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Análise Semanal do Mercado do Trigo – 18/Abr/2015

As cotações do trigo em Chicago despencaram durante a semana, fechando a quinta-feira (16) em US$ 4,94/bushel, após US$ 4,90 na véspera e US$ 5,36 no dia 02/04.

No mercado dos EUA, apesar das recentes chuvas os analistas consideram que seria necessário mais umidade para garantir uma boa produção local. Tanto é verdade que até o dia 12/04 as condições das lavouras do trigo de inverno pioraram, com 42% entre boas a excelentes, 39% em situação regular e 19% entre ruins a muito ruins. Por sua vez, o plantio do trigo de primavera alcançava 17% da área estimada, contra 11% na média histórica.

Já as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA atingiram a 319.900 toneladas na semana encerrada em 02/04, ficando 16% acima da média das quatro semanas anteriores. A China teria comprado 57.500 toneladas deste volume. Enquanto isso, para o ano comercial 2015/16 as vendas alcançaram 36.800 toneladas. Ao mesmo tempo, as inspeções de exportação de trigo estadunidense, na semana encerrada em 09/04 atingiram a 445.674 toneladas, acumulando no ano comercial atual, iniciado em 1º de junho/14, um total de 44,9 milhões de toneladas, contra 40,9 milhões no ano anterior.

Na Argentina, os preços nos portos de exportação permaneceram entre US$ 200,00 e US$ 240,00/tonelada. Com base nesse último preço o produto argentino chegaria posto nos moinhos paulistas, ao câmbio de hoje, em R$ 935,00/tonelada. A paridade de importação, para o produto do interior do Paraná e do Rio Grande do Sul, fica respectivamente em R$ 828,00 e R$ 779,00/tonelada.

Ainda na Argentina, o governo local deverá liberar nesta próxima semana entre 500.000 e um milhão de toneladas de trigo para exportação.

No mercado brasileiro, os preços voltaram a subir no balcão gaúcho, fechando a semana em R$ 27,25/saco. Nos lotes, os mesmos ficaram ao redor de R$ 600,00/tonelada ou R$ 36,00/saco. Já no Paraná os lotes permaneceram entre R$ 700,00 e R$ 730,00/tonelada, ou seja, entre R$ 42,00 e R$ 43,80/saco.

O mercado interno de trigo continua apresentando baixo volume de negócios no Rio Grande do Sul, pela falta de produto de qualidade da última safra. Ao mesmo tempo, o produto de qualidade ruim já foi exportado para outros países, enquanto o produto da excelente safra de 2013 fica na espera de preços ainda melhores. Hoje, o trigo brasileiro está sendo ofertado cerca de 12% mais barato do que o produto argentino. Além disso, a entressafra ainda tem quatro meses pela frente, já que os primeiros trigos serão colhidos em setembro, fato que pode resultar em melhorias de preços nas próximas semanas. Todavia, deve-se alertar para o fato de que, nesse momento, o Real voltou a se apreciar, atingindo mesmo R$ 3,01 neste dia 16/04, fato que torna as importações mais baratas em relação aos negócios realizados em março e início de abril. Diante disso, os produtores podem voltar a vender trigo pressionando os preços para baixo no curto prazo. Pelo sim ou pelo não, o fato é que diante do atual câmbio as paridades de importação não têm subido, freando novas altas no mercado interno brasileiro, salvo pontualmente.

Dito isso, a Conab aponta que para 2015 a safra de trigo ficará em 5,97 milhões de toneladas, ou seja, idêntica a de 2014. Já o IBGE difere completamente, pois avança uma projeção de 7,7 milhões de toneladas sobre uma área semeada de 2,8 milhões de hectares, ou seja, idêntica a do último ano. O Paraná assistiria a um recuo de apenas 0,5% na área, com a mesma chegando a 1,35 milhão de hectares e sua produção poderia chegar a 4,04 milhões de toneladas, ou seja, 4,5% superior a registrada no ano passado.

Enfim, Safras & Mercado adianta uma área a ser semeada ao redor de 2,67 milhões de hectares no Brasil, com um recuo de 6% sobre 2014. Todavia, a produção final está estimada em 7,39 milhões de toneladas, contra 6,3 milhões deste último ano, sendo que o recuo na área do Paraná seria de 5% e na área gaúcha de 8%.

Como se percebe, há muita disparidade nas projeções para a nova safra de trigo. Em nosso entender, considerando o comportamento médio do clima no sul do país durante o inverno, as projeções da Conab parecem ser mais plausíveis, embora em clima positivo na região produtora os números do IBGE e de Safras são plenamente alcançáveis em termos de produção final nacional.

Fonte: CEEMA