Comentários referentes ao período entre 26/04/2013 a 02/05/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja oscilaram bastante durante a semana, terminando a mesma em leve elevação quando comparada ao final da semana anterior. O fechamento deste dia 02/05 ficou em US$ 14,41/bushel, contra US$ 14,23 uma semana antes e US$ 14,71 no dia 29/04. A média de abril ficou em US$ 14,09/bushel, contra US$ 14,54 em março passado.
No fundo, as notícias fundamentais que movem este mercado permanecem as mesmas das últimas semanas. O aperto na oferta de curto prazo nos EUA continua, com os meses mais próximos sendo muito valorizados. Isso se deve a lenta cadência de embarque nos portos sul-americanos, como já frisamos em diversas oportunidades. Porém, para os meses futuros, o recuo das cotações em Chicago é acentuado e se amplia, na expectativa de uma safra cheia nos EUA, associada a uma disponibilidade grande de soja na América do Sul, cuja produção final é agora estimada em 146,3 milhões de toneladas, contra 117 milhões no ano anterior. O conjunto da América do Sul espera exportar, neste ano 2012/13, um total de 57, 2 milhões de toneladas de grãos de soja. Nesse sentido, o fechamento de Chicago, para novembro/13, neste último dia 02/05 ficou em US$ 12,04/bushel, ampliando para US$ 2,37/bushel a diferença para menos na cotação futura em relação a atual. Aliás, o mês de julho, que passa a substituir maio daqui duas semanas como primeiro mês cotado, fechou o dia 02/05 em US$ 13,72/bushel, ou seja, com um valor menor em 69 centavos de dólar por bushel em relação a maio.
Por outro lado, continua o atraso no plantio do milho nos EUA, fato que mantém a ideia do mercado de que a área com soja naquele país possa ser ainda maior do que o já anunciado. Em isso ocorrendo, a pressão baixista sobre as cotações será ainda mais importante para os meses futuros.
Pelo sim ou pelo não, o clima nos EUA continua sendo o elemento central de orientação das cotações em Chicago.
Por sua vez, os registros de exportação estadunidenses, na semana encerrada em 18/04, ficaram em 422.200 toneladas, acumulando desde setembro/12 um total de 36,4 milhões de toneladas, contra 33,4 milhões um ano antes. Já os embarques, na semana encerrada em 25/04, chegaram a 248.200 toneladas, acumulando desde setembro um total de 33,9 milhões de toneladas, contra 29,6 milhões um ano antes.
Outrossim, continua pesando sobre o mercado a possibilidade da China comprar menos soja a partir de agora em função da gripe aviária que já teria matado 24 pessoas naquele país. Nesse contexto, o mercado já estima que a China realmente importará 59 milhões de toneladas em 2012/13, com recuo de dois milhões de toneladas em relação ao projetado. No ano anterior as importações de soja em grão, por parte do país asiático, ficaram em 57,1 milhões de toneladas.
Enquanto isto, na Argentina, as exportações de farelo de soja ficaram em 1,13 milhão de toneladas em fevereiro, contra 2,24 milhões em igual mês do ano passado. No acumulado de 2013 as exportações somaram 2,2 milhões de toneladas, contra 3,67 milhões no mesmo período do ano anterior.
Quanto a atual safra, até o dia 25/04 os argentinos tinham colhido 55% da área cultivada com soja, contra 57% no mesmo período do ano anterior, não havendo atraso significativo no processo.
Paralelamente, os prêmios nos portos brasileiros continuam muito negativos, exceção a Rio Grande, que voltou ao terreno positivo nesta semana. No porto gaúcho o prêmio girou entre zero e mais 10 centavos de dólar por bushel. Nos demais portos nacionais o prêmio ficou entre menos 80 e menos 68 centavos de dólar. Já na Argentina, o prêmio em Rosário ficou entre 20 e 40 centavos positivos e no Golfo do México (EUA) entre 75 e 92 centavos positivos.
Neste contexto, o mercado brasileiro, pressionado pela colheita que chega ao fim, e sem grandes mudanças cambiais (o Real permanece em R$ 2,00 por dólar), assistiu a um recuo médio nos preços da semana. O balcão gaúcho ficou em R$ 53,97/saco, e os lotes, na compra, terminaram a semana em R$ 57,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 47,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 55,50/saco no norte do Paraná, ambos para compra. Na BM&F/Bovespa, o contrato julho/13 dicou em US$ 30,65/saco, enquanto novembro/13 ficou em US$ 27,22/saco.
A colheita no Brasil, até o dia 26/04 atingia a 94% da área, faltando terminar a mesma o Rio Grande do Sul, que apresentava 76% colhido naquela data, Minas Gerais com 76%, Bahia com 82% e Santa Catarina com 85%. Nas demais principais regiões produtoras a colheita estaria encerrada. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, até o dia 26/04, a comercialização da atual safra atingia a 66% no Brasil, contra 63% na média histórica e 75% um ano antes. Nota-se que, em relação ao ano passado, os produtores estão vendendo menos antecipadamente, embora o número seja expressivo. Isso pode gerar frustrações futuras já que a tendência é de preços menores caso Chicago confirme os valores que vem praticando para o segundo semestre. O Rio Grande do Sul havia vendido 40% de sua safra, o Paraná 49%, o Mato Grosso 79%, o Mato Grosso do Sul 65%, Goiás 81%, São Paulo 55%, Minas Gerais 70%, Bahia 85%, Santa Catarina 44% e os demais Estados não citados 80%. No conjunto, todos muito próximos das médias históricas, exceção à Goiás que vendeu 10 pontos percentuais a mais do que sua média.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.