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TRIGO – Análise semanal do mercado – 16/Ago/2013

Comentários referentes ao período entre 09/08/2013 a 15/08/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³

As cotações do trigo em Chicago fecharam a semana em US$ 6,37/bushel no dia 15/08, após US$ 6,41 uma semana antes.

No caso deste cereal o relatório do USDA do dia 12/08 não trouxe grandes surpresas. O mesmo confirmou uma safra de 57,5 milhões de toneladas nos EUA, com estoques finais para 2013/14 em 15 milhões de toneladas (4,3% mais baixos do que os assinalados em julho). O patamar de preços médios aos produtores estadunidenses foi reduzido para níveis entre US$ 6,40 e US$ 7,60/bushel para este novo ano comercial.

Em termos mundiais, a produção está estimada agora em 705,4 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais ficariam em 173 milhões. A produção futura da Argentina e do Brasil está agora estimada em 12 e 4,75 milhões de toneladas, sendo que o Brasil importaria 7,5 milhões de toneladas do produto em 2013/14.

Dito isso, o USDA anuncia que 66% das lavouras do trigo de inverno estão entre boas a excelentes, 26% regulares e 8% ruins a muito ruins. O plantio deste mesmo trigo atingia a 92% em 11/08, contra 91% na média histórica. Já a colheita do trigo de primavera atingia a 6% em 11 de agosto, contra a média histórica de 24% nesta data.

Por sua vez, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, no ano comercial 2013/14, somaram 726.184 toneladas na semana encerrada em 01/08, sendo que o principal destino foi o Brasil que comprou 169.500 toneladas.

Enquanto isso, na Argentina o plantio estaria encerrado, com 3,78 milhões de hectares semeados. Em clima normal, o vizinho país espera chegar próximo a 15 milhões de toneladas produzidas, embora o USDA avance apenas 12 milhões em projeção.

Paralelamente, no Mercosul os preços para a safra nova, com embarques em dezembro e janeiro, nos portos argentinos, oscilam entre US$ 270,00 e US$ 275,00/tonelada, na compra. A esses preços, o produto chega posto nos moinhos paulistas ao redor de R$ 810,00/tonelada. Com isso, a paridade de importação, para o produto do interior do Paraná, ficaria em torno de R$ 700,00/tonelada. Portanto, bem mais baixos do que os atuais R$ 1.000,00/tonelada praticados.

Já no Brasil, no curto prazo, a absoluta falta de produto e a forte dependência de importações da América do Norte, encarecidas por um dólar que não pára de se valorizar, mantêm os preços da tonelada de trigo entre R$ 850,00 e R$ 880,00 no Rio Grande do Sul e entre R$ 940,00 e R$ 1.000,00 no Paraná.

A situação deve se prolongar por mais tempo já que a quebra de safra no Paraná é uma realidade, podendo ser ainda maior a partir das novas geadas desta semana. Neste contexto, enquanto já se projeta uma safra nacional entre 4,8 e 5,0 milhões de toneladas, tanto a Conab quanto o IBGE divulgaram dados totalmente defasados durante a semana, apontando um volume final brasileiro ainda entre 5,6 e 5,8 milhões de toneladas.

Por outro lado, vale destacar que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio informou que entre agosto/12 e julho/13 o Brasil importou 7,01 milhões de toneladas de trigo em grão, sendo 4,46 milhões da Argentina, 1,02 milhão dos EUA, 824.000 toneladas do Paraguai, 418.000 toneladas do Uruguai e 105.000 toneladas do Canadá. O total comprado dos EUA é o maior desde 1997/98, já que este país tem sido quase a única fonte viável de oferta nestes últimos meses. Já o montante comprado em farinha alcançou a 653.000 toneladas em equivalente-grão, enquanto a pré-mistura chegou a 116.000 toneladas. Assim, no total do ano comercial 2012/13 o Brasil importou, em equivalente-grão, 7,66 milhões de toneladas de trigo. Os três parceiros do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) participaram com 5,88 milhões do total, ou 76,8%. No ano comercial considerado, o Brasil exportou 1,52 milhão de toneladas, resultando em estoques finais totais (unicamente em mãos do setor privado no momento) de 1,15 milhão de toneladas, ou seja, o menor estoque final desde 2007/08.

Esse conjunto de fatos mantém o preço de balcão, na média gaúcha, ao redor de R$ 34,55/saco, enquanto o trigo de qualidade superior tipo pão atinge, nos três estados do sul do país, valores que superam os R$ 40,00/saco neste meados de agosto. Novas baixas de preço são esperadas apenas para o final do ano, dependendo dos volumes e da qualidade do produto que o Brasil terá colhido, assim como o restante do Mercosul.

¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.