As cotações do milho se elevaram um pouco na semana, fechando a quinta-feira em US$ 3,79/bushel em Chicago, após US$ 3,86 na véspera. Uma semana antes o bushel havia sido cotado em US$ 3,61. Tal comportamento se deu em função do relatório do USDA, anunciado no dia 11/09, o qual foi altista para o cereal.
O referido relatório indicou uma safra de 345,1 milhões de toneladas nos EUA, a qual já está em processo de colheita. Esse número é 2,5 milhões de toneladas inferiores ao volume indicado em agosto. Já os estoques finais nos EUA foram reduzidos para 40,4 milhões de toneladas, contra 43,5 milhões em agosto. Com isso, o patamar de preços médios aos produtores dos EUA, para 2015/16, foi elevado para US$ 3,45-US$ 4,05/bushel. Em termos mundiais, o relatório reduziu a safra global para 978,1 milhões de toneladas (7,5 milhões a menos do que o anunciado em agosto), enquanto os estoques finais mundiais recuam para 189,7 milhões de toneladas, contra 195,1 milhões em agosto. A produção brasileira seria de 79 milhões de toneladas e a argentina de 25 milhões. A projeção é de exportações brasileiras ao redor de 24 milhões de toneladas.
Entretanto, os preços não subiram mais porque a pressão da colheita estadunidense se faz sentir a partir de agora. Até o dia 13/09 a mesma atingia a 5% da área, ficando abaixo da média histórica que é de 9% para a época. Ao mesmo tempo, contrariamente à soja, as condições das lavouras permaneceram iguais ao anunciado na semana anterior, ou seja, 68% entre boas e excelentes, 22% regulares e 10% entre ruins a muito ruins.
Dito isso, na Argentina a tonelada de milho FOB viu seu preço melhorar um pouco nesta semana, com o produto subindo para US$ 163,00. Enquanto isso, no Paraguai a tonelada permaneceu, na média, em US$ 100,00.
Aqui no Brasil, os preços médios melhoraram puxados especialmente pela desvalorização do Real. A média gaúcha na semana ficou em R$ 24,95/saco, enquanto os lotes registraram R$ 30,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 17,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 29,00/saco nas regiões catarinenses de Videira, Concórdia e Campos Novos, além de Pato Branco (PR). Um ano atrás, o balcão gaúcho pagava R$ 22,12/saco, enquanto os lotes eram cotados a R$ 23,00/saco. No Nortão do Mato Grosso os lotes estavam em R$ 12,50/saco, enquanto em Santa Catarina oscilavam entre R$ 23,00 e R$ 23,50/saco. Ou seja, a recuperação dos preços neste mês de setembro permite que o milho se valorize um pouco mais do que a inflação oficial destes últimos 12 meses, que é de 9,5%.
É bom frisar que, no sul do Brasil, fortes geadas ocorreram no final de semana entre o 10 e o 13/09, fato que deverá ter provocado perdas nas lavouras recentemente semeadas. Resta esperar para ver o quanto deste milho terá capacidade de rebrote e o quanto desta área atingida será replantada ou, então, será transferida para a soja, fato que reduzirá a projeção da colheita de verão do cereal.
Nesse contexto, no momento, alimentados por um câmbio anormal, os preços do milho no porto de Santos chegaram a R$ 36,00/saco durante a semana, enquanto em Paranaguá bateram em R$ 34,00/saco. Essa forte alta nos portos acaba puxando os preços nas regiões produtoras, mesmo aquelas com safrinha. Em Campinas o referencial de preços oscilou entre R$ 32,50 e R$ 33,00/saco. Nesse quadro, quem tem milho tenta esperar para vender, especulando preços ainda mais elevados. O problema é que o espaço para novas desvalorizações importantes do Real está praticamente inexistente na medida em que o país já perdeu o grau de investimento (o mercado havia precificado antes o fato) e o governo reage com medidas econômicas para acelerar o ajuste fiscal. Resta saber o que ocorrerá no front político, onde a pressão pela saída da presidente Dilma tem aumentado.
Pelo lado das exportações, mesmo com um câmbio extremamente favorável, os volumes ainda não são significativos. A primeira quinzena de setembro registra apenas 1,06 milhão de toneladas vendidas pelo Brasil.
A tendência indica que, em continuando a volatilidade cambial, os preços do milho se mantêm firmes. Em se acomodando o câmbio (o que se espera que ocorra até o final do ano), os preços podem recuar pela pressão da oferta e dificuldades de exportação até o momento. No entanto, as intempéries no sul do país podem localmente elevar os preços do cereal já que Rio Grande do Sul e Santa Catarina são tradicionais importadores de milho.
Enfim, ajuda a manter firme o preço do cereal no país o fato de que os compradores têm necessidade do cereal, sendo obrigados a aceitar preços mais elevados oferecidos pelos vendedores.
A semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 52,43/saco para o produto dos EUA e R$ 48,09/saco para o produto argentino, ambos para setembro. Já o produto argentino para outubro ficou em R$ 50,39/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ 33,55/saco para setembro; R$ 33,88 para outubro; R$ 34,17 para novembro; R$ 33,99 para dezembro; R$ 34,98 para janeiro; R$ 34,79 para fevereiro; e R$ 35,09/saco para março. (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA