A cotação da soja, para o primeiro mês, subiu nesta semana, em recuperação técnica após os recuos das semanas anteriores. O fechamento desta quinta-feira (07) ficou em US$ 9,81/bushel. O mercado chegou a atingir US$ 9,93/bushel no dia 05/05, após US$ 9,68 no dia 1º de maio. A média de abril ficou em US$ 9,72/bushel, após US$ 9,78 em março.
O ajuste técnico altista tem por base os números razoáveis de exportação por parte dos EUA. As vendas líquidas para 2014/15, ano comercial iniciado em 1º de setembro passado, ficaram em 433.400 toneladas na semana encerrada em 23/04. Para 2015/16 as vendas alcançaram 118.500 toneladas. As inspeções estadunidenses de soja somaram 472.066 toneladas, acumulando um total de 46 milhões de toneladas no atual ano comercial.
Além disso, o mercado se posiciona em relação ao próximo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/05. O mesmo deverá trazer as primeiras projeções para a nova colheita 2015/16, cujo plantio da safra se desenvolve nesse momento. Nesse sentido, o avanço do plantio do milho esfriou um pouco a expectativa de que uma área ainda maior de soja venha a ser semeada em substituição ao cereal.
No caso da soja, o plantio estadunidense avança bem, tendo chegado a 13% da área no dia 03/05, contra a média histórica de 9% nesta época.
Enfim, o recuo do dólar no mercado mundial e o aumento do preço do petróleo, valorizando o biodiesel, ajudaram a dar o tom mais altista da semana. A greve nos portos argentinos, atrasando embarques, igualmente ajudou no processo altista semanal.
Entretanto, ainda o cenário fundamental não permite muita recuperação de preço já que a América do Sul está encerrando uma colheita recorde e o clima nos EUA transcorre bem, projetando mais uma safra cheia.
Em termos sul-americanos, a Argentina chegou a 60% de sua área colhida até o dia 30/04. No Brasil, a colheita está praticamente encerrada, com o Rio Grande do Sul, nesta data, precisando colher os 2% finais de área. Vale registrar que, segundo a Emater/RS, a colheita gaúcha será ainda maior do que o esperado, devendo atingir ao redor de 15,2 milhões de toneladas. Já a brasileira estaria chegando ao redor de 94 milhões de toneladas.
Nesse contexto geral, haverá ampla oferta mundial de soja a partir da colheita dos EUA, em setembro/outubro. Assim, apenas o clima poderá provocar volatilidades mais agudas até lá, salvo algum acontecimento anormal no cenário político-econômico mundial.
No Brasil, os preços melhoraram um pouco, pois além de Chicago o câmbio voltou a trabalhar com um Real um pouco mais desvalorizado, ou seja, entre R$ 3,00 e R$ 3,08 por dólar. Com isso, a média gaúcha no balcão subiu para R$ 59,53/saco, enquanto os lotes atingiram valores entre R$ 65,00 e R$ 65,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 55,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 63,00/saco em Pato Branco (PR).
A tendência é de preços nestes níveis, dependendo particularmente das oscilações cambiais nas próximas semanas. Caso o clima nos EUA continue normal e o plantio avance bem naquele país, a partir do relatório do dia 12/05 poderá tomar um recuo mais baixista, embora venha encontrando forte resistência para romper o piso dos US$ 9,50/bushel, assim como não tem conseguido romper o teto dos US$ 10,00/bushel. Nestas condições externas, e diante de uma colheita recorde no Brasil, os preços nacionais dependerão muito do comportamento cambial. Aliás, algo que já vem ocorrendo nos últimos dois meses.
Fonte: CEEMA