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Revisão da projeção demográfica do IBGE

Revisão da projeção demográfica do IBGE reforça preocupação com baixo crescimento da força de trabalho e envelhecimento da população.

Por: Ana Maria Bonomi Barufi

As projeções demográficas constituem uma das maiores certezas que permeiam os cenários de médio e longo prazo da economia. Isso porque sua evolução, ao menos nos próximos anos, já está dada em função de dois elementos básicos, as trajetórias esperadas da taxa de fecundidade e da de mortalidade, as quais definem qual será o contingente de pessoas nascidas e mortas ao longo dos anos. A principal conclusão da revisão das projeções demográficas do IBGE de 2013, divulgada recentemente, é de que o Brasil terá pouco tempo para se aproveitar de um momento com crescimento da população em idade ativa (PIA) superior ao do total da população (até 2022). Ao mesmo tempo, é reforçada a preocupação com o acelerado envelhecimento da população e a ausência de medidas para lidar com esta situação (em especial a falta de reformas previdenciárias efetivas que alterem a estrutura atual, a qual estimula a ampliação do déficit atrelado a esta conta).

Tendo por base uma comparação internacional, o Brasil já pode ser considerado um país em um estágio de intermediário a avançado de envelhecimento da população. Países de maior nível de desenvolvimento econômico de maneira geral já passaram por um lento processo de envelhecimento ao longo do século XX (e acabaram se preparando de maneira mais adequada para esse movimento), processo este que acompanhou os avanços na medicina (que permitiram ampliar a expectativa de vida) e os decréscimos da taxa de fecundidade (em função do maior acesso a métodos anticoncepcionais e da maior educação). Já o Brasil até os anos 1970 possuía uma população bastante jovem, com expectativa de vida mais baixa e taxa de fecundidade significativamente elevada (superior a 6 filhos por mulher em idade fértil). Entretanto, esses avanços na medicina e nos hábitos familiares já formatados foram incorporados rapidamente ao contexto brasileiro, fazendo com que por exemplo a taxa de fecundidade apresentasse uma queda muito rápida, atingindo atualmente um nível inferior à taxa de reposição da população. Esse avanço rápido também terá reflexos importantes para os próximos movimentos demográficos projetados, fazendo com que o aumento do percentual de idosos se dê de maneira bastante acelerada nas próximas décadas. Paralelamente a isso, a PIA deverá crescer cada vez menos. Tais fenômenos implicam que existirão duas pressões importantes sobre a economia: por um lado, de maneira direta sobre o crescimento econômico, associados a uma redução da oferta de mão-de-obra, e por outro em relação ao equilíbrio previdenciário, pois crescerá a participação na população dos beneficiários e diminuirá a dos contribuintes.

Por fim, comparando as projeções da revisão de 2008 e de 2013, a população deverá crescer mais do que o previsto anteriormente, o que se deve a uma mudança da projeção da taxa de fecundidade (que decrescerá de maneira mais lenta) e da taxa bruta de mortalidade (a qual foi revisada para baixo). A expectativa de melhora das condições de vida embutidas nestas projeções resulta em uma perspectiva de queda da taxa de mortalidade infantil e a uma expansão da esperança de vida em anos, sendo que esses dois indicadores atingirão níveis semelhantes aos de países avançados já por volta de 2030.

Acesse aqui a íntegra do Relatório de análise: Analise Revisao Demografica Setembro-2013