Home » Publicações » Agronegócio » Análise do mercado de Soja – 01/Jul/2013

Análise do mercado de Soja – 01/Jul/2013

Comentários referentes ao período entre 21/06/2013 a 27/06/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²

Em Chicago as cotações da soja pouco mudaram de comportamento neste final de junho. O fechamento de quinta-feira (27) ficou em US$ 15,48/bushel, contra US$ 15,34 na véspera e US$ 14,97 uma semana antes. Nota-se, portanto, uma retomada das cotações para o primeiro mês cotado (julho). Já para os meses futuros, o mercado voltou a recuar, com novembro fechando a semana em US$ 12,75/bushel, após US$ 12,85 uma semana antes. Assim, a diferença para menos entre o mês atual e novembro aumentou para US$ 2,73/bushel. Vale ainda anotar a forte especulação altista sobre o farelo, que fechou em US$ 479,60/tonelada curta o pregão deste dia 27/06, enquanto o óleo de soja caiu para 46,40 centavos de dólar por libra-peso no mesmo dia, valor que não era visto desde o dia 08 de outubro de 2010. Portanto há quase três anos!

A grande expectativa do mercado é para o relatório definitivo de plantio nos EUA, programado para esta sexta-feira (28), o qual comentaremos com detalhes no próximo boletim. Por enquanto, o sentimento do mercado é que haverá sim um aumento na área de soja em detrimento do milho. A área de soja poderá ser superior a do ano passado e da indicada na intenção de plantio do final de março/13. O mercado avança números de 31,57 milhões de hectares, contra 31,24 milhões semeados no ano passado e 31,21 milhões de hectares projetados em março.

Neste dia 28/06 igualmente será divulgado o estoque trimestral de soja nos EUA, posição em 1º de junho. O mercado espera um volume de 11,97 milhões de toneladas, contra 27,19 milhões em 1º de março passado e 18,15 milhões em 1º de junho de 2012. Um número maior do que o esperado pelo mercado tende a ser baixista para as cotações no início da próxima semana.

Quanto ao plantio da oleaginosa nos EUA, até o dia 23/06 o mesmo atingia a 92% da área, contra 95% na média histórica para esta época.

Ao mesmo tempo, na semana passada as vendas líquidas de soja por parte dos EUA recuaram para 161.000 toneladas enquanto o mercado esperava volume entre 350.000 e 600.000 toneladas. Isso impactou negativamente no mercado em alguns dias da semana. Talvez, aos poucos, o mercado mundial esteja passando a comprar maiores volumes da América do Sul, apesar das enormes dificuldades portuárias existentes.

Tanto é verdade a continuidade dos problemas nos portos que a disponibilidade de soja nestes locais sul-americanos é grande e os prêmios voltaram a ser negativos, inclusive em Rio Grande. Nesta última semana de junho os mesmos ficaram entre zero e menos 15 centavos de dólar por bushel no porto gaúcho, enquanto nos demais portos brasileiros os prêmios oscilaram entre menos 48 e menos 62 centavos de dólar. Na Argentina os prêmios ficaram entre zero e 35 centavos positivos e no Golfo do México (EUA), na atual entressafra local, prêmios positivos entre 85 e 90 centavos de dólar por bushel.

Paralelamente, no mercado internacional, a China confirmou importações de 5,1 milhões de toneladas de soja em maio, com recuo de 3,4% sobre o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano o volume alcança 20,57 milhões de toneladas, com recuo de 12,2% sobre os primeiros cinco meses do ano de 2012. (cf. Safras & Mercado)

Na Argentina, segue a controvérsia quanto ao volume final de sua safra de soja. A Bolsa de Buenos Aires sustenta que a colheita terminou e o volume definitivo ficou em 48,5 milhões de toneladas, enquanto o governo local informa um volume de 50,2 milhões de toneladas. Pelo sim ou pelo não, um volume abaixo das expectativas iniciais que chegaram a cogitar números entre 55 e 57 milhões de toneladas.

No mercado brasileiro, os preços continuaram pressionados particularmente pelo câmbio, embora este tenha recuado um pouco, com o Real se valorizando e alcançando a casa dos R$ 2,18 por dólar neste dia 27/06. Mesmo assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 62,65/saco, enquanto os lotes ficaram estacionados entre R$ 68,50 e R$ 69,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes registraram valores na compra entre R$ 54,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 65,50/saco em Pato Branco (PR). Na BM&F/Bovespa o contrato julho/13 fechou a semana em US$ 31,66/saco, enquanto agosto ficou em US$ 31,84 e novembro em US$ 28,48/saco.

Especula-se que as indústrias moageiras poderiam, mais uma vez, ficar sem soja em algumas regiões do país no segundo semestre, apesar da safra recorde. Algo ainda a ser confirmado, pois a realidade do mercado não permite aceitar tal realidade, salvo uma falta absurda de planejamento ou tentativa deliberada de manter os preços internos artificialmente elevados por mais algum tempo.

Enfim, os preços futuros da soja ficaram assim indicados: no Paraná, o valor de compra no porto de Paranaguá, para março/14, atingiu a US$ 27,10/saco (ao câmbio atual, R$ 59,08/saco), contra os atuais R$ 69,50/saco no disponível. A diferença para menos, mesmo com o atual câmbio, é superior a R$ 10,00/saco; no Rio Grande do Sul, o FOB interior para maio/14 registrou R$ 59,50/saco, contra R$ 69,00/saco na compra atualmente no disponível; no Mato Grosso (Rondonópolis), para março/14 valor de R$ 50,50; no Mato Grosso do Sul, para o mesmo mês, valor de R$ 49,50/saco; em Goiás a soja para fevereiro/14 recuou para US$ 23,00/saco (ao câmbio de hoje R$ 50,14/saco); na região de Brasília o preço de compra para abril/14 atingiu a R$ 53,00/saco; em Minas Gerais (Uberlândia), para março/14, o saco foi cotado a R$ 53,00 na compra; na Bahia, para maio/14, valor de R$ 52,50/saco na compra; para o mesmo mês o Maranhão registrou R$ 50,10/saco, o Piauí R$ 52,30/saco e Tocantins R$ 49,60/saco. (cf. Safras & Mercado)
?
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.