As cotações da soja sofreram forte baixa durante esta semana, culminando com uma queda de 18 pontos apenas no dia 09/04, após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA. Com isso, o fechamento deste dia ficou em US$ 9,53/bushel. Esse foi o menor valor desde meados de outubro do ano passado.
O relatório do USDA, na verdade, trouxe poucas novidades, pois ainda refletiu o resultado da safra passada. O mesmo apenas confirmou a colheita de 108 milhões de toneladas nos EUA e reduziu um pouco os estoques finais estadunidenses, para 2014/15, fixando os mesmos em 10,07 milhões de toneladas. Não modificou os números projetados para a colheita do Brasil e da Argentina, mantendo respectivamente 94,5 milhões e 57 milhões de toneladas. Os preços médios aos produtores dos EUA ficaram entre US$ 9,60 e US$ 10,60/bushel para o corrente ano comercial, o que indica um valor superior ao atualmente praticado. Em termos mundiais, duas confirmações: uma produção mundial recorde, de 315,5 milhões de toneladas de soja; e estoques finais elevados, ao redor de 89,6 milhões de toneladas.
A esse quadro se somou um dólar que continua forte no cenário internacional e a possibilidade, cada vez mais concreta, de atraso no plantio do milho, fato que elevaria ainda mais a área a ser semeada com soja nos EUA.
Além disso, as vendas externas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 26/04, recuaram 92% em relação à média das quatro semanas anteriores. As inspeções de exportação, por sua vez, ficaram em 564.823 toneladas na semana encerrada em 02/04, acumulando no ano comercial atual um total de 44,9 milhões de toneladas, contra 40,7 milhões no mesmo período do ano anterior.
Assim, o cenário fundamental continua baixista, pressionado ainda pelo firme avanço da colheita sul-americana.
Enquanto no Brasil a colheita avança para o final, na Argentina a área cortada chegava a 7% no final de semana da Páscoa. Os argentinos esperam um volume de 58,5 milhões de toneladas finais, ou seja, maior do que o estimado pelo USDA.
A semana fechou com os prêmios nos portos brasileiros (teóricos e não efetivamente praticados) variando entre 40 e 78 centavos de dólar por bushel. Nos EUA, o Golfo cotou o prêmio entre 69 e 70 centavos o bushel, enquanto em Rosário (Argentina) o mesmo ficou entre 20 e 73 centavos de dólar por bushel.
No Brasil, além do recuo em Chicago, pesou sobre os preços a revalorização do Real. No final do dia 09/04 a moeda estadunidense estava em R$ 3,04. Com isso, a média gaúcha no balcão recuou para R$ 62,97/saco, enquanto os lotes fecharam a semana entre R$ 64,00 e R$ 64,50/saco, perdendo dois reais por saco em uma semana. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 53,00/saco em Chapadão do Sul e São Gabriel (MS) e R$ 62,50/saco em Pato Branco (PR). (cf. Safras & Mercado)
Na BM&F de São Paulo, o contrato maio/15 fechou a semana na média de US$ 21,48/saco, enquanto julho ficou em US$ 21,53/saco.
Em o câmbio se acomodando ao redor de R$ 2,90-R$ 3,00, diante das atuais cotações de Chicago, a tendência é de os preços nacionais da soja recuarem de maneira mais forte na próxima semana.
A colheita brasileira de soja atingiu a 75% da área em 02/04, sendo 65% no Rio Grande do Sul (50% na média histórica desta época), 90% no Paraná e 97% no Mato Grosso. Enquanto isso, a comercialização desta nova safra chegava, na mesma data, a 50% do volume total esperado, contra a média histórica de 64% no país. No Paraná o volume vendido era de 35% contra 50% na média, e no Mato Grosso 65% negociado, contra 77% na média.
Fonte: CEEMA