As cotações do trigo em Chicago recuaram desde o final de dezembro passado. Após baterem em R$ 4,75/bushel no dia 29/12 (ver Boletim anterior), o cereal chegou a ser cotado a US$ 4,57 nesta segunda semana de fevereiro/16, fechando o dia 11/02 em US$ 4,58/bushel. A média de dezembro ficou em US$ 4,74 e a de janeiro em US$ 4,73/bushel.
O relatório de oferta e demanda do USDA, neste dia 09/02, além de confirmar a safra estadunidense em 55,8 milhões de toneladas, elevou os estoques finais naquele país para 2015/16, com os mesmos chegando agora a 26,3 milhões de toneladas. Em termos mundiais a produção ficou em 735,8 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais igualmente foram elevados, passando agora para 238,9 milhões de toneladas.
Outro fator que pesa para a fraqueza das cotações se encontra nas vendas líquidas estadunidenses. O cereal, na semana encerrada em 28/01, atingiu exportação de 66.200 toneladas apenas, ficando 74% abaixo da média das últimas quatro semanas.
Assim, em condições normais, o quadro em Chicago não deve se alterar muito nas próximas semanas.
No Mercosul, a tonelada FOB para exportação variou, nestes primeiros 10 dias de fevereiro, entre US$ 160,00 e US$ 200,00.
Já no mercado brasileiro, os preços estagnaram. A média gaúcha no balcão, que havia terminado o ano passado em R$ 33,28/saco, bateu em R$ 33,70 na segunda semana de fevereiro/16. Nos lotes, a semana registrou R$ 660,00/tonelada (R$ 39,60/saco) no Rio Grande do Sul, e R$ 760,00/tonelada (R$ 45,60/saco) no Paraná.
Nesse momento, com a revalorização do Real (R$ 3,90 a R$ 3,95 por dólar), após ter ultrapassado novamente os R$ 4,00 em janeiro, o preço do produto importado fica mais competitivo. Assim, o trigo do Paraná está apenas 2% mais baixo do que o preço do produto uruguaio posto em São Paulo. Já o trigo argentino está 12% mais caro e o trigo macio e duro dos EUA respectivamente 25,3% e 25% mais elevados. (cf. Safras & Mercado)
Com a falta de produto de qualidade disponível no mercado nacional, devido a forte frustração na última colheita, e diante de moinhos estocados, haverá dificuldade para altas no preço do trigo nacional caso o câmbio se mantenha nestes níveis. Nem mesmo a fraca performance dos preços em Chicago tem ajudado neste momento. Já no médio e longo prazo a tendência é de alta, principalmente porque pode haver forte redução de área semeada na safra de 2016.
Isso porque, diante dos elevados custos de produção, e de constantes frustrações climáticas e/ou de mercado, os produtores gaúchos se veem desestimulados ao plantio. No Paraná, os excelentes preços do milho tendem a elevar a área com a safrinha deste cereal, em detrimento do plantio de trigo. Enfim, a Argentina, com a recente retira do imposto de exportação sobre o trigo, deverá aumentar consideravelmente sua área semeada com o cereal, devendo oferecer bem mais produto na exportação na próxima temporada, caso o clima permita. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA
Gráfico do Trigo na CBOT