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Análise Semanal do Mercado de Soja – 12/02/2016

SojaNeste período em que estivemos de recesso, em função dos feriados de final de ano e das férias de verão, pouca coisa mudou no cenário internacional da soja. As cotações em Chicago, que haviam fechado o dia 29/12 (boletim anterior) em US$ 8,70/bushel, para o primeiro mês cotado, se mantiveram nesta linha nos cerca de 50 dias posteriores a esse. Tanto é verdade que a média de dezembro ficou em US$ 8,80/bushel, enquanto janeiro fechou com a média de US$ 8,79 (primeiro mês cotado). Já o fechamento deste dia 11/02 ficou ainda mais baixo, registrando US$ 8,73/bushel, após US$ 8,62 na véspera. Vale ainda salientar a péssima performance do farelo de soja, que recuou para níveis de US$ 261,00/tonelada curta no dia 10/02, enquanto o óleo se manteve bem mais firme, a 31,59 centavos de dólar por libra-peso no dia 11/02.

A principal novidade nesse período foi a redução da estimativa de safra passada nos EUA, com a mesma ficando agora, segundo o relatório do USDA de oferta e demanda (09/02/2016), em 106,95 milhões de toneladas. Mesmo assim, um recorde histórico já que o número definitivo da safra do ano anterior acabou ficando em 106,88 milhões de toneladas. Entretanto, os estoques finais de soja nos EUA foram elevados para 12,23 milhões de toneladas nesse relatório de fevereiro, contra 5,19 milhões registrados na safra anterior. Em termos mundiais, a safra total ficará em 320,5 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais seriam de 80,4 milhões de toneladas, após 77,1 milhões um ano antes.

A safra argentina foi aumentada, com estimativa agora em 58,5 milhões de toneladas, enquanto a brasileira foi mantida em 100 milhões de toneladas. Nesse contexto, a produção final da América do Sul caminha para um novo recorde, caso o clima ajude até o final, com um volume que deverá superar os 170 milhões de toneladas.

Nesse contexto, não há expectativa de mudanças no cenário das cotações em Chicago para as próximas semanas. Sobretudo porque a crise econômica internacional, que causa freada nas economias mundiais, inclusive emergentes como a China, voltou a recrudescer neste início de ano. Nesse sentido, o relatório do USDA manteve o patamar médio de preços, para 2015/16, entre US$ 8,05 a US$ 9,55/bushel, após média de US$ 10,10 em 2014/15 e US$ 13,00/bushel em 2013/14.

Outro fator baixista para Chicago continua sendo a má performance das exportações de soja por parte dos EUA. A última semana de janeiro passado registrou o pior resultado do atual ano comercial 2015/16, iniciado em 1º de setembro, enquanto para 2016/17 o volume ficou em apenas 65.700 toneladas

Pelo lado da demanda, a boa notícia vem da China, principal importador mundial de soja. Mesmo com a crise econômica vivida pelo país no momento, a projeção para o consumo da oleaginosa, até 2020, é de crescimento em 24%, com o volume atingindo a 115 milhões de toneladas anuais segundo a BMI Research. O aumento na produção de gado bovino seria o principal motivo de tal salto. Todavia, é bom destacar que entre 2011 e 2015 o crescimento no consumo de soja naquele país asiático foi de 46%. Ou seja, em termos de crescimento percentual, o consumo se reduziria pela metade nestes próximos cinco anos compreendidos entre 2016 e 2020. A gripe aviária e a crise econômica estariam na origem de uma redução no consumo de rações. Aliás, nos EUA, segundo maior consumidor mundial de soja, entre 2016 e 2020 igualmente deverão registrar um crescimento menor no consumo da oleaginosa. O mesmo será de apenas 7%, muito abaixo do registrado entre 2011 e 2015. (cf. Safras & Mercado)

No mercado brasileiro, a melhor novidade para os produtores foi a volta do câmbio ao redor de R$ 4,00 por dólar, fato que oferece maior valorização à soja, produto de exportação basicamente. Nesta segunda semana de fevereiro, entretanto, o câmbio oscilou entre R$ 3,90 e R$ 3,95. 

Mesmo assim os preços da oleaginosa pouco evoluíram. O ano de 2015 terminou com a média gaúcha no balcão valendo R$ 74,33/saco. Nesta segunda semana de fevereiro de 2016 a média ficou em R$ 73,48. Já na média semanal, os valores dos lotes no Rio Grande do Sul, que no final do ano superavam um pouco os R$ 80,00/saco, terminam esta segunda semana de fevereiro ao redor de R$ 78,00/saco. Pelo sim ou pelo não, o fato é que tais preços continuam excelentes e o câmbio mais uma vez está sustentando os preços da soja no Brasil. Para se ter uma ideia, caso o câmbio tivesse permanecido ao redor de R$ 2,25 (valor encontrado em julho de 2014), a soja estaria hoje, pelas cotações atuais em Chicago, ao redor de R$ 38,00/saco. Se o câmbio tivesse permanecido nos valores registrados há um ano (R$ 2,70), o saco de soja no balcão gaúcho valeria ao redor de R$ 45,00. É bom lembrar igualmente que os produtores brasileiros, em grande parte, fizeram a atual lavoura a um custo entre R$ 3,50 e R$ 4,00 por dólar. Nesse sentido, um Real abaixo de R$ 4,00 tende a tirar rentabilidade dos mesmos. Esse fato exige que a produtividade final das lavouras, um tanto comprometida em algumas regiões, como o Mato Grosso, precisa ser muito boa caso o câmbio mude de trajetória.

Prevendo isso, um grande número de produtores realizou vendas antecipadas, aproveitando os excelentes preços indicados a partir de setembro passado no mercado futuro. Assim, segundo Safras & Mercado, até o início deste mês de fevereiro, 51% da safra de soja projetada já estaria vendida no país, contra 38% na safra anterior. No Rio Grande do Sul esse percentual, na corrente safra, atinge a 38%.  

Em termos de preços futuros, o interior gaúcho terminou a segunda semana de fevereiro com R$ 73,50/saco FOB; o Centro-Oeste, para o período de março e abril, com valores entre R$ 63,00 e R$ 68,00/saco CIF; na região do Matopiba, para maio, os valores giram entre R$ 70,00 e R$ 71,00/saco CIF; em Uberlândia (MG), para março/abril temos valores ao redor de R$ 66,00/saco CIF. (Cf. Safras & Mercado).

Fonte: CEEMA

Gráfico da Soja na CBOTSoja