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TRIGO – Análise semanal do mercado – 09/Ago/2013

Comentários referentes ao período entre 02/08/2013 a 08/08/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³

As cotações do trigo em Chicago cederam durante a semana, fechando a quinta-feira (08) em US$ 6,41/bushel, após US$ 6,58 uma semana antes.

Nos EUA, enquanto o mercado espera o relatório de oferta e demanda, previsto para este dia 12/08, as vendas líquidas de trigo, referentes ao ano comercial 2013/14, atingiram a 596.900 toneladas na semana encerrada em 25/07, recuando em relação as 661.400 toneladas da semana anterior e ficando 36% abaixo da média das últimas quatro semanas, segundo Safras & Mercado. Do total vendido, o Brasil comprou 88.300 toneladas na semana. Já as inspeções de exportação dos EUA, na semana encerrada em 01/08, atingiram a 692.985 toneladas, acumulando no ano comercial 2013/14, iniciado em 01/06, um total de 5,77 milhões de toneladas, contra 4,58 milhões em igual período do ano anterior.

Por sua vez, a Ucrânia anuncia um avanço em sua colheita, esperando um volume final de 19,5 milhões de toneladas, contra 15,8 milhões no ano anterior. Assim, o saldo para exportação chegaria a 8,0 milhões de toneladas naquele país. Já a Austrália informa que sua colheita de trigo, neste ano, deverá atingir a 25,5 milhões de toneladas, superando em 3,5 milhões o volume do ano anterior.

Nessas condições, os compradores internacionais se retraem esperando novas quedas nos preços internacionais do cereal até o final do ano.

Neste sentido, o Mercosul indicou preços ao redor de US$ 270,00/tonelada para o produto argentino entre dezembro/janeiro, na compra. Em Necochea a venda chegaria a US$ 280,00/tonelada. No câmbio atual (R$ 2,30) esse produto chegaria aos moinhos paulistas ao redor de R$ 805,00/tonelada, colocando o preço FOB nas regiões produtoras do Paraná ao redor de R$ 696,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

Aqui no Brasil, diante da entressafra, da menor oferta originária da safra passada, da falta de produto do Mercosul, e do esgotamento dos estoques públicos, os preços imediatos se mantêm elevados, pois a oferta está dependendo apenas da importação de trigo de países externos ao Mercosul. Tal trigo, que estava barato devido ao recuo dos preços mundiais e da retirada da TEC de 10%, até o dia 31/08, se tornou muito caro nestes últimos meses em função da forte desvalorização do Real. Assim, os preços internos seguem pressionados para cima no curto prazo. Auxilia para isso a confirmação de importantes quebras na safra do Paraná, devido as geadas de julho. Quebra esta que segue sendo estimada ao redor de 25% a 30%, porém, ainda sem confirmação. Por enquanto, continua a estimativa de que apenas 47% das lavouras paranaenses estariam em boas condições e 21% em condições ruins. O problema maior está ainda no fato de se quantificar a quebra de qualidade do trigo que será colhido.

Nesse contexto a produção brasileira deve recuar para níveis entre 4,8 e 5,0 milhões de toneladas em relação as 5,6 milhões inicialmente projetadas. No curto prazo, o mercado entra em ebulição a cada dia que passa, com os moinhos diminuindo a moagem devido a falta do grão. O preço para o consumidor final logo mais irá aumentar novamente nestas circunstâncias. Além disso, o Brasil poderá ter que importar 8 milhões de toneladas neste novo ano comercial, após as 7 milhões do ano que finda.

Apesar de tudo isso, o mercado espera a volta à normalidade, com preços mais baixos, a partir da entrada da nova safra, que agora será retardada no Paraná, e a colheita na Argentina e demais países do Mercosul. Neste último caso a produção será bem melhor e o volume a ser exportado de trigo daria conta da demanda brasileira.

E a normalidade no Brasil, apesar dos altos preços atuais, é de o preço do trigo retornar aos níveis do valor mínimo indicado pelo governo, incluindo o produto de qualidade superior.

Pelo sim ou pelo não, o fato é que os preços brasileiros fecharam a semana com o balcão gaúcho registrando R$ 33,46/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 820,00 e R$ 850,00/tonelada. No Paraná, os lotes se mantiveram entre R$ 920,00 e R$ 1.000,00/tonelada.

A boa notícia surgida na semana veio da Somar Meteorologia que apontou a reversão nas previsões da chegada de nova e forte massa de ar polar no sul do país a partir de 10/08. Segundo a mesma fonte, não haveria previsões de novas geadas na região pelos próximos 20 dias. Isso alivia o Paraná, porém, ainda está longe de aliviar os trigais gaúchos, os quais permanecem suscetíveis a intempéries do gênero até o início de outubro.

Enfim, na paridade de importação, o trigo dos EUA, nas condições de câmbio e logística atuais, chega aos moinhos paulistas ao redor de R$ 904,00/tonelada, colocando o produto do interior do Paraná a um valor de R$ 794,00/tonelada para ser competitivo. (cf. Safras & Mercado)

¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.