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Análise Semanal do Mercado de Trigo – 18/09/2015

TrigoAs cotações do trigo em Chicago voltaram a se recuperar um pouco mais durante a semana, fechando a quinta-feira (17) em US$ 4,81/bushel, tendo chegado mesmo a US$ 4,94 no dia 15/09. Uma semana antes o bushel registrou US$ 4,68. E isso apesar de o relatório do USDA, anunciado no dia 11/09, ter sido baixista. Todavia, o mercado esperava que os volumes indicados viessem ainda mais altos, fato que motivou o ajuste técnico para cima.

Efetivamente, o relatório manteve a safra dos EUA, para 2015/16, em 58,13 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais neste país subiram levemente, ficando agora em 23,8 milhões de toneladas. Com isso, o patamar de preços aos produtores estadunidenses, para o ano em questão, foi levemente reduzido, ficando entre US$ 4,65 e US$ 5,35/bushel. Em termos mundiais, o relatório indicou uma safra total de 731,6 milhões de toneladas (um aumento de 5,1 milhões de toneladas sobre agosto) e estoques finais de 226,6 milhões de toneladas, igualmente com crescimento de 5,1 milhões de toneladas. Ou seja, há muito trigo no mundo e isso deverá manter a pressão baixista sobre os preços internacionais.

Por sua vez, ainda nos EUA, a colheita do trigo de primavera alcançava 97% da área até o dia 13/09, contra 86% na média histórica. Já o trigo de inverno atingia 9% colhido, ficando dentro da média histórica. O clima tem sido positivo para o trigo estadunidense, fato que, associado ao dólar forte, segura os preços locais.

A tonelada de trigo para exportação, junto aos países vizinhos do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai), voltou a recuar durante a semana, ficando entre US$ 170,00 e US$ 230,00 FOB.

Aqui no Brasil o preço médio no balcão gaúcho voltou a subir um pouco, fechando a semana em R$ 30,81/saco (um ano atrás o balcão gaúcho pagava R$ 25,42/saco). Nos lotes, a semana fechou com a tonelada valendo R$ 600,00 ou R$ R$ 36,00/saco para o produto de qualidade superior. No Paraná, no entanto, os preços estão subindo para a nova safra. Houve fortes prejuízos com as chuvas dos últimos dias, fato que eleva a procura pelo produto de qualidade superior. Assim, o norte do Estado, onde a qualidade está boa, a tonelada passou a R$ 700,00-R$ 720,00, ou seja, R$ 42,00 a R$ 43,20/saco ao produtor. Já no oeste do Estado, onde a colheita chegou a 70%, sendo grande parte em produto inferior, os preços estão entre R$ 630,00 e R$ 640,00/tonelada, ou seja, entre R$ 37,80 e R$ 38,40/saco. No geral, o Paraná já havia colhido 28% de sua área até meados de setembro.

Vale ainda destacar que fortes geadas atingiram o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, provocando prejuízos ainda não oficialmente contabilizados. Segundo produtores consultados, tais prejuízos variam entre 20% a 70% dependendo do estágio e da localização das lavouras.

Esse conjunto de novidades aumentou a liquidez pelo trigo brasileiro da safra nova, pois as importações continuam muito caras devido ao câmbio. Os produtores paranaenses, por exemplo, sabendo do novo quadro de oferta, só estão vendendo o estritamente necessário, segurando o produto. É bom lembrar que apenas 5% da safra paranaense foi negociada antecipadamente. Por outro lado, mesmo diante deste novo movimento do mercado, os principais moinhos nacionais não estão demonstrando muito interesse de compra devido ao fato de ainda estarem abastecidos e, também, pela continuidade da dificuldade em vender a farinha. Essa realidade igualmente se reflete em menores importações nacionais de trigo.

Nesta semana, pela paridade de importação, o trigo argentino chegava ao Brasil 27,5% mais caro que o preço nacional, enquanto o produto dos EUA chegava 30% mais elevado. Em permanecendo este quadro cambial, e em se confirmando perdas de qualidade importantes no Paraná e no Rio Grande do Sul (além de volume), o produto de qualidade superior, no Brasil, tende a subir ainda mais de preço futuramente.

Fonte: CEEMA