Nestes últimos 12 dias as cotações da soja em Chicago pouco evoluíram. O fechamento do dia 29/12 ficou em US$ 8,70/bushel, contra US$ 8,77 no dia 17/12. Lembramos que nos primeiros dias de janeiro do corrente ano o bushel de soja em Chicago esteve em US$ 10,52 para o primeiro mês cotado. Ou seja, o bushel perdeu 16,6% de seu valor no período.
Na prática, os motivos baixistas continuam sendo mais significativos sobre o mercado. Nesse sentido, as exportações líquidas estadunidenses de soja, no ano 2015/16, que vinham sustentando algum movimento altista, registraram volume de 887.800 toneladas na semana encerrada em 10/12. O mesmo foi 31% abaixo da média das quatro semanas anteriores. A China comprou 483.600 toneladas desse total.
Por outro lado, enquanto o Brasil enfrenta alguns problemas climáticos sobre suas lavouras, as chuvas retornaram em amplas regiões do Centro-Oeste aliviando o déficit hídrico que ali existia. A Conab projeta uma safra nacional ao redor de 102 milhões de toneladas, ou seja, um recorde histórico. Na Argentina, o plantio se aproxima do final, com 82% da área semeada até o Natal. A área deverá aumentar em 4,6%, chegando a 20,7 milhões de hectares e, se o clima permitir, a produção local poderá se aproximar das 61,4 milhões de toneladas colhidas no ano passado, contrariando as atuais projeções do USDA que indicam 57 milhões de toneladas.
Paralelamente, o fator positivo veio das compras chinesas, que somaram 7,39 milhões de toneladas em novembro, ou seja, 22,7% acima do registrado em novembro de 2014. Em outubro as compras haviam sido de 5,53 milhões de toneladas. No acumulado do ano a China chega a 72,6 milhões de toneladas de soja importadas, com um avanço de 15,4% sobre o mesmo período do ano anterior. O Brasil vendeu 2,14 milhões de toneladas aos chineses em novembro, somando 39,06 milhões no acumulado do ano, ou seja, um aumento de 22,7% sobre o ano anterior. O maior exportador para a China foi os EUA com 4,25 milhões de toneladas em novembro, acumulando 21,77 milhões no ano, o que representa um recuo de 2,15% sobre igual período do ano anterior. Já a Argentina exportou 735.446 toneladas de soja para a China em novembro, acumulando 8,57 milhões de toneladas no ano, ou seja, alta de 47,3% sobre o ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
É bom lembrar que as últimas medidas econômicas do novo governo argentino (redução da taxa de exportação de 35% para 30% e forte desvalorização do peso, ultrapassando os 50% desde o dia 10/12) devem deixar a soja do vizinho país mais competitiva, levando os argentinos a serem mais agressivos no mercado mundial a partir de 2016.
No Brasil, com a safra semeada e o clima um pouco melhor nas regiões carentes de chuva, o mercado acabou se acomodando neste final de ano. A preocupação maior tem sido o excesso de chuvas no sul do país devido o El Niño, fato que está provocando replantio e perdas em lavouras semeadas.
Nesse sentido, o ano está fechando com o balcão gaúcho valendo R$ 74,33/saco, na média, contra R$ 59,74/saco na mesma época do ano anterior. Isso representa um ganho nominal de 24,4% no período. Os lotes fecham o ano entre R$ 79,00 e R$ 80,00/saco, contra R$ 67,00 a R$ 67,50/saco um ano antes. Um ganho entre 17,9% a 18,5% no período. Nas demais praças nacionais os lotes fecham 2015 em R$ 63,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 76,00/saco no norte e centro do Paraná. Um ano antes estas mesmas regiões cotavam a soja respectivamente em R$ 56,50 e R$ 63,00/saco. Ou seja, o ganho nominal foi respectivo foi de 11,5% e 20,6%. É importante dizer que os aumentos da soja em reais se devem exclusivamente à forte desvalorização do Real em 2015, já que Chicago recuou como vimos acima. Assim, o câmbio no Brasil, após chegar próximo de R$ 4,20 por dólar no final de setembro passado, fecha o ano em R$ 3,87, contra R$ 2,69 no primeiro dia útil do ano. Ou seja, a desvalorização do Real no período foi de 43,9%. Dito de outra forma, se não houvesse a desvalorização do Real, com base em Chicago hoje, o saco de soja no sul do Brasil estaria valendo apenas R$ 46,80 no balcão, ou seja, R$ 27,53 a menos do que vale neste final de ano.
No geral, a questão do preço no Brasil está concentrada no câmbio. Se o Banco Central brasileiro conseguir segurar a moeda nos atuais níveis, a tendência é de preços menores na colheita caso a safra venha cheia. Na melhor das hipóteses preços nos atuais níveis. No entanto, se os fatores políticos e econômicos continuarem se deteriorando no país no início de 2016 a desvalorização poderá levar o Real a ultrapassar novamente a casa dos R$ 4,00, favorecendo a formação de preço ao produtor brasileiro da oleaginosa. O mercado indica um valor de R$ 4,20 para o final de 2016.
Enfim, em termos de preços futuros, o ano termina com os seguintes valores: R$ 75,00/saco no interior gaúcho para maio; R$ 81,00 CIF Rio Grande para maio igualmente; R$ 79,00 CIF em Paranaguá para março/abril; R$ 64,00 em Rondonópolis (MT) para março/abril; R$ 63,00 em Dourados (MS) e Rio Verde (GO) para fevereiro/março; R$ 64,00 em Brasília (DF) e Uberlândia (MG), para abril; R$ 70,00 em Barreiras (BA); R$ 69,00 em Balsas (MA); R$ 65,00 em Uruçuí (PI) e R$ 66,00/saco em Pedro Afonso (TO), todos para maio. (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA