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Análise – Mercado de Soja – 17/06/2013

Comentários referentes ao período entre 07/06/2013 a 13/06/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²

As cotações da soja, após subirem durante esta semana, atingindo a US$ 15,40/bushel, recuaram na quinta-feira (13) para US$ 15,10/bushel, sob efeito do relatório do USDA, anunciado no dia 12/06 e do encaminhamento do plantio nos EUA. O mês de novembro fechou o dia 13/06 em US$ 13,00/bushel, mantendo em US$ 2,10 a diferença entre o presente e o final do semestre em Chicago.

No fundo, as condições do mercado continuam as mesmas das semanas anteriores. No curto prazo, pressão sobre os preços, pela demanda mais sustentada, embora a safra sul-americana já comece a entrar com mais intensidade no mercado, e no longo prazo cotações mais fracas pela tendência de produção cheia nos EUA e recuperação dos estoques mundiais da oleaginosa.

Nesse sentido, o relatório do USDA confirmou o seguinte:

-mesma área a ser semeada nos EUA do que o indicado em maio, ou seja, 31,2 milhões de hectares (não houve, portanto, transferência de área do milho para a soja, nesse relatório);
-produção final nos EUA permanece projetada em 92,2 milhões de toneladas em clima normal;
-estoques finais nos EUA, para 2013/14 em 7,2 milhões de toneladas;
-patamar de preços um pouco mais elevado, ficando agora entre US$ 9,75 e US$ 11,75/bushel para o novo ano (muito abaixo do que o mercado vem praticando no momento);
-produção mundial mantida em 285,3 milhões de toneladas;
-estoques finais mundiais em 73,7 milhões de toneladas;
-importações chinesas mantidas em 69 milhões de toneladas, contra 59 milhões no atual ano comercial.

Além de um movimento de vendas para auferir lucros, a quinta-feira (13) pode ter dado início a uma reestruturação dos preços na lógica de um mercado mais ofertado para o segundo semestre. Todavia, isso ainda é muito cedo para ser conclusivo, embora todas as indicações apontem para esse quadro, especialmente no último trimestre do ano.

Tanto é verdade que o plantio de soja nos EUA, até o dia 09/06, chegou a 71% contra 84% na média histórica, mostrando que o mesmo se aproxima da normalidade.

Paralelamente, os prêmios continuaram negativos nos portos brasileiros, exceção feita a Rio Grande que fechou a semana com valores entre 5 e 15 centavos de dólar por bushel positivos. No restante do país, prêmios entre menos 38 e menos 55 centavos de dólar. Nos EUA os prêmios ficaram positivos entre 70 e 82 centavos de dólar e na Argentina (Rosário) negativos entre 20 e 40 centavos. Todos eles para junho.

No mercado brasileiro, puxados principalmente pela desvalorização do Real (cerca de 10% nas últimas três semanas), os preços da soja voltaram a subir. O balcão gaúcho fechou na média de R$ 61,21/saco enquanto os lotes ficaram entre R$ 68,00 e R$ 69,00/saco. Nas demais praças brasileiras os lotes oscilaram entre R$ 57,00 e R$ 65,00/saco.
Todavia, é bom lembrar que o governo vem fazendo esforços para trazer o câmbio novamente para a paridade de R$ 2,00, fato que pode ocorrer nas próximas semanas se os mecanismos postos em prática surtirem efeito (aumento do juro básico, zeramento do IOF para a entrada de dólares no país, correção do déficit em transações correntes, facilitando a entrada de divisas estrangeiras eetc…). Além disso, como se vê, Chicago igualmente pode ceder bastante em caso de clima normal nos EUA.

Dito isso, os preços futuros em Goiás, por exemplo, ficaram em US$ 23,20/saco para fevereiro/14. Ao câmbio deste final de semana (R$ 2,13), tal valor corresponde a R$ 49,42/saco contra um valor de R$ 60,00/saco no disponível atualmente. Na região de Brasília, para abril/14, valores ao redor de R$ 51,00/saco. Já na Bahia, para maio/14, valores ao redor de R$ 52,00, contra R$ 55,00/saco no disponível hoje. No Maranhão, também para maio/14, valor de R$ 51,70/saco. No Rio Grande do Sul, no FOB interior, valores em R$ 60,50/saco para maio/14. (cf. Safras & Mercado)Todos preços muito bons, a julgar pela tendência futura, e que merecem serem constituir uma média na futura comercialização.

¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.