliás, esse último número corresponde igualmente a área semeada no ano passado.
Diante deste cenário, há ainda que se considerar a possibilidade de os produtores dos EUA transferirem de 0,8 a 1,6 milhão de hectares do milho para a soja, em função do atraso na semeadura do cereal. Caso isso venha a ocorrer, a safra dos EUA poderá ser ainda maior do que as 92,2 milhões de toneladas ora projetadas. Todavia, nestes últimos dias houve forte recuperação do plantio, pela melhoria parcial do clima naquele país.
Tanto é verdade que, até o dia 19/05, o plantio de milho saltou para 71% da área esperada, contra uma expectativa de 60% a 65% por parte do mercado, e contra 79% na média histórica. Já a soja, que tem mais tempo para a semeadura, chegou a 24%, contra uma expectativa de 30% que o mercado havia construído. Na média histórica, nesta época, a oleaginosa já havia sido semeada em 42% da área. No fundo, salvo um desastre climático muito grande, a tendência é de os produtores norte-americanos conseguiram praticamente fechar os dois plantios dentro das áreas estimadas, em especial no caso da soja.
Enquanto isso, na Argentina, a colheita chegava a 85% da área no dia 16/05, já superando o ritmo do ano passado que, nesta época do ano, atingia a 83%.
Por sua vez, o prêmio no porto de Rio Grande continua melhorando, confirmando o acerto dos investimentos privados realizados nos últimos anos naquele local e contrastando com o que ocorre no sistema portuário público. Assim, o mesmo ficou entre 25 e 40 centavos de dólar positivos por bushel para junho, enquanto nas demais praças brasileiras os mesmos oscilaram entre menos 12 e menos 18 centavos. No Golfo do México (EUA), retratando o pouco produto disponível, o prêmio terminou a semana entre 90 centavos e US$ 1,05 por bushel, enquanto em Rosário (Argentina), o excesso de disponibilidade traz o prêmio para patamares baixos, tendo ficado entre zero e mais 23 centavos de dólar para junho.
No Brasil, no curto prazo, auxiliados por Chicago e por um câmbio que chegou a R$ 2,04 no final de semana, os preços da soja voltaram a melhorar um pouco mais. A média gaúcha no balcão fechou em R$ 56,15/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 63,00 e R$ 63,50/saco, já ganhando cerca de cinco reais por saco em relação aos menores preços alcançados, ainda em abril passado. Nas demais praças nacionais, os lotes ficaram entre R$ 50,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 61,00/saco em Pato Branco (PR). Na BM&F/Bovespa o contrato julho/13 ficou em US$ 31,69/saco, enquanto novembro, confirmando a tendência baixista para o segundo semestre, fechou a US$ 26,50/saco. Nota-se que, enquanto julho subiu, em relação a semana anterior, novembro recuou. Aliás, no mercado físico, o preço da soja futura em Goiás, recuou para US$ 21,00/saco para fevereiro/14, perdendo um dólar em relação a semana passada. Pelo câmbio de hoje, o saco ficaria em R$ 42,84 contra R$ 44,44 da semana anterior.
Assim, continua se confirmando que nossa atual safra está obtendo preços muito bons, apesar do recuo ocorrido em relação ao segundo semestre de 2012, porém, a futura safra tende a sofrer com preços mais baixos em se confirmando o quadro externo.
Enfim, Safras & Mercado revisou suas estimativas para esta atual safra brasileira, indicando agora um volume final colhido de 82,3 milhões de toneladas no país, dividido em 15,8 milhões no Paraná, 12,4 milhões no Rio Grande do Sul, 1,6 milhão em Santa Catarina, 23,9 milhões no Mato Grosso, 8,8 milhões em Goiás, 5,8 milhões no Mato Grosso do Sul, 3,4 milhões em Minas Gerais, 2,0 milhões em São Paulo, 2,7 milhões na Bahia, 1,68 milhão no Maranhão, 1,1 milhão no Piauí e 1,6 milhão em Tocantins. Com estes números praticamente definitivos confirma-se um aumento de 21,6% na produção brasileira e a obtenção de um recorde de produção no Rio Grande do Sul, apesar de um período de estiagem entre janeiro e fevereiro, contrariando nossas expectativas iniciais em relação a esse último caso. Aliás, o aumento na produção gaúcha, sobre a frustrada safra do ano passado, foi de praticamente 89%.
Fonte: CEEMA