As cotações do trigo em Chicago fecharam a quinta-feira (23) em US$ 7,03/bushel, após US$ 6,87 uma semana antes e US$ 6,88/bushel na véspera. Se nota, portanto, que os preços do trigo ficaram relativamente estáveis se comparados ao comportamento semanal da soja.
Aliás, segundo Safras & Mercado, a relação de preços trigo/milho na média histórica dos últimos 10 anos foi de 1,30 (100 quilos de trigo equivalem a 130 de milho). Hoje esta relação está próxima de 1,00, o que significa que o trigo segue subvalorizado em relação ao milho. Esse é mais um indicativo de futuro recuo nos preços do milho, caso a safra dos EUA seja normal.
Até o dia 19/05 o trigo de primavera havia sido semeado em 67% da área estimada, sendo que as condições do trigo de inverno apontavam 31% entre boas a excelentes. O trigo de primavera deverá ocupar uma área total de 5 milhões de hectares nos EUA. O mercado espera para o dia 28/06 o anúncio da área oficial semeada com os principais grãos naquele país.
Paralelamente, as vendas líquidas de trigo, por parte dos EUA, no ano comercial 2012/13, iniciado em junho/12, ficaram em 125.000 toneladas na semana encerrada em 09/05. As Filipinas foram o maior comprador com 65.500 toneladas. Já as vendas líquidas para o novo ano 2013/14, a ser iniciado no próximo dia 1º de junho, chegaram a 415.600 toneladas na mesma semana.
Enquanto isso, as inspeções de exportação dos EUA, na semana encerrada em 16/05, atingiram a 576.371 toneladas. No acumulado do ano comercial 2012/13, iniciado em junho/12, o volume soma 26,3 milhões de toneladas, contra 27,1 milhões em igual período do ano comercial anterior.
Por sua vez, no Mercosul, a expectativa é de que Argentina, Paraguai e Uruguai, somados, devem aumentar em 3,3 milhões de toneladas sua produção de trigo desta nova safra, elevando o total para 15,2 milhões de toneladas. Assim, as exportações chegariam a 8,65 milhões de toneladas, contra 13,78 milhões negociadas em 2011/12, porém, bem melhor do que as 6,5 milhões de toneladas exportáveis em 2012/13. Ou seja, o Mercosul terá, no próximo, saldo exportável suficiente para abastecer toda a importação brasileira, estimada entre 6,5 e 7 milhões de toneladas, caso isso seja necessário. (cf. Safras & Mercado)
A semana fechou com o Up River argentino, para dezembro/janeiro indicando US$ 268,00/tonelada para compra. Já a safra nova brasileira, para exportação, estaria indicada em até US$ 270,00/tonelada, fato que corresponde a cerca de R$ 480,00/tonelada (R$ 28,80/saco) nas regiões produtoras. Valor muito baixo para atrair negócios para exportação. Porém, é um indicativo de como deverá se comportar os preços aos produtores nesta próxima safra, caso ela venha normal na América do Sul.
Ainda segundo Safras & Mercado, a área semeada com trigo no Uruguai deve atingir a 450.000 hectares em 2013/14, contra 438.000 no ano anterior. Já na Argentina o movimento é o contrário, com a nova área devendo crescer 40%, para se estabelecer em 4,5 milhões de hectares em 2013/14.
No mercado brasileiro, os preços se mantiveram estáveis, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 30,69/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 660,00/tonelada na compra. No Paraná, os lotes registraram R$ 750,00/tonelada, igualmente na compra.
Diante da escassez de oferta nacional e também no contexto do Mercosul, a disponibilidade interna está ligada aos leilões de venda dos estoques da Conab. No dia 16/05, os leilões realizados ofereceram um total de 82.389 toneladas, tendo sido negociadas 58.560 toneladas, ou 71%. Com isso, o saldo dos estoques oficiais ficou ao redor de 330.000 toneladas. No dia 29/05 haverá novos leilões de venda, com a disponibilização de mais 74.000 toneladas.
Outro fator que não permite os preços aumentarem mais nesta entressafra é a isenção da TEC para o trigo procedente de fora do Mercosul. Estas importações deverão aumentar em junho e julho.
Quanto aos leilões, a tendência indica uma grande disputa pelo produto oficial, pois este é o produto disponível ainda mais barato para nossas indústrias, mesmo que a qualidade deixe um pouco a desejar em relação ao produto importado.
Sobre a nova safra, o Paraná confirma que deverá semear 845.000 hectares, com uma produção que poderá atingir a 2,5 milhões de toneladas em clima normal. No Rio Grande do Sul o plantio se desenvolve lentamente, sendo que o período de maior intensidade se dará em junho.
Vale destacar, a título de informação, que no dia 20/05 o governo anunciou os novos preços mínimos do trigo. Os mesmos ficaram conforme a tabela abaixo (em R$/saco de 60 quilos):
Classe Tipo 1 (PH78) Tipo 2 (PH75) Tipo 3 (PH72)
Melhorador 33,36 30,02 24,93
Pão 31,86 28,67 24,48
Doméstico 26,52 23,87 20,35
Básico 21,24 19,12 16,82
Outros usos 12,85 12,85 12,85
Enfim, na paridade de importação o trigo argentino, posto nos moinhos paulistas, chegava a R$ 768,00/tonelada, para um câmbio de R$ 2,05. Nestas condições, o produto do norte do Paraná teria que sair a R$ 660,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA