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Análise Semanal do Mercado da Soja – 13/Mar/2015

Soja

O fechamento desta quinta-feira (12) na Bolsa de Cereais de Chicago mostrou que os preços da soja continuam estáveis. O mesmo ficou em US$ 9,90/bushel, considerando o mês de maio, que passa a ser o primeiro mês cotado a partir desta próxima segunda-feira (16).

Nesse contexto, o relatório do USDA, anunciado no dia 10/03, não trouxe novidades, confirmando uma safra de 108,1 milhões de toneladas colhida nos EUA em novembro passado, estoques finais acima de 10 milhões de toneladas para o corrente ano comercial, assim como manteve a estimativa de safra brasileira em 94,50 milhões de toneladas (governo e analistas privados nacionais consideram que a safra venha menor, entre 90 e 93 milhões de toneladas) e a da Argentina em 56 milhões de toneladas (o governo local estima 58 milhões de toneladas). A produção e os estoques finais mundiais se mantiveram em 315,06 milhões e 89,5 milhões de toneladas respectivamente. O preço médio para o bushel de soja aos produtores dos EUA, em 2014/15, permaneceu igualmente entre US$ 9,45 e US$ 10,95.

O mercado, na verdade, aguarda com grande expectativa o relatório de intenção de plantio nos EUA, previsto para o dia 31/03. O mesmo irá definir os rumos das cotações em Chicago a partir de então, na medida em que a colheita brasileira e argentina avançam normalmente.

Além disso, houve revisão para baixo na estimativa de crescimento do PIB da China, com a mesma ficando agora em 7% para 2015. Embora esse fator não atinja diretamente o consumo de alimentos, deixa o mercado receoso em relação a uma possível freada na demanda chinesa por soja. Afinal, a expansão econômica para este ano, se confirmada, será a mais baixa dos últimos 22 anos na China. Entretanto, por enquanto a demanda chinesa por importações está apontando um aumento para 77,5 milhões de toneladas no próximo ano comercial 2015/16, a ser iniciado em 1º de outubro do corrente ano. No atual ano comercial 2014/15 as importações chinesas estão previstas em 73 milhões de toneladas.

Assim, apenas problemas pontuais, tipo a possibilidade de um retorno da greve dos caminhoneiros no Brasil, causa alguma recuperação nas cotações em Chicago. As demais notícias são todas baixistas ou, pelo menos, no sentido de conservar os preços da oleaginosa entre US$ 9,00 e US$ 10,00/bushel. Dentre eles destacam-se três: a safra recorde sul-americana, apesar de um pequeno recuo nas estimativas de produção no Brasil; um dólar que se mantém forte no cenário mundial; e o petróleo que se mantém com preços baixos internacionalmente.

Dito isso, as inspeções de exportação estadunidense de soja alcançaram 625.713 toneladas na semana encerrada em 05/03, acumulando no atual ano comercial iniciado em setembro passado um total de 42,5 milhões de toneladas, contra 38 milhões um ano antes na mesma época.

Ainda em termos internacionais, a produção chinesa de soja em 2015/16 não deverá ultrapassar 11,7 milhões de toneladas, após 12 milhões no corrente ano. A produção total de oleaginosas somará 55,6 milhões de toneladas, contra 57 milhões um ano antes.

Em termos de prêmios nos portos, os mesmos continuam recuando na medida em que a safra brasileira avança. Só não caíram mais nas últimas semanas devido a greve dos caminhoneiros que, por enquanto, está suspensa. Assim, o prêmio no Brasil, para março, variou entre 34 centavos e 85 centavos de dólar por bushel na semana. No Golfo do México (EUA) os mesmos ficaram entre 63 e 66 centavos, enquanto na Argentina, Rosário registrou valores entre 14 e 75 centavos de dólar por bushel.

Aqui no Brasil, a grande vedete continua sendo o câmbio. O mesmo chegou a bater em R$ 3,17 em alguns momentos da semana, recuando posteriormente para valores ao redor de R$ 3,14 por dólar. Ora, a moeda brasileira já está muito desvalorizada. Segundo a paridade de poder de compra a mesma deveria se estabilizar entre R$ 2,75 e R$ 2,90. Assim, esperando que as conturbações políticas e os desajustes entre o executivo e o legislativo sejam superados, é provável que o câmbio recue para tais níveis. No entanto, tudo irá depender da realização efetiva dos ajustes fiscais que o governo iniciou no final de 2014 e necessariamente precisam acontecer no país.

Com isso, embora a soja em Chicago tenha perdido ao redor de 30% de seu valor em relação a julho do ano passado e 45% em relação ao seu recorde obtido em setembro de 2012, o saco de soja em reais conseguiu fechar a semana na média de R$ 60,63/saco no balcão gaúcho. Já os lotes ficaram entre R$ 66,00 e R$ 66,50/saco. No restante do país, os lotes oscilaram entre R$ 56,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 65,50/saco na região de Pato Branco (PR). São preços excelentes pelas perspectivas que se tinha antes da disparada cambial, embora ainda não alcancem os valores médios registrados nos dois últimos dois anos. Nas condições de hoje, em um câmbio de R$ 2,25 e/ou de R$ 2,70, o preço de balcão gaúcho estaria em R$ 45,00/saco e/ou R$ 53,50/saco respectivamente. Ou seja, graças ao câmbio, o produtor gaúcho (referência) está obtendo R$ 15,63/saco a mais no primeiro caso e R$ 7,13/saco a mais no segundo caso.

O problema deste comportamento é que a realidade das próximas safras tende a ser totalmente oposta, com custos extremamente altos e preços médios relativos bem mais baixos. Por isso que a receita de se vender parte da safra antecipadamente, visando a realização de média, continua sendo importante.

Nesse sentido, no Brasil, o mês de março iniciou com 40% da safra já comercializada antecipadamente. Na mesma época do ano passado as vendas atingiam a 57% do total, o que mostra que as vendas antecipadas estão bem menos intensas neste ano. E, diante deste distúrbio cambial atual, mais ainda os produtores tendem a esperar. O Centro-Oeste brasileiro vendeu 49% antecipadamente, contra 67% um ano antes. A colheita brasileira, até o início de março, atingia a 29% da área total, contra 33% na média histórica. (cf. AgRural)

Enfim, em termos de produção final de soja, o Rio Grande do Sul caminha para um recorde histórico, agora estimado em 14,8 milhões de toneladas segundo a Emater. O ponto de interrogação, nesse caso, é em quanto a ferrugem asiática diminuirá tal estimativa. Em muitos casos, haverá volume, porém, o peso do grão se reduz consideravelmente devido ao problema, fato que tirará renda final do produtor. A produtividade média, por enquanto, está calculada em 2.896 quilos/hectare no Rio Grande do Sul.

Fonte: CEEMA