Comentários referentes ao período entre 14/06/2013 a 20/06/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações do trigo subiram um pouco nesta semana, fechando a quinta-feira (20) em US$ 7,00/bushel, após US$ 7,07 na véspera e US$ 6,85/bushel uma semana antes.
Durante a semana, notícias a respeito das inspeções de exportação dos EUA, na semana encerrada em 13/06, deram conta de que o volume chegou a 587.611 toneladas. No total acumulado do novo ano comercial, iniciado em 01/06, o volume inspecionado chega a 1,14 milhão de toneladas, contra 1,18 milhão em igual momento do ano anterior.
Paralelamente, o USDA divulgou que, até o dia 16/06, a colheita do trigo de inverno nos EUA atingia a 11% da área, contra a média histórica de 25%. Já o plantio do trigo de primavera atingia 92% da área, contra 97% na média histórica.
Por outro lado, a Rússia informou que deverá colher 52 milhões de toneladas efetivamente neste ano de 2013/14, fato que permitiria exportar de 14 a 15 milhões de toneladas, contra 10 milhões projetadas ainda em março passado. Portanto, os russos terão mais trigo a ofertar ao mundo.
No Mercosul, o mercado continua parado, sem produto em oferta. Assim, os preços atuais são apenas nominais. A Argentina já teria semeado 30% da área esperada de 3,9 milhões de hectares. Os argentinos esperam colher 16 milhões de toneladas, contra 9 milhões no último ano. A nova projeção ultrapassa em três milhões de toneladas os números que se tinha até o momento para 2013/14. Dito isso, enquanto o preço nominal atual, na compra, é de US$ 350,00/tonelada em Bahia Blanca, para o momento da colheita a tonelada está cotada entre US$ 270,00 e US$ 280,00/tonelada. No Uruguai o problema continua sendo escoar o trigo de baixa qualidade que ainda resta, enquanto no Paraguai a tonelada da futura safra igualmente se fixa em US$ 270,00 para a compra. Diante disso, a indicação no porto brasileira para a nova safra, na compra, fica em US$ 265,00/tonelada (ao câmbio de hoje isso representa R$ 596,00/tonelada e a um câmbio normal – R$ 2,00 – a tonelada recua para R$ 530,00, ou seja, valores bem abaixo do que hoje o mercado interno vem praticando.
Aliás, no Brasil, diante da falta de trigo, especialmente o de qualidade superior, e da disparada cambial (R$ 2,25 por dólar no dia 20/06) que está inviabilizando as importações externas ao Mercosul, os lotes subiram fortemente nesta semana. O fechamento semanal ficou com valores entre R$ 880,00 e R$ 900,00/tonelada na compra, no Paraná, e em R$ 780,00/tonelada no Rio Grande do Sul. O balcão gaúcho se manteve na média de R$ 30,54/saco.
Na prática, o mercado comprador brasileiro está com forte dependência apenas dos leilões da Conab. Tanto é verdade que no último leilão, do dia 13/06, foram vendidas 97,9% das ofertas realizadas, num total de 55.700 toneladas. No Paraná, um dos lotes chegou a ser negociado a R$ 873,00/tonelada. Novos leilões estão programados para o dia 27/06, com um volume total de 70.372 toneladas.
Esse quadro de pressão altista deverá durar, diante de nosso novo contexto cambial, até o início da nova colheita, a partir de setembro, no Paraná. A partir daí, os preços tendem a recuar, sobretudo se a Argentina igualmente confirmar safra normal. Ou seja, no momento da colheita gaúcha, em particular (novembro), os preços poderão estar em torno do preço mínimo, talvez até um pouco mais baixos. Obviamente, isso tudo depende de muitos fatores que precisam ser atualizados com o passar das semanas.
Enfim, até meados de junho o Paraná havia semeado quase toda a área projetada para o cereal, havendo algumas regiões em atraso. No Rio Grande do Sul a semeadura chegava a 34% da área total, porém, havendo regiões com 55% a 65% da área cultivada, caso do Noroeste gaúcho.
Quanto a paridade de exportação, a um câmbio ao redor de R$ 2,22, a tonelada do trigo argentino chegava posto nos moinhos paulistas a R$ 902,00, fato que indicava, para o trigo do norte do Paraná, um valor no FOB interior de R$ 791,00/tonelada para que chegasse no mesmo patamar do produto do vizinho país.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.