Home » Publicações » Agronegócio » SOJA – Análise semanal do mercado – 16/Ago/2013

SOJA – Análise semanal do mercado – 16/Ago/2013

Comentários referentes ao período entre 09/08/2013 a 15/08/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³

Em função da mudança de mês, já que setembro assumiu a posição de primeiro mês cotado a partir de 15/08, as cotações em Chicago acabaram apresentando recuo. Tanto é verdade que o fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 12,88/bushel, contra US$ 13,55 uma semana antes. Todavia, há uma semana setembro era cotado a US$ 12,27/bushel. Portanto, no curto prazo houve sim uma recuperação das cotações. Tanto é verdade que novembro fechou o dia 15/08 em US$ 12,65/bushel, contra US$ 11,84 uma semana antes. E esta foi a surpresa da semana.

O motivo da mesma se deve ao relatório de oferta e demanda do USDA, altista e inesperado. A tal ponto que se duvida da exatidão das informações nele contidas, a julgar pela realidade das lavouras estadunidenses, onde o clima continua normal.

Nesse sentido, o relatório trouxe o seguinte:
1)    Uma redução na produtividade de soja dos EUA, com a mesma ficando agora em 2.864 quilos/hectare;
2)    Uma projeção de safra em 88,6 milhões de toneladas, contra 93 milhões existentes até julho;
3)    Estoques finais nos EUA, para o ano 21013/14, em 6 milhões de toneladas, contra 8 milhões em julho;
4)    Preços médios aos produtores dos EUA ficando entre US$ 10,35 e US$ 12,35/bushel, contra US$ 9,75 e US$ 11,75/bushel em julho;
5)    Produção mundial reduzida para 281,7 milhões em 2013/14, contra 285,9 milhões em julho;
6)    Estoques mundiais em recuo para 72,3 milhões de toneladas, após 74,1 milhões projetados em julho;
7)    Produção argentina e brasileira projetadas em 53,5 milhões e 85 milhões de toneladas respectivamente;
8)    Importação anual chinesa mantida em 69 milhões de toneladas.

O sentimento é de que claramente, salvo surpresa climática, tais números serão revistos para cima no relatório de setembro e/ou outubro. Dito de outra maneira, passada a correção técnica altista, visando auferir lucros depois de baixas constantes, o mercado retomará a tendência negativa. Algo a ser confirmado somente quando da colheita da soja nos EUA, em outubro.

Afinal, segundo o próprio USDA, até o dia 11/08, véspera do relatório, as condições das lavouras estadunidenses se mantinham em excepcionais 64% entre boas a excelentes, 27% regulares e apenas 9% entre ruins a muito ruins, confirmando a contradição do relatório em relação a realidade.

Todavia, o momento é de mercado de clima e bastou algumas previsões meteorológicas indicarem poucas chuvas e altas temperaturas para os próximos 10 dias no Meio-Oeste dos EUA para alimentar o movimento altista iniciado com o relatório. Haveria temores de que o potencial de produtividade das lavouras mais tardias venha a ser reduzido.

Por sua vez, as exportações semanais dos EUA ficaram em 1,09 milhão de toneladas.
Paralelamente, a China importou 7,2 milhões de toneladas de soja em grão em julho, com alta de 22,7% sobre o total adquirido no mesmo mês de 2012, conforme Safras & Mercado. Este teria sido o maior volume mensal da história do país, acumulando no ano comercial um total de 34,7 milhões de toneladas, ainda 0,7% abaixo do mesmo período do ano anterior.

Por sua vez, a primeira projeção de Safras & Mercado para a futura safra sul-americana de soja aponta um área total de 54,03 milhões de hectares, com uma produção final de 160 milhões de toneladas, após 147 milhões neste último ano. Temos aí mais um fator baixista para os preços futuros da soja, apesar do movimento especulativo altista do momento. Desse total, o Brasil produziria 88,2 milhões de toneladas, em uma área de 29 milhões de hectares; a Argentina 56,6 milhões de toneladas, sobre uma área de 19,5 milhões de hectares; o Paraguai 9,3 milhões de toneladas, em uma área de 3,2 milhões de hectares; a Bolívia 2,9 milhões de toneladas, em 1,2 milhão de hectares; e o Uruguai 3,2 milhões de toneladas em uma área de 1,2 milhão de hectares igualmente.

Em relação a safra 2012/13, até este meados de agosto os argentinos haviam negociado 59% do total colhido, contra 79% em igual momento do ano anterior.

Por outro lado, bastou entrarmos na entressafra e Chicago reagir um pouco para os prêmios em geral subirem fortemente. Assim, para setembro, os portos brasileiros indicam prêmio entre US$ 1,10 e US$ 1,50/bushel. Nos EUA, o Golfo do México indicava valores entre US$ 1,05 e US$ 1,25/bushel, enquanto em Rosário, na Argentina, o prêmio oscilou entre US$ 1,45 e US$ 1,65/bushel.

Esse contexto externo, associado a um câmbio que chegou a bater em R$ 2,32 durante a semana, voltou a elevar os preços da soja no Brasil, no disponível. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 59,12/saco, enquanto os lotes, na compra, registraram valores entre R$ 67,00 e R$ 67,50/saco no fechamento da semana. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 53,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 65,50/saco em Pato Branco (PR).

Para o futuro, o Paraná indicou valores de US$ 26,70/saco para março em Paranaguá. No Rio Grande do Sul, o FOB interior ficou em R$ 62,00/saco para maio, contra um disponível de R$ 71,50. No Mato Grosso, o saco ficou em R$ 52,00 para fevereiro/março na região de Rondonópolis. No Mato Grosso do Sul, a região de Dourados sinalizou R$ 50,00/saco para março. Em Goiás, valores de R$ 55,50/saco para fevereiro. Na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins os preços para maio ficaram respectivamente em R$ 54,50; R$ 54,10; R$ 55,80; e R$ 53,00/saco.

¹  Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.