As cotações da soja em Chicago tiveram uma semana de recuperação, apoiadas na especulação de que o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este dia 09/10, poderá reduzir a produção e os estoques finais nos EUA para 2015/16. Na quinta-feira (08) houve tomada de lucros e as mesmas recuaram. O referido relatório será comentado com detalhes na próxima semana, pois não havia sido divulgado quando encerramos o atual boletim.
Assim, o fechamento do dia 08/10 ficou em US$ 8,81/bushel, contra US$ 8,77 uma semana antes, para o primeiro mês cotado. O mês de maio/16 fechou o dia em US$ 8,94/bushel.
O mercado flertou, durante toda a semana, com a possibilidade de romper o teto dos US$ 9,00/bushel, após um bom tempo abaixo desse patamar. O que segurou as cotações de forma mais incisiva foi o bom desenvolvimento da colheita nos EUA.
A consultoria privada Informa Economics projetou uma safra estadunidense de 105,5 milhões de toneladas para 2015/16. Esse número é um pouco abaixo dos 106,8 milhões apontados em sua projeção de setembro. Já a FC Stone prevê um movimento contrário, com um volume atual de 106,6 milhões de toneladas, contra 103,3 milhões no mês anterior. No ano anterior, a safra estadunidense ficou em 106,9 milhões de toneladas (volume ajustado). Para os estoques finais nos EUA, em 2015/16, o mercado espera que o relatório do dia 09/10 aponte um volume de 10,8 milhões de toneladas, contra 12,2 milhões em setembro. Lembramos que em 2014/15 os mesmos ficaram em apenas 5,2 milhões de toneladas.
Por outro lado, as inspeções de exportações de soja dos EUA, na semana encerrada em 1º de outubro, chegaram a 1,12 milhão de toneladas. No acumulado do ano comercial 2015/16, iniciado em 1º de setembro, o volume alcança 2,56 milhões de toneladas, contra 2,50 milhões um ano antes no mesmo período.
A área colhida com soja nos EUA, até o dia 04/10, chegou a 42% do total, ficando acima da média histórica para o período, que é de 32%. O USDA melhorou as condições das lavouras a serem ainda colhidas, passando as mesmas para 64% entre boas a excelentes, 25% regulares em 11% entre ruins a muito ruins. Na semana anterior, 63% estavam entre boas a excelentes.
O mercado estaria esperando, agora, uma área total colhida com soja nos EUA em 33,55 milhões de hectares, contra 33,79 milhões em setembro. Com isso, a produtividade média recuaria para 3.153 quilos/hectare.
Sobre a oferta mundial, o mercado espera estoques finais em 84,6 milhões de toneladas para o corrente ano comercial, contra 85 milhões indicados em setembro e 78,3 milhões de toneladas em 2014/15 (número que o mercado espera que o USDA informe tais estoques).
Pelo lado da demanda, a China aponta que deverá importar, em 2015/16, um total de 78 milhões de toneladas de soja. Em isso se confirmando, será 2 milhões de toneladas acima do importado em 2014/15, encerrado neste último dia 30/09. A produção local de soja recuará para 11 milhões de toneladas, contra 12 milhões no ano anterior.
Por sua vez, a safra Argentina deverá ficar em 57 milhões de toneladas em 2015/16, após 60,8 milhões neste último ano. Todavia, esse número nos parece conservador em função do aumento previsto na área semeada desta nova safra (700.000 hectares acima do registrado em 2014/15). Além disso, segundo Safras & Mercado, a produção total de soja na América do Sul, para este novo ano comercial, deverá chegar a 175,9 milhões de toneladas, com um crescimento de 3% sobre o ano anterior. Em se confirmando esse volume será um novo recorde histórico para a região. Nesse sentido, a safra brasileira está projetada em 100,5 milhões de toneladas, enquanto a Argentina ficaria em 60 milhões de toneladas (esse volume destoa do que o USDA está apontando para a safra do vizinho país). A safra do Paraguai somaria 8,8 milhões de toneladas (+5% sobre o ano anterior), enquanto a Bolívia atingirá a 3,1 milhões de toneladas (+ 17%) e o Uruguai chegaria a 3,5 milhões de toneladas, mantendo o volume de 2014/15.
No Brasil, os preços começaram a ceder na esteira de um recuo importante do dólar. Em 10 dias úteis, devido a intervenção do Banco Central brasileiro, o Real se valorizou 9,5%, chegando a R$ 3,79 neste dia 08/10. Isso confirma nossos alertas de que o espaço para recuos no preço da soja existe e dependeria apenas do câmbio.
O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 74,94/saco, enquanto os lotes recuaram para R$ 81,00 e R$ 81,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 69,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 79,00/saco no norte do Paraná. Em o Real se valorizando mais um pouco nas próximas semanas a tendência é destes preços caírem igualmente um pouco mais.
Nesse contexto, os preços futuros igualmente cederam um pouco, porém, ainda estão excelentes a julgar pela tendência de mais longo prazo, desde que as condições de safra brasileira venham a ser normais. No interior gaúcho, para maio, o saco de soja ficou em R$ 77,00 FOB, enquanto em Rio Grande (porto) o mesmo registrou R$ 82,00. Em Paranaguá (porto) o valor CIF para março/abril ficou em R$ 80,00/saco. Em Rondonópolis (MT) e Dourados (MS) o valor para fevereiro/abril ficou em R$ 69,00 e R$ 67,00/saco respectivamente. Em Rio Verde (GO) e Brasília (DF) o valor CIF para o mesmo período oscilou entre R$ 67,00 e R$ 68,00/saco. Em Uberlândia (MG), para a abril, o sado de soja atingiu a R$ 69,00/saco, enquanto na Bahia (Barreiras), Maranhão (Balsa), Piauí (Uruçuí) e Tocantins (Pedro Afonso) os valores respectivos ficaram em R$ 72,00; R$ 70,00; R$ 71,00 e R$ 69,00/saco respectivamente, todos para maio. (cf. Safras & Mercado)
Já na BM&F o contrato novembro fechou a semana em US$ 19,64/saco, enquanto janeiro chegou a US$ 19,73; março a US$ 19,81 e maio a R$ 19,91/saco.
Fonte: CEEMA